Piratas querem criar Internet paralela
Projeto propõe uma rede alternativa, que seria imune a censura e daria acesso a sites como Wikileaks e Pirate Bay
Bruno Garattoni e Thiago Perin
Em dezembro de 2010, no auge da perseguição ao Wikileaks, os EUA conseguiram tirá-lo do ar. O site acabou voltando, mas, motivado por esse episódio, um grupo de hackers e piratas quer tomar uma medida radical: criar uma rede alternativa, que seria imune às autoridades. O projeto é encabeçado pelo sueco Peter Sunde, que tem motivos para isso – é dono do site Pirate Bay, que vive na mira da polícia. Segundo ele, o problema é que os endereços da internet são gerenciados por uma entidade, a Icann (Internet Corporation for Assigned Names and Numbers), que foi criada pelo governo americano. Quando você digita o nome de um site no seu computador, ele consulta uma lista que é organizada pela Icann – e ali encontra o real endereço do site, que é um código numérico (como 64.233.163.104). “O governo dos EUA controla quem pode entrar nessa lista. E, por isso, controla a internet”, reclama Sunde. A ideia dos piratas é criar um sistema paralelo e descentralizado, que seria mantido por voluntários em vários países e serviria como porto seguro para sites polêmicos. Para acessá-los, você só precisaria instalar um pequeno software no seu computador.
O projeto já reúne mais de 200 programadores, voluntários e curiosos, mas ainda é visto com ceticismo por especialistas. Eles acham que o sistema não funcionará sem uma autoridade central – que seria necessária para evitar confusões, como ter dois sites usando o mesmo endereço. “Não fica claro como seria a distribuição dos nomes”, diz Frederico Neves, do Nic.br – entidade ligada à organização técnica da internet no Brasil.