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Agências Secretas

Nas páginas a seguir, um dossiê com a história, as grandes operações, as trapalhadas e os espiões famosos das principais e mais misteriosas agências secretas do planeta

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h24 - Publicado em 11 mar 2011, 22h00

EUA
CIA – Agência Central de Inteligência / Central Intelligence Agency

Ficha técnica
Fundaçã – 18 de setembro de 1947
Empregados – 20 000 (estimativa)
Orçamento – US$ 27 bilhões por ano

Diretor- Leon Panetta
A Agência Central de Inteligência foi criada em 1947 por homens que aprenderam a andar nas sombras durante a 2a Guerra Mundial. Eram ex-membros do OSS (Escritório de Serviços Estratégicos), responsável por ações encobertas, assassinatos de nazistas e sabotagem de pontes. No cenário da Guerra Fria, a CIA expandiu essas funções para servir de bastião americano na luta contra a expansão do comunismo. Com o fim da União Soviética, precisou reinventar-se. “Hoje seu foco é o terrorismo, o narcotráfico e o crime organizado”, diz o historiador americano Paul Todd, autor do livro Global Intelligence: The World´s Secret Services Today (“Inteligência Global: Os Serviços Secretos de Hoje”, inédito no Brasil).

Modo de ação
Durante a Guerra Fria, a CIA armou grupos paramilitares do Camboja à Nicarágua e apoiou a derrubada de presidentes do 3o Mundo, como o chileno Salvador Allende. Como poucos espiões americanos conseguiam penetrar na URSS, a agência tornou-se eficaz na interceptação de mensagens entre Moscou e a área de influência soviética. Até hoje, é o serviço secreto que mais monitora as comunicações do planeta. Os dados são processados no Diretório de Inteligência por uma enorme equipe de cientistas, intelectuais e nerds, conhecidos como “analistas”. Desde o 11 de setembro, os agentes do Diretório de Operações (DO) concentram-se na busca de Bin Laden. Vale tudo nessa caçada, até mesmo aliciar mafiosos russos e refugiados afegãos. A CIA também contrata empresas privadas de segurança e mantém uma rede de prisões clandestinas para suspeitos de terrorismo. “Sua estrutura cresceu a ponto de tornar-se um monstro burocrático”, diz o ex-agente Ishmael Jones. “Isso a deixa muito lenta para prever e responder aos ataques. São tantos os chefes, que fica quase impossível fazer inteligência.”

Como mudou o mundo
De duas formas. A primeira foi ajudando a derrubar o comunismo. Não fossem suas ações encobertas na América Latina, por exemplo, provavelmente regimes da velha esquerda teriam triunfado. Por ironia, a CIA também contribuiu para a ascensão do terrorismo islâmico ao apoiar Bin Laden e seus guerrilheiros (mujahedin) contra a invasão soviética no Afeganistão. Depois de botar os russos para correr das terras afegãs, Bin Laden prometeu lançar a guerra santa contra os EUA e seus aliados. Dito e feito.

Principais operações
América Central: Em 1954, a CIA desconfiou que o presidente da Guatemala, Jacobo Arbenz, flertava com os soviéticos. Para desestabilizar seu governo, a agência contratou mercenários que fingiram ser guerrilheiros marxistas e usou uma estação de rádio para transmitir boletins sobre um ataque iminente. O Exército de Arbenz acovardou-se e o presidente fugiu. Seu posto foi assumido pelo oficial Carlos Castillo Armas, um fantoche da CIA.

Nas alturas: Com o U-2, o mais famoso avião espião da história, a CIA observou a URSS enviando mísseis nucleares a Cuba, em 1962, o que ajudou o presidente Kennedy a evitar uma crise de maiores proporções. Como voava a 20 mil metros de altura, a aeronave (quase sempre) escapava dos radares. Só foi flagrada uma vez pelo inimigo – em 1960, quando os russos a descobriram e prenderam o piloto Francis Gary Powers. Mas o U-2 segue vivo: ainda hoje faz 70 missões por mês no Iraque e no Afeganistão.

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Operação ciclone: Entre 1979 e 1989, a CIA distribuiu armas de dinheiro a guerrilheiros islâmicos que lutavam contra a invasão da URSS ao Afeganistão. Foi talvez a maior e mais longa operação de sua história. A agência usou o serviço secreto paquistanês (ISI) como intermediário para fornecer cerca de 1 000 foguetes portáteis Stinger aos combatentes. Os EUA conseguiram recomprar 300 foguetes desde então, mas vários caíram nas mãos do atual inimigo: os talibãs.

Grandes trapalhadas
Invasão frustrada: Em 1961, exilados cubanos treinados pela CIA invadiram a ilha de Fidel Castro para tirá-lo do poder. As brigadas desembarcaram na praia de Girón, na Baía dos Porcos, mas foram derrotadas em 72 horas. Embora não haja números exatos, estima-se que mais de 100 invasores morreram e quase 1 200 foram presos. Muitos acabaram no paredón, outros foram trocados por tratores e carregamentos de comida.

Miopia geral: A agência não previu a revolução iraniana liderada pelo aiatolá Khomeini, em 1979, que derrubou o xá (pró-Ocidente) Reza Pahlevi e transformou o Irã num polo de extremismo religioso. Também foi pega de surpresa com a implosão da URSS, a invasão iraquiana ao Kuwait, os atentados da Al-Qaeda contra as embaixadas americanas no Quênia e na Tanzânia, o ataque ao navio USS Cole no Iêmen e, claro, o 11 de setembro.

Agentes famosos
James Jesus Angleton: Chefe de contrainteligência entre 1951 e 1973, foi o mais temido caçador de espiões soviéticos. “Angleton sabia farejá-los melhor do que ninguém. Descobria qual colega, secretária, amigo ou informante havia sido tocado pela KGB”, diz o ex-agente americano Tom Braden. Mas Angleton falhou em detectar que o espião inglês Kim Philby, um aliado insuspeito, trabalhava para os russos. Quando soube disso, ficou tão furioso que perseguiu vários colegas injustamente.

Aldrich Ames: Protagonizou o maior caso de traição do serviço secreto americano. Por cerca de 3 milhões de dólares, Ames passou à KGB o nome de 36 espiões russos, alemães e poloneses que trabalhavam para a CIA dentro do bloco soviético. Com o fim da URSS, continuou vendendo informação para os russos. Apesar de ostentar bens incompatíveis com seu salário, entre eles um automóvel Jaguar, ele só foi descoberto em 1994 e cumpre prisão perpétua nos EUA.

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Valerie Plame: a mais famosa agente da CIA, teve a identidade revelada pelo próprio governo americano em 2003. Foi uma vingança contra o marido de Valerie, o embaixador Joseph Wilson. Meses antes, Wilson havia denunciado que um dos motivos alegados por George W. Bush para invadir o Iraque – a compra de urânio do Níger por Saddam Hussein – era baseado em dados falsos. O escândalo jogou uma pá de cal na carreira da bela espiã de 40 anos, chamada pelo maridão de Jane Bond.

O maior mistério
Em 1962, um espião da KGB contatou o escritório da CIA, em Genebra, e ofereceu seus serviços em troca de 250 dólares, o suficiente para pagar uma pequena dívida na época. Seu nome: Yuri Nosenko. “Sei que o que estou fazendo é perigoso. Mas preciso de dinheiro agora. Estive em bares demais, com garotas demais, bebendo uísque demais”, disse ele ao agente da CIA Tennet H. Bagley, que conta essa história no livro Spy Wars (“Guerras de Espiões”, inédito no Brasil). A CIA recrutou-o, mas, dois anos depois, Nosenko disse que tinha de pular fora, pois os russos o haviam descoberto. Até hoje ninguém sabe se ele era um agente duplo, ainda a serviço dos soviéticos, ou de fato um colaborador.

 

 

 

Israel
Mossad – Instituto de Inteligência e Operações Especiais / Ha-Mossad Le Modiin Ule-Tafkidim Meyuhadim

Ficha técnica
Criação- 13 de dezembro de 1949
Empregados – (confidencial)
Orçamento – US$ 350 milhões (estimados)

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Diretor- Meir Dagan
O Mossad foi criado em 1949, mas sua estrutura vinha sendo formada desde os anos 30, quando a Palestina ainda era uma colônia britânica. Naquela época, os judeus travaram os primeiros confrontos com os árabes e viram que precisavam ter uma rede de informação para ter êxito. Criaram então uma célula de inteligência na organização paramilitar judaica Haganá, que treinava agentes judeus e aliciava informantes árabes. Hoje, o Mossad tem a reputação de mais eficiente dos serviços secretos. Seus agentes trabalham junto com a Aman, responsável pela inteligência militar, e o Shin Bet (ou Shabak), a cargo da segurança interna de Israel.

Modo de ação
Trata-se de um serviço secreto à moda antiga. O Mossad infiltra agentes em território inimigo, controla informantes e realiza operações ousadas do mesmo jeito que fazia nos anos 70, quando ficou famoso por resgatar reféns em aviões e instalar explosivos no telefone de terroristas. Como Israel ainda mantém uma disputa de vida ou morte com alguns vizinhos, o foco principal ainda são países árabes e os radicais islâmicos. Seus objetivos são coleta de informação, contraterrorismo, prevenção de ataques e punição dos agressores. O israelense Aaron J. Klein, especialista em inteligência e autor do livro Contra-Ataque, diz que o Mossad conta hoje com “alguns milhares” de integrantes, que atuam em 5 divisões principais:

Caesarea: faz operações encobertas. O Kidon, sua unidade de elite, elimina terroristas com veneno, bombas, estrangulamento e outros métodos refinados.

Tzomet: realiza coleta de dados, especialmente sobre o Hamas e o governo do Irã. Também planeja e organiza missões.

Diplomática: mantém relações com serviços secretos de outros países, até mesmo com aqueles que não mantêm laços diplomáticos formais com Israel.

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Técnica: cuida da logística das operações, o que inclui falsificação de passaportes e rotas de fuga.

Tecnológica: é a divisão que mais cresce. Desenvolve softwares e engenhocas de segurança e invasão de redes.

Como mudou o mundo
As informações obtidas pelo Mossad (um pouco antes de sua criação formal) foram vitais para a guerra de 1949, quando Israel repeliu a invasão de 5 países vizinhos e declarou sua independência da Inglaterra. O serviço secreto também inaugurou a noção de “assassinato seletivo” de terroristas, com objetivo de prevenção, dissuasão e vingança. “Matar um líder terrorista pode prevenir um próximo atentado e causar sérios danos à organização. Com a dissuasão, a ideia é persuadir os candidatos a terrorista a seguir outro caminho. Sem dúvida, alguns o fazem”, diz Klein. Já a vingança é assunto ainda mais controverso.

Principais operações
Eichmann: Para os empregados da Mercedes-Benz argentina, Ricardo Klement era um colega boa-praça. Poucos sabiam que seu verdadeiro nome era Adolf Eichmann, o mentor da “Solução Final”, o extermínio dos judeus nos últimos anos da 2a Guerra Mundial. Com o fim do conflito, o nazista tinha escapado para Buenos Aires. Em 11 de maio de 1960, ele caminhava tranquilamente para sua casa, na rua Garibaldi, quando 4 homens do Mossad o sequestraram. Horas depois, já foi apresentado em Israel, onde foi julgado e condenado à morte pela forca.

MiG-21: Nos anos 60, o Iraque era o arqui-inimigo de Israel. Sua frota contava com o moderno caça soviético MiG-21, muito superior ao francês Mirage usado pelos israelenses. O Mossad convenceu o piloto iraquiano Munir Redfa, da minoria cristã maronita, a voar com um MiG-21 até Israel. “Com o avião nas mãos, os israelenses estudaram sua performance e garantiram a vitória contra os vizinhos árabes na guerra de 1967”, diz o pesquisador Matt Webster no livro Inside Israel’s Mossad (“Por dentro do Mossad”, inédito no Brasil). Redfa levou toda a família para Israel, com garantia de proteção e emprego até o fim da vida.

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Entebe: Em 1976, terroristas palestinos sequestraram um avião da Air France e o levaram para o aeroporto de Entebe, em Uganda, onde o ditador Idi Amin lhes dava proteção. Fizeram reféns os 105 passageiros judeus (os demais foram liberados) e exigiram que Israel libertasse 53 terroristas. Com informações do Mossad e de uma construtora israelense que havia projetado o aeroporto, Israel enviou 3 aviões Hércules numa missão de resgate que incluía 200 soldados, jipes e até um Mercedes preto como o de Idi Amin. Em 58 minutos, os soldados renderam os terroristas e liberaram os reféns. O único oficial morto foi Yoni, irmão do atual primeiro-ministro de Israel, Bibi Netanyahu. (Veja mais operações na página 32).

Grandes trapalhadas
Ops, engano! Em julho de 1973, dois jovens conversavam na borda de uma piscina pública da cidade norueguesa de Lillehammer. Perto deles, nadava a agente Marianne Gladnikoff. O Mossad achava que um dos homens era o palestino Ali Hassan Salameh, líder do Setembro Negro, o grupo que matou 11 atletas israelenses nas Olimpíadas de Munique em 1972. À noite, o homem recebeu nada menos que 10 disparos à queima-roupa. Foi um erro trágico: a vítima era, na verdade, Achmed Bouchini, um pacato e inocente jovem marroquino.

Vovó esperta: Em fevereiro de 1998, 5 agentes do Mossad entraram de madrugada num apartamento em Berna, na Suíça, para instalar aparelhos de escuta. Suspeitavam que o dono da casa apoiava o grupo libanês Hezbolá. A operação daria certo não fosse uma velhinha insone, que percebeu a presença dos agentes e chamou a polícia. Os intrusos foram presos e só saíram da cadeia depois que Israel pagou uma boa fiança e prometeu que atos assim não se repetiriam.

Agentes famosos
Cindy: Em 1986, essa bela agente seduziu em Londres o técnico nuclear israelense Mordechai Vanunu e viajou com ele para Roma, prometendo um programa romântico. Mas Vanunu ficou só na fantasia: ao chegar à Itália, ele foi sedado por agentes do Mossad e levado a Israel. Lá, pegou 18 anos de prisão por revelar segredos do programa nuclear israelense ao jornal Sunday Times. A ex-agente, cujo nome é Cheryl Ben Tov, hoje trabalha numa imobiliária na Flórida.

Baruch Cohen: Nos anos 70, grupos radicais islâmicos recrutavam jovens palestinos que estudavam na Europa. Baruch pescava nas mesmas águas, mas na corrente contrária. Dizendo que trabalhava para a Espanha ou o Egito, só precisava de um breve papo para sacar as necessidades dos garotos (diploma, sexo ou saudade de casa) e conquistar a confiança deles. Depois, convencia os rapazes a revelar segredos dos árabes. Em 1973, um informante chamou-o para um encontro num bar. Era uma armadilha: Baruch foi baleado e morreu. Tinha 36 anos.

Eli Cohen: Nascido no Egito, entrou na Síria fingindo ser o comerciante Kamel Amin Thaabet. Inspirou tanta confiança entre os militares de Damasco que se tornou assessor do Ministério de Defesa da Síria. Eli revelou ao Mossad a localização de bases sírias nas colinas do Golã (conquistadas por Israel em 1967), entre outros segredos. Foi descoberto e enforcado em 1965.

 

 

 

Reino Unido
MI6 – Inteligência Militar, Seção 6 / Military Intelligence, Section 6

Ficha técnica
Criação – 1909
Empregados – 2 200 (somente espiões)
Orçamento – 2,3 bilhões de libras*

Diretor – John Sawers
Até 1909, a Inglaterra dependia da Divisão de Inteligência Naval (NID) para obter informações sobre outros países. Naquele ano, em meio a rumores de que a Alemanha atacaria o solo inglês, dois capitães da NID foram capturados tentando fotografar um porto alemão. “Para superar o fiasco, o governo viu que precisava de uma organização separada e mais moderna. Criou então o Serviço Secreto Britânico de Inteligência (SIS), cuja seção principal é a 6”, diz Shaun McCormack no livro Inside Britain´s MI6 (“Por dentro do MI6″, inédito no Brasil”).

Modo de açãoSabe o 007? Pois é: não tem nada a ver com os agentes de carne e osso do MI6. Pelo menos é o que garantiu o chefe de recrutamento da agência ao jornal Daily Telegraph. “Esse é um grande mito. Não temos permissão para matar nem carregamos pistolas Beretta”, disse o oficial. Mas ele admite que alguns detalhes do serviço secreto se assemelham à história de James Bond: o chefe é chamado pelos subordinados de “C” (tal como assinava seu primeiro diretor, Mansfield Cumming) e as engenhocas são inventadas por “Q” (chefe do laboratório de tecnologia).

Durante a Guerra Fria, o MI6 concentrou-se na ameaça soviética. Obteve segredos militares, plantou informação falsa e preparou linhas de combate. Foi talvez o serviço secreto que mais sofreu traições de agentes duplos. Hoje, cultiva a velha rivalidade com o MI5 (segurança interna) e prioriza o combate ao terrorismo e ao narcotráfico, além de fazer espionagem econômica. Também está em campanha para recrutar espiões — daí as entrevistas aos jornais. A ideia é tornar-se multiétnico, com negros e muçulmanos em suas filas. “Há lugares aonde homens brancos não podem ir”, afirmou o recrutador.

Como mudou o mundo
Com a ultrassecreta Estação X, na cidade inglesa de Bletchley. Ali, sob o comando do matemático Alan Turing, cientistas criaram, em 1939, a Turing Bombe, espécie de avô do computador atual. Anos depois, o caixotão eletromecânico era capaz de quebrar 3 mil mensagens cifradas pelas máquinas nazistas Enigma. Se os aliados não tivessem tanta informação sobre o Eixo, a 2a Guerra Mundial iria se estender por, no mínimo, 2 anos mais. O MI6 também virou uma página da literatura policial. Os escritores Graham Greene e John Le Carré foram seus agentes. Ian Fleming, criador do James Bond, era um oficial da Divisão de Inteligência Naval.

Principais operações
O MI6 obteve segredos vitais de um espião que conseguiu penetrar na mais alta esfera de comando nazista durante a 2a Guerra Mundial. O agente operava sob o codinome “Knopf”, como descobriu há poucos meses o historiador Paul Winter, da Universidade de Cambridge. Knopf informou aos britânicos a localização da “Toca do Lobo”, o quartel-general do Führer na Prússia Oriental (atual Polônia). Também os alertou sobre a obsessão de Hitler de ocupar Stalingrado. A desastrosa invasão alemã à cidade russa abriu caminho para a vitória dos Aliados.

Grandes trapalhadas
Espiã distraída: O MI6 admitiu recentemente que cancelou uma milionária operação de combate às drogas em 2006. Tudo porque uma agente perdeu o cartão de memória que continha os dados da missão. O badulaque ultrassecreto estava numa bolsa que ela esqueceu num ônibus da Inglaterra. Agentes e informantes envolvidos na operação tiveram de ser remanejados para proteger suas vidas.

Quem dá mais? Perder objetos já virou tradição no MI6. Em 2008, uma câmera digital de um agente secreto foi vendida por meros 17 euros no site de leilões eBay. A memória da Nikon tinha fotos e impressões digitais de suspeitos da Al- Qaeda, além de imagens de mísseis e dados sobre um prisioneiro de Guantánamo detido por agentes da CIA.

Vexame: Durante a 2a Guerra Mundial, agentes da Abwehr, o serviço secreto do Exército alemão, fingiram ser oficiais envolvidos num plano para derrubar Hitler. O MI6 caiu na arapuca: mandou dois agentes para uma reunião secreta com os falsos conspiradores na cidade holandesa de Venlo. Lá, foram pegos e obrigados a revelar aos alemães uma lista de agentes do MI6 que operavam na Europa. Um dos maiores vexames da espionagem.

Agentes famosos
Kim Philby: Nascido na Índia, ele começou a carreira nos anos 40 espionando para o MI6. Mas sua convicção comunista falou mais alto, e passou então a enviar informações aos soviéticos. Philby foi talvez o mais bem-sucedido agente duplo da história. Chegou a conquistar a confiança de James Angleton, o todo-poderoso caçador de espiões da CIA. Nos anos 60, já sob suspeita, ele fugiu para Moscou e viveu lá até a morte, em 1988.

Paul Dukes: Era craque em usar múltiplos disfarces, o que lhe valeu o apelido de “homem das 100 caras”. Falava russo sem sotaque e era um pianista virtuoso. Com tantos talentos, conquistou os manda-chuvas da Cheka (polícia secreta bolchevique) e do Partido Comunista soviético. Em 1920, foi homenageado pelo rei George 5º como “o maior de todos os soldados”. Voltou à ativa em 1939 para atuar na Tchecoslováquia ocupada pelos nazistas. Morreu em 1967.

O maior mistério
O MI6 esteve por trás da morte da Lady Di? Essa pergunta ainda mexe com a imaginação dos ingleses. Diana e seu namorado, o magnata egípcio Dodi al-Fayed, morreram em 1997 quando o Mercedes em que estavam colidiu, a alta velocidade, contra um pilar de um túnel de Paris. As fotos dos paparazzi, que seguiam o carro no momento do acidente, inspiraram todo tipo de teorias da conspiração. Uma delas dá conta de que o serviço secreto tramou a morte da princesa, seguindo instruções da própria Rainha.

 

 

 

 

URSS
KGB – Comitê de Segurança do Estado / Komitet Gosudarstvennoy Bezopasnosti

Ficha técnica
Criação – 13 de março de 1954
Término – 6 de novembro de 1991
Empregados – 500 000 (em 1978)
Orçamento – US$ 10 bilhões (em 1978)

A KGB não era apenas um serviço secreto. Era mais um aparato estatal gigantesco e centralizado, que abrangia tarefas de inteligência, contraespionagem, segurança interna e perseguição política. Criada em 1953 nos moldes autoritários da Cheka (polícia secreta bolchevique) e da NKVD (milícia repressora de Stálin), a KGB foi o principal símbolo do poderio soviético durante a Guerra Fria. Conseguiu manter de pé um país de 11 fusos horários e alastrou o comunismo em boa parte do mundo. Em 1991, dissolveu-se em várias polícias russas, como o FIS, serviço de inteligência, e o FSB, serviço de segurança (veja mais sobre o FSB a seguir).

Modo de ação
A KGB era imbatível ao aliciar informantes. Aproveitando o fascínio que o comunismo exercia em muitos americanos e europeus, ela os convencia a passar informação sobre a estratégia internacional de seus países. Conhecidos como “toupeiras” (moles, em inglês), esses agentes também plantavam dados falsos sobre a URSS nos serviços secretos que penetravam. A KGB armou guerrilhas marxistas na África, América Latina e Oriente Médio, enquanto perseguiu dissidentes políticos soviéticos – reais ou imaginários. Sua rede de dedos-duros tinha tentáculos em cada fábrica, clube ou repartição do país. E ainda possuía a Tropa de Fronteira, uma força independente do Exército, que detinha invasores, traficantes de armas ou qualquer livro de ideologia suspeita. A tropa chegou a ter 300 mil membros nos anos 70. “Entrei para a KGB aos 17 anos, depois de frequentar acampamentos doutrinários para crianças. Tinha um desejo fervente de combater os parasitas capitalistas”, recorda o ex-agente Oleg Kalugin (veja a entrevista completa com ele na pág. 20).

Como mudou o mundo
A KGB revelou aos cubanos o plano da CIA de invadir Cuba pela Baía dos Porcos. Não fosse isso, os americanos provavelmente seriam bem-sucedidos ao derrubar Fidel mais de 40 anos atrás. Com o fim da URSS, a KGB também forneceu mão de obra especializada para a máfia russa. “Milhares de ex-agentes se juntaram ao crime organizado, formando uma ampla rede com políticos e oligarcas do petróleo”, afirma James Finkenauer, professor da Escola de Justiça Criminal da Rutgers University, nos EUA.

Principais operações
Pacto seguro: A KGB liderou as polícias secretas do bloco soviético na arte de vasculhar a vida privada de seus cidadãos, a fim de evitar qualquer ato por liberdade durante a Guerra Fria. Depois que os tanques soviéticos reprimiram a Revolução Húngara de 1956 e a Primavera de Praga, em 1968, os chefes da KGB visitaram esses países para garantir que voltassem à “vida normal”. Bastava alguém ouvir música americana para ser considerado inimigo do regime.

Camarada Saddam: Nenhum serviço secreto seduziu tantos líderes árabes como a KGB. Um deles foi Saddam Hussein, que chegou ao poder no Iraque flertando com a Inglaterra. Como Saddam idolatrava o ditador soviético Joseph Stálin, a KGB logo o convenceu a liberar o acesso à Marinha soviética no porto de Umm Qasr, no Golfo Pérsico. Também recrutou um irmão do presidente sírio, Hafez al-Assad. A rede de informações ainda incluía Sami Sharaf, assessor do presidente egípcio Gamal Abdel Nasser, além do palestino Hani al-Hassan, braço direito de Yasser Arafat na Alemanha.

Grande trapalhada
Golpe amador: Em 18 de agosto de 1991, o presidente soviético Mikhail Gorbachev descansava em sua casa de verão no mar Negro quando soube que um grupo linha-dura da KGB exigia sua renúncia. Suas reformas políticas haviam irritado os setores ortodoxos da KGB. Entre os golpistas, estava até mesmo o chefe de sua guarda pessoal, Yuri Plekhanov. Mas a conspiração, mal-articulada, foi por água abaixo: diversos líderes da polícia secreta negaram fogo. Entre eles, estava o Grupo Alfa, um esquadrão de elite que recusou a ordem de invadir a sede do governo russo. O presidente russo, Boris Yeltsin, conseguiu assim organizar a resistência e conter o golpe de Estado.

Agentes famosos
George Blake: Nascido na Holanda e criado no Egito, era um agente britânico que virou a casaca e entregou 400 agentes ingleses à URSS. Graças a ele, a KGB soube de um túnel de 450 metros construído pela CIA e o MI6 para grampear linhas telefônicas usadas pelo Exército russo em Berlim Oriental, na chamada “Operação Gold”. Em 1961, os ingleses condenaram Blake a 42 anos de prisão. Mas ele fugiu 5 anos depois e foi para a Rússia, onde vive como herói.

Robert Hanssen: Todos o conheciam no FBI como um sujeito que trabalhava duro. Só não sabiam que trabalhava duro para a KGB. Durante pelo menos 20 anos, Hanssen passou segredos para os soviéticos. O serviço rendeu-lhe 1,4 milhão de dólares em dinheiro e diamantes, mas ele não pode desfrutar dessa fortuna. Hanssen cumpre prisão perpétua num presídio americano.

Elizabeth Bentley: Esta agente, que bebia muito e apanhava do namorado, foi uma das principais espiãs da KGB infiltradas nos EUA durante a 2a Guerra. Em 1945, ela desistiu dos soviéticos e passou a ser informante dos EUA. Dedurou mais de 80 americanos que trabalhavam para a URSS. As revelações estimularam a caça aos comunistas promovida pelo senador Joseph McCarthy.

O casal Rosenberg: Em 1953, Julius e Ethel Rosenberg morreram na cadeira elétrica nos EUA por revelar à URSS os segredos da bomba atômica americana, desenvolvida no projeto Manhattan. Depois, a inocência dos Rosenberg ganhou ares de verdade absoluta. Com a abertura dos arquivos da KGB, porém, os fatos vieram à tona. “Ficou claro que Julius trabalhou para os soviéticos com a conivência de sua esposa”, afirma o jornalista Assef Kfouri.

O maior mistério
O agente duplo Aleksandr Kopatzky, codinome Igor Orlov, é uma das grandes charadas da espionagem mundial. Ninguém sabe ao certo nem onde ele nasceu – se foi em Bryansk, na Rússia, ou Kiev, na Ucrânia. Orlov trabalhou para os soviéticos até 1943, quando os alemães o capturaram e o persuadiram a trocar de lado. No final da guerra, voltou a espionar para a URSS e, em 1951, foi aliciado pela CIA. Morreu sem que ninguém tivesse provas de sua traição. “Sua mulher, filha de um oficial alemão, desconfiava que Kopatzky casou com ela só para fortalecer o disfarce de espião”, diz o pesquisador Richard Trahair.

 

 

 

Rússia
FSB – Serviço de Segurança Federal / Federalnaya Sluzhba Bezopasnosti

Ficha técnica
Fundação – 3 de abril de 1995
Empregados – 75 000
Orçamento – não divulgado

Diretor – Alexander Bortnikov
No dia 29 de março, duas mulheres-bomba mataram 39 pessoas no metrô de Moscou. Um dos ataques foi perto da sede do FSB, o herdeiro mais poderoso da KGB e principal braço do ex-agente, ex-presidente e primeiro-ministro Vladimir Putin na luta contra os rebeles chechenos.

Modo de ação
O FSB não faz patrulhamento ideológico da população como sua ancestral, mas monitora e reprime os dissidentes com uma estrutura que penetra setores da sociedade e do governo. Uma pesquisa do Centro de Estudos da Elite (ESC) do Instituto de Sociologia, com sede em Moscou, indica que 78% das principais figuras da política russa têm ou já tiveram ligação com a KGB ou suas sucessoras – entre elas o FSB. “Metade dos agentes está envolvida em segurança. A outra metade se concentra em negócios, ongs e política”, diz Olga Kryshtanovskaya, diretora do ESC.

Como mudou o mundo
O FSB funciona em simbiose com as empresas do setor energético russo, entre elas a gigante estatal Gasprom. Os principais executivos dessas companhias fizeram carreira nos serviços secretos. Como a Rússia lidera o ranking dos exportadores de petróleo (ao lado da Arábia Saudita), dá para ter uma ideia da influência dos agentes sobre a economia mundial.

Principais operações
Lidera as ações antiterroristas na região da Chechênia, onde tropas russas travaram duas guerras nos anos 90 contra rebeldes separatistas, a maioria muçulmanos sunitas. Em 2005, o FSB eliminou o líder checheno Aslan Maskhadov. No ano seguinte, foi a vez de Shamil Bassaiev, comandante do grupo que matou 334 pessoas (entre elas, 186 crianças) numa escola de Beslan, na Ossétia do Norte. Duas rebeldes chechenas revidaram em março deste ano, com os ataques ao metrô.

Grande trapalhada
Seguindo a tradição soviética, o FSB volta e meia envolve-se na morte de opositores do governo. Seus agentes são suspeitos de assassinar a jornalista Anna Politkovskaya, que disparava críticas a Putin. Anna foi encontrada morta com 4 tiros no elevador de seu prédio, em 2006.

Agente Famoso
Alexander Litvinenko: cobra criada no FSB, sabia do risco que corria ao acusar os chefes de tentar matar o magnata russo Boris Abramovich Berezovsky, um ex-aliado de Putin que vive na Inglaterra. Em 2006, Litvinenko também mudou para o Reino Unido e escreveu dois livros denunciando abusos do FSB (veja mais na pág. 62). Morreu intoxicado por polônio 210, provavelmente contaminado em outubro de 2006, durante um encontro com um informante.

 

 

 

Alemanha
BND – Serviço de Inteligência Federal / Bundesnachrichtendienst

Ficha técnica
Criação- 1o de abril de 1956
Rmpregados – 5 000 (aproximadamente)
Orçamento – 400 milhões (estimados)

Diretor – Ernst Uhrlau
O BND foi criado em 1956: a maioria de seus funcionários era formada por ex-agentes da Gestapo (polícia secreta nazista) e da SS (força paramilitar de Hitler). Também havia informantes da Stasi, a polícia secreta da Alemanha Oriental (leia mais sobre a Stasi na pág. 34).

Modo de ação
Poucos serviços secretos mudaram tanto quanto o BND. No início, sua principal missão era coletar informações sobre a estratégia militar da URSS. Hoje, com cerca de 5 mil empregados, o BND está mais focado em terrorismo, imigração ilegal, proliferação de armas e crime organizado. E quem diria: a agência alemã mantém laços apertados com o Mossad, o serviço secreto israelense.

Como mudou o mundo
O BND é o campeão de trapalhadas entre as agências de inteligência. Seus agentes já foram desmascarados em Kosovo, ludibriados por um falso engenheiro iraquiano e acusados de forjar um contrabando de material radioativo. Para um país que viveu assustado sob as botinas de nazistas e comunistas, essa sucessão de amadorismos é sinal de que as coisas mudaram – para melhor.

Principal operação
Operação Hades: Em 1994, três homens (2 espanhóis e 1 colombiano) provenientes de Moscou foram presos no aeroporto de Munique com 363 gramas de plutônio. O BND ficou bem na fita, pois impediu que o carregamento caísse em mãos de extremistas. Mas, ao que parece, era tudo fachada: os três homens haviam sido contratados pela própria agência para a missão. O BND nunca admitiu, e nem precisou. A justiça alemã condenou os contrabandistas a uma pena pequena (em torno de 4 anos) – sinal de que houve mesmo armação.

Grandes trapalhadas
Curveball: Em 2003, o então secretário de Estado americano, Colin Powell, apresentou ao Conselho de Segurança da ONU a “prova vital” para invadir o Iraque. Eram fotos e desenhos de laboratórios que Saddam Hussein usaria para produzir armas químicas e biológicas. Powell afirmou que o material era fruto de um sério trabalho de inteligência. Na verdade, as fotos haviam sido entregues por um desertor iraquiano (codinome “Curveball”) a agentes do BND, que as repassaram à CIA. O problema é que Curveball fabricou todas elas. O BND caiu direitinho – e acabou fornecendo à CIA evidências falsas para invadir o Iraque. Como o BND é leal às fontes, o iraquiano vive hoje protegido numa cidade ao sul da Alemanha. Sua história virou um livro do jornalista americano Bob Drogin e está prestes a ir para Hollywood. No beisebol, curveball é uma bola que gira rápido demais, enganando os jogadores.

Sob pressão: O BND tem longa tradição de vasculhar a vida de jornalistas. Em 2008, soube-se que o serviço secreto xeretou e-mails trocados entre a repórter Susanne Koelbl, da revista Der Spiegel, e o ministro do Comércio afegão, Amin Farhang. Os agentes usaram um vírus para entrar no computador de Susanne e assim invadir o sistema do ministro.

Agente famoso
Markus Wolf: Um dos maiores espiões da Guerra Fria, ficou conhecido como “o homem sem rosto”. Pudera: chefe da Stasi, o serviço secreto da Alemanha Oriental, Wolf infiltrou quase 1 000 agentes nos países aliados. Seu maior trunfo foi penetrar o espião Günter Guillaume no gabinete de Willy Brandt, o primeiro-ministro da Alemanha Ocidental. Em 1974, a descoberta do espião provocou a queda do primeiro-ministro.

 

 

 

China
Guoanbu – Ministério de Segurança do Estado da China / Guojia Anquan Bu

Ficha técnica
Criação – 4 de agosto de 1983
Empregados – não divulgado
Orçamento – US$ 1,3 bilhão

Diretor – Geng Huichang, ministro de segurança do estado
Guoanbu. Você vai escutar muito essa palavrinha nos próximos anos. É a sigla do maior e mais misterioso serviço secreto do mundo, conhecido como Ministério de Segurança do Estado.

Modo de ação
Segundo o ex-espião Li Fengzhi, que desertou e pediu asilo aos EUA em 2009, sua estrutura assemelha-se à da antiga KGB russa. Ou seja: uma complexa rede de vigilância interna e externa que reúne agentes profissionais, militares, turistas, acadêmicos e executivos chineses em viagens de negócios. “Sua missão é controlar o povo chinês e manter o domínio do Partido Comunista”, disse Li ao The Washington Times. Outra prioridade do Guoanbu é manter o crescimento econômico da China para que o país se torne o próximo superpoder global. Isso significa assegurar o acesso a matérias-primas ao redor do planeta, mesmo que precise patrocinar regimes genocidas como o do Sudão.

Como mudou o mundo
O Guoanbu está a ponto de mudar: deve ganhar uma queda de braço contra o Google. Em meados de março, o gigante da internet fechou seu escritório em Pequim e mudou-se para Hong Kong. Tudo porque o governo chinês exige que o site opere no país sob censura. Um bilhão e trezentos milhões de pessoas podem ficar sem acesso ao buscador.

Principais operações
Bin Laden sob controle: No livro The Chinese Secret Service: From Mao to the Olympic Games (“O serviço secreto chinês: de Mao aos Jogos Olímpicos”, inédito no Brasil), o jornalista francês Roger Faligot diz que a China negociou com a Al-Qaeda para evitar ataques terroristas nas Olimpíadas de Pequim. Segundo Faligot, a boa relação com os fundamentalistas teria começado em 1979, quando os chineses forneceram armas aos guerrilheiros mujahedin contra a URSS.

Uigures: Na última década, o Guoanbu infiltrou agentes entre os uigures, uma minoria muçulmana que habita a região autônoma de Xinjiang. A operação debilitou os grupos separatistas, que recebem influência da Al-Qaeda, fazendo protestos e atentados diminuírem.

Grandes trapalhadas
Já é um clássico: chineses são pegos nos EUA fazendo espionagem industrial. Foi o caso do taiwanês Kuo-Tai Chen, flagrado em 2008 pelo FBI subornando um funcionário do Pentágono. As imagens vieram a público no programa 60 Minutes, da rede CBS. Chen vai passar 15 anos no xadrez.

Agente famoso
Chi Mak: Parece sushi, mas é o nome de um agente chinês que daria inveja a James Bond. Por mais de 20 anos, esse engenheiro naturalizado americano viveu na boa com sua mulher em Los Angeles. Foi contratado por uma empresa que presta serviços de defesa, e teve acesso a detalhes sobre navios e submarinos de guerra. Em 2008, os americanos descobriram que Chi Mak passava segredos para Pequim. E o condenaram a 24 anos de prisão.

 

 

Brasil
Abin – Agência Brasileira de Inteligência

Ficha técnica
Criação – 7 de dezembro de 1999
Empregados – 2 000
Orçamento – R$ 326 milhões

Diretor- Wilson Roberto Trezza
Com 10 anos de idade, o serviço secreto ligado ao Palácio do Planalto ainda tem a maioria de seus integrantes proveniente do Serviço Nacional de Informações (SNI) da ditadura militar. O PT, antigo alvo dos agentes, agora dá maiores recursos para eles. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o governo gastou R$ 326 milhões com a Abin em 2009, quase o dobro em relação a 2004.

Modo de ação
A Abin é o único serviço secreto do mundo que recruta agentes por concurso público. Este ano, aliás, ela vai abrir vagas para agente técnico (salário inicial de R$ 4.316,54) e oficial técnico (R$ 9.045,82). Além de ser uma exigência constitucional, o concurso ajuda a Abin a desvincular-se da imagem de seu antecessor, o SNI, que perseguiu cruelmente os opositores da ditadura militar. Naquela época, um dos diretores do SNI, João Figueiredo, chegou a ocupar o cargo de presidente. Hoje, o objetivo da agência é coletar informação e rastrear ameaças ao Estado ou à sociedade, o que inclui desmatamento da Amazônia, narcotráfico e exploração sexual de crianças. Mas a maioria dos agentes da Abin passa o dia no Google, analisando notícias. Investigações mais sérias acontecem em parceria com a Polícia Federal.

Como mudou o mundo
Não mudou.

Principal operação
Agentes da Abin participaram da operação Satiagraha, da Polícia Federal, que investigou um esquema de desvio de verbas públicas, corrupção e lavagem de dinheiro. Deflagrada em 2008, ela levou à prisão 17 pessoas, entre elas o banqueiro Daniel Dantas, o doleiro Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta (algemado de pijama, lembra?). A operação foi marcada por várias irregularidades, como escuta clandestina e vazamento de informações sigilosas. O escândalo levou à queda da cúpula da Abin.

Grandes trapalhadas
O site da agência diz que “seu alvo de interesse não são as pessoas, mas os fatos”. No entanto, os arapongas são famosos por bisbilhotar a vida de jornalistas, procuradores e políticos, entre eles o ex-governador de Minas Gerais, Itamar Franco, e até o sociólogo Paulo Henrique Cardoso, filho do então presidente Fernando Henrique.

Agente famoso
Francisco Ambrósio do Nascimento: Ex-agente do SNI, ele coordenou as atividades de arapongas da Abin na operação Satiagraha. No fim de 2009, após ter a identidade revelada, Ambrósio vivia com medo de ser o único culpado por instalar grampos ilegais nos escritórios de autoridades. “Não posso mais caminhar com tranquilidade pelas ruas de Brasília”, disse à revista Istoé. “Querem me transformar em bode expiatório.”

 

 

 

 

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