Série de cartazes celebra grandes mulheres das ciências
Grandes feitos de 32 cientistas são homenageados no projeto Beyond Curie
Marie Curie. Este é provavelmente o primeiro nome que vem à mente quando falamos de grandes mulheres cientistas. E, se bobear, é também o único. Apesar de serem pouco lembradas e terem menos espaço nos livros de história, há um número enorme de cientistas notáveis além da fantástica pioneira da radioatividade – que foi a primeira mulher a ser laureada com o Prêmio Nobel, primeira pessoa a receber a medalha duas vezes e única pessoa até hoje premiada em duas áreas distintas – que desenvolveram trabalhos fundamentais para a ciência que conhecemos hoje. Para lançar luz sobre essas profissionais responsáveis por grandes avanços na matemática, nas ciências e na engenharia, a neurocientista e designer Amanda Phingbodhipakkiya criou Beyond Curie (“Além de Curie”, em tradução livre), série de cartazes que destacam grandes mulheres cientistas de todo o mundo.
“Há uma história tão rica de mulheres que arrasam na ciência, mas muito poucas pessoas sabem sobre elas. Pesquisando sobre suas histórias, ficou claro que estamos sobre os ombros de gigantes”, afirmou Amanda em entrevista ao Co.Design. “Algumas delas foram desencorajadas a buscar educação sob o pretexto de que isso iria prejudicá-las como esposas e mães. Mas elas persistiram. Suas histórias são inspiradoras e o mundo deve saber seus nomes”, diz a também cientista.
No final de janeiro, Phingbodhipakkiya lançou uma campanha de financiamento coletivo no Kickstarter com o objetivo de arrecadar mil dólares para a produção de 32 cartazes que celebram os feitos de 16 vencedoras do Nobel nas áreas da física, química e medicina/fisiologia, e de outras 16 cientistas responsáveis por trabalhos extraordinários nesses campos. Com mais de 20 dias de prazo para arrecadação, que se encerra no dia 14 de março, o projeto já angariou um total de 10 mil dólares. Todos os recursos que ultrapassarem a meta original serão doados para a Association for Women in Science, organização multidisciplinar dedicada a alcançar a paridade de gênero e a participação plena de mulheres em todas as disciplinas e em todas as áreas das ciências.
“Espero que muitos olhares se voltem para este projeto para que mais pessoas possam aprender sobre todas essas mulheres incríveis e possamos parar de pensar que a imagem de um cientista é um cara com cabelo louco”, afirma.
Abaixo é possível conhecer algumas das mulheres homenageadas pela série e seus feitos nas ciências:
Maryam Mirzakhani
Maryam Mirzakhani fez história em 13 de agosto de 2014, quando se tornou a primeira mulher e a primeira iraniana a receber a medalha Fields, o prêmio mais importante da matemática. Sua pesquisa está ligada à temas que até no nome são prá lá de complexas – teoria de Teichmüller, geometria hiperbólica, teoria ergódica e geometria simplética.
Françoise Barré-Sinoussi
Françoise Barré-Sinoussi é uma virologista francesa, diretora da Divisão de Regulação de Infecções Retrovirais do Institut Pasteur, localizado em Paris. Françoise descobriu o vírus da imunodeficiência humana (HIV) em 1983. Ela ganhou o Prêmio Nobel em 2008 em Fisiologia/Medicina por sua descoberta.
Katherine Johnson
Com talento excepcional para os números desde a infância, Katherine Johnson foi responsável pelos cálculos que permitiram que o astronauta John Glenn se tornasse o primeiro norte-americano a orbitar a Terra. Ela também garantiu que o homem pisasse na Lua – ela fez os cálculos da trajetória da Apolo 11. A sua história e a das outras mulheres negras que atuavam como “computadores humanos” na Nasa foi recentemente contada no filme Estrelas além do tempo, indicado ao Oscar.
Lisa Meitner
“Mãe da bomba atômica”, a cientista austríaca descobriu a fissão nuclear em 1939 – mas quem ficou com a glória (e o Prêmio Nobel) foi Otto Hahn, por sua descoberta tardia em 1944.
Chien-Shiung Wu
Rainha da Pesquisa Nuclear, Chien-Shiung Wu fez grandes contribuições para a física nuclear, trabalhou no Projeto Manhattan (onde ajudou a criar o processo de separação do urânio em urânio-235 e urânio-238 por difusão gasosa) e conduzir o experimento que contradizia o hipotético princípio de conservação de paridade – uma descoberta que rendeu apenas aos seus colegas, Tsung-Dao Lee e Chen-Ning Yang, o Prêmio Nobel em 1957.
Os cartazes e imagens do processo de criação das peças gráficas podem ser acompanhados no site beyondcurie.com.