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Por que a Bíblia é tão importante?

Um livro de milênios, que até hoje influencia a vida de milhões

Por Alexandre de Santi (edição: Bruno Garattoni)
Atualizado em 22 out 2020, 20h19 - Publicado em 24 nov 2015, 13h30

Livro – Bíblia
Autor – Vários
Ano – A partir de 1000 a.c.
Por que ler? – Compila séculos de histórias da Antiguidade sobre a origem do mundo e do homem.

No princípio, havia uma maçaroca de teorias sobre a criação do céu e da terra. o egito e a mesopotâmia, onde hoje fica o iraque, eram ocupados por diferentes tribos, cada uma com seus deuses. Quase todo o conhecimento acumulado até então ficava guardado na cabeça de políticos, religiosos e sábios que não tinham pudor de colocar uma coisinha aqui ou ali na história, conforme a necessidade. Ser o detentor das verdades divinas era uma formade exercer poder.

Até que, por volta do ano 1000 a.C., os hebreus colocaram parte dessas histórias no papel – ou no pergaminho, no caso. Não era, ainda, a Bíblia como a conhecemos hoje. Era um esboço. As primeiras histórias falavam da origem do Universo. Muitas de suas passagens, porém, já eram velhas conhecidas dos mesopotâmicos. O mito de que Deus teria criado tudo sozinho, por exemplo, já estava presente também no Enuma Elish, um poema épico gravado pelos babilônios em cerca de 1600 a.C. em tabletes que narravam como o deus Marduque teria criado o Universo em seis partes, começando pela luz e terminando com a humanidade. No Gênesis, o livro deabertura da Bíblia, os hebreus contam praticamente a mesma história. O Deus bíblico teria criado o mundo em seis dias, e não em partes, e tudo também teria iniciado com a luz – quem nunca ouviu a frase “Faça-se a luz?” – e terminado com o nascimento dos homens.

E foi assim, aos poucos, com muitas cópias, adaptações, inversões e adulterações que nasceram as primeiras linhas da Bíblia. Criação do mundo, serpente no paraíso, o dilúvio e a Arca de Noé… Lendas antigas em alguns casos, mas, na versão dos hebreus, tudo foi atribuído a um único Deus superpoderoso – ao contrário da tradição mesopotâmica, cujas lendas colocavam os grandes feitos do Universo na conta de vários deuses. Uma mudança fundamental na narrativa: ao atribuir um só responsável para tudo, a origem do mundo ganhou coerência. Se uma tempestade arrasava a colheita, podia ser explicada pela vontade Dele. Assim como qualquer outra coisa. Mas há quem diga que até mesmo essa ideia foi copiada dos persas, que já eram monoteístas. Essa inspiração pode ter surgido no século 5 a.C., quando os hebreus, derrotados pelos babilônios e expulsos de Jerusalém, foram buscar abrigo justamente nas terras habitadas pelos persas.

A Bíblia não é exatamente um livro, mas sim uma compilação de livros (73 para católicos e 66 para protestantes, uma disputa que dura quatro séculos) – a palavra bíblia vem de uma expressão grega que significa “os livros sagrados”. Os primeiros cinco tomos, Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio (chamados também de Pentateuco), formam a Torá, as escrituras do judaísmo. Além de contar como o mundo começou e dizer como fiéis devem se comportar, os livros também descrevem a trajetória deAbraão, o homem que demonstrou fé inabalável em Deus e teve dois filhos fundamentais para a disseminação do monoteísmo: Issac, fundador do povo hebreu, e Ismael, que deu origem aos árabes. Por causa de Abraão (cuja existência nunca foi comprovada por historiadores), a Bíblia narra a origem das três religiões monoteístas que até hoje cativam a espiritualidade demetade da população mundial: judaísmo, cristianismo e islamismo. Junto com outros livros, o Pentateuco forma o Antigo Testamento, que narra desde a história da criação do Universo até o retorno dos judeus a Jerusalém após o exílio babilônico, perto do ano 538 a.C.

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Foram necessários muitos autores para reunir tudo isso. Os fiéis católicos atribuem a autoria a personagens ilustres, como Moisés, o rei Davi e o apóstolo Paulo. Estudiosos céticos sustentam que a Bíblia é fruto do maior esforço de crowdsourcing da história. Nos primeiros 1,5 mil anos, os exemplares eram produzidos à mão por religiosos abnegados. Um deles foi Esdras, que liderou um grupo de sacerdotes que editou a primeira versão do Pentateuco. Em comum, cada capítulo fica no limite entre a história e a fantasia, o que dá margem para variadas interpretações. Por volta de 200 a.C., os hebreus concluíram a primeira seleção dos livros sagrados. Vem daí a primeira tradução do Antigo Testamento feita por encomenda do rei Ptolomeu, a cargo de 72 sábios judeus.

Dois séculos mais tarde, surgiu um novo profeta. Jesus Cristo percorreu o Oriente Médio pregando a igualdade entre os homens e o amor ao próximo com uma abordagem cheia de humildade – conceitos revolucionários até hoje. Depois de sua crucificação, outra equipe se encarregou de escrever tudinho sobre Jesus: o nascimento, a vida, os milagres, a morte e a ressurreição. Ninguém sabe direito quem foram os autores dos livros que contam as andanças do profeta, e a coleção ficou conhecida como Novo Testamento. Apesar dos livros levarem os nomes dos apóstolos, acredita-se que o registro foi feito por outras pessoas a partir de 42 d.C. No século 5 d.C., o teólogo Eusebius Hyeronimus, que viria a ser conhecido como São Jerônimo, viajou a Jerusalém a fim de aprender hebraico e produzir a primeira tradução da Bíblia para o latim – o idioma oficial do Império Romano, àquela altura já simpático às ideias cristãs. O trabalho levou 17 anos, mas ninguém sabe se as traduções foram fiéis ao original.

Depois de São Jerônimo, as cópias dos livros passaram a ser produzidas no isolamento dos mosteiros – a Igreja alegava que a população não teria condições de compreender os escritos. A Bíblia só começou a se tornar um fenômeno pop a partir de 1522, quando o pastor Martinho Lutero a traduziu para o alemão, mais acessível aos europeus, e produziu cópias em série usando um invento recente na época: a imprensa. Cansado do elitismo, Lutero achava que todos deveriam ter acesso às palavras divinas. Hoje, o total de cópias é de quase 6 bilhões segundo o Guinness, o livro dos recordes.

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