Goldfrapp – Black Cherry (Mute) Importado
Depois de estrear com um disco perfeito (“Felt Mountain”, de 2000), a expectativa era grande em torno do segundo álbum do Goldfrapp. E a dupla Will Gregory e Alison Goldfrapp não desapontou nem um pouquinho em “Black Cherry”. Do primeiro trabalho pra cá, Gregory e Alison ganharam personalidade. “Black Cherry” mantém o clima dramático do disco anterior, mas não se acanha na hora de cair em momentos sensuais, meio baixaria, como “Twist” (“Enfie a sua carinha de anjo no meio das minhas pernas”). Ponto para Alison, que investe cada vez mais na persona de cantora geniosa e maluquete. O single “Train”, com refrão pegajoso e à Olivia Newton John, já ganhou uma porção de remixes e está no case de tudo quanto é DJ descolado. É coisa fina.
Claudia Assef
Kaleidoscópio – Tem que Valer (Som Livre/Mega Music) Nacional
Se você não andou totalmente fora do mundo nos últimos meses, com certeza escutou Janaína Lima cantando que rolou na areia e ficou “louca, muito loucaaaa”. “Tem que Valer” é o carro-chefe do álbum que recolocou o produtor Ramilson Maia em destaque no mundo drumnbass. Investindo fundo na bossanbass com um quê de pop, o grupo vai além dos chavões – mas não muito. Há versos surreais, como “Você é a dona do caroço da azeitona da empada que comeu”. Em compensação, o talento pop de Ramilson brilha em “Madalena”, de Ivan Lins.
Gaía Passarelli
Fat Truckers – For Sale (Roadtrain) Importado
Não é mais uma banda electroclash, mas é do tipo ame-ou-odeie.Ouvindo “Anorexic Robot” e a ótima “Superbike”, os primeiros singles da banda, dá para entender. Os versos bobinhos grudam na cabeça, os teclados são simplórios e a sonoridade electrobeat/anos 80 não apresenta nada de novo. Ainda assim, “For Sale” é um disco bacana. Os destaques são “I Love Computers” e “Fix It”, a mais rocknroll do disco. Há algumas faixas arrastadas, como “Lock & Load”. Mas, se você souber moderar as expectativas, dá para ir com fé.
Gaía Passarelli
Soft Cell – Cruelty Without Beauty (Sum) Nacional
Que a dupla inglesa Marc Almond e Dave Ball está entre os casamentos mais bem-sucedidos do pop eletrônico ninguém duvida. O disco “Non-Stop Ecstatic Dancing”, de 82, é básico para qualquer um que queira entender as raízes do electro. A volta do duo, porém, deixou muito fã de cabelo em pé: seriam eles capazes de resgatar o frescor da parceria 18 anos depois? Pelo que se ouve em “Cruelty without Beauty” a química entre os dois vai muito bem, sim. A veia pop continua com tudo em cima. Tudo bem que o CD foi lançado no ano passado e só agora chega ao Brasil. Mas antes tarde do que nunca, é ou não é?
Claudia Assef
Electric Six – Fire (Sum) Nacional
Duas ondas se chocam: o rock recauchutado de bandas como Strokes e White Stripes e o novo electro na linha da gravadora International Deejay Gigolo. Forçando a barra da fusão, surge este disco. E… que troço sem graça. O “hino” “Nuclear War”parece Hives remixado pelo Memê. Procure ouvir Atari Teenage Riot de 97. É muito melhor.
Alexandre Matias