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Almanaque de atrocidades 2015

Um resumo do que o terrorismo global, as guerras civis e os conflitos entre narcotraficantes, guerrilheiros, milícias e polícias causaram no mundo este ano

Por Felipe van Deursen
Atualizado em 8 mar 2024, 11h33 - Publicado em 19 nov 2015, 14h45

AFEGANISTÃO

O Taleban, que governou o país entre 1996 e 2001, voltou a crescer no vácuo deixado pela redução da presença das tropas internacionais. Cerca de 250 pessoas foram mortas em atentados. Entre os ataques, o Estado Islâmico é suspeito de ter atirado um foguete contra uma mesquita. E um jogo de vôlei, esporte banido durante o regime Taleban, foi alvo de uma moto-bomba em setembro.

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CAMARÕES

O Boko Haram, que em 2014 atravessou a fronteira com a Nigéria para atuar no país, matou cerca de 200 pessoas no ano, em ataques como atirar em um ônibus, incendiar igrejas e mesquistas e usar meninas-bombas. Tropas do governo camaronês enfrentam os terroristas desde o ano passado.

ERITREIA

Um de cada 16 cidadãos do país fugiu. O governo é um dos regimes mais opressores do mundo, e a fuga em massa de pessoas provocou tragédias como a de um barco com 243 pessoas que simplesmente desapareceu no mar. Sem corpos, sem destroços, sem nenhum sinal que ele sequer existiu a não ser o relato de quem procura os parentes – que deixaram de existir.

ESTADOS UNIDOS

O país tem quatro cidades entre as 50 mais violentas do mundo. Em 2015, houve três atentados. No mais grave, um terrorista branco matou nove negros em uma igreja, em junho.

FRANÇA

Em janeiro, junho e novembro, ataques ao país mataram pelo menos 155 pessoas. Paris se tornou o grande alvo ocidental do Estado Islâmico.

IÊMEN

O país está dividido nos últimos anos, com uma revolta xiita no norte e movimentos separatistas no sul, que tem influência da Al Qaeda. Carros-bomba e homens-bomba na guerra civil mataram cerca de 280 pessoas em 2015 em ataques a mesquitas, hospital e outros centros movimentados. Somente em março, três suicidas mataram 137 (sendo 13 crianças) e feriram 357 em atentados coordenados a mesquitas xiitas.

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IRAQUE

Os radicais conquistaram territórios ao longo do ano, em parte devido ao apoio de tribos sunitas que se opõe ao governo xiita. Somente em atentados terroristas, cerca de 670 pessoas morreram em 2015. Em julho, durante um feriado, um carro-bomba do EI matou no mínimo cem pessoas, incluindo 15 crianças.

LÍBANO

A Guerra Civil da Síria aos poucos espirra para o pequeno vizinho. Três atentados a bomba no ano mataram 58 pessoas. O pior deles foi em 12 de novembro, quando dois homens-bomba atacaram um bastião do Hezbollah, grupo fundamentalista xiita que integra a coalizão que luta contra o Estado Islâmico, que é sunita.

LÍBIA

Em 2015, cerca de 1.500 pessoas tiveram mortes violentas no país, assolado por uma nova guerra civil desde o ano passado. Cerca de 350 mil refugiados chegaram na Europa a partir do país, que implodiu desde a morte do ditador Muammae Kaddafi, em 2011.

NIGÉRIA

A guerra entre o grupo extremista Boko Haram e o governo se intensificou no norte do país. Esse ano, o Boko Haram matou cerca de 3.500 pessoas. Só em janeiro, no massacre de Baga, a maior atrocidade cometida pelo homem em 2015, foram 2 mil mortos, pelo menos. Nos mais recentes ataques, em 17 e 18 de novembro, uma explosão em um mercado matou 32 pessoas e duas mulheres-bomba explodiram em um mercado de telefones, matando outras 15. Desde 2009, são 17 mil mortos e 2 milhões de refugiados. A escalada de violência do grupo é notável e já se espalha pelos vizinhos Camarões e Chade.

PAQUISTÃO

As conversas de paz foram para o vinagre, e o governo enfrenta o crescimento do Taleban nas áreas tribais fronteiriças com o Afeganistão. Mortos em atentados: cerca de 290, incluindo bomba em ônibus, homem-bomba durante uma procissão xiita, homens-bomba na casa de um ministro e um ônibus cheio de xiitas cercado por motoqueiros armados.

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QUÊNIA

Vizinho da Somália, sofre as consequência da guerra. Em abril, o grupo radical somali Al-Shabab massacrou 147 pessoas na Universidade de Garissa. Outras 16 pessoas morreram em decorrência da guerra na Somália ao longo do ano.

RÚSSIA 

Envolvida na guerra na Ucrânia e na Síria, o país confirmou essa semana que o avião que decolou de Sharm el-Sheikh, no Egito, para São Petersburgo e caiu na Península do Sinai foi vítima de uma bomba, como se suspeitava. Todas as 224 pessoas a bordo morreram, e a maioria eram russas.

SOMÁLIA

A guerra civil que se arrasta desde 2009 sossegou um pouco, assim como os ataques de piratas no litoral. Mesmo assim, pelo menos 160 pessoas morreram em atentados no país. Em um único ataque, a milícia Al-Shabab matou 70 soldados da União Africana. A Somalilândia, região que declarou a independência em 1991 e até hoje busca reconhecimento internacional, segue como um lugar de relativa tranquilidade no caos do Chifre da África.

SÍRIA

Entre janeiro e julho, o EI matou 1.131 pessoas no país. Já as tropas do presidente Bashar al-Assad mataram 7.894. Apesar da autopropaganda na internet, de atos hediondos como decapitação e incineração de pessoas e explosão de sítios arqueológicos milenares e da repercussão global de seus ataques no Ocidente, o EI ainda é, na prática, uma força muito menos assassina do que o governo sírio.

A Guerra Civil da Síria é a maior e mais letal em curso, com mais de 250 mil mortos. Só em ataques terroristas este ano no contexto da guerra, 230 pessoas morreram em atrocidades como a detonação de um carro-bomba próximo a um hospital. A guerra é a maior motivadora da crise de refugiados na Europa. A maioria, de longe, dos mais de 750 mil pedidos de asilo é de cidadãos sírios. O enorme fluxo humano já deixou um rastro de 3.400 mortes nas travessias do Mediterrâneo.

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Com o aumento de refugiados sírios, o mundo chegou ao pico de 60 milhões de refugiados, maior número desde a Segunda Guerra (e quase o dobro da taxa de uma década atrás). Isso também significa que a “maior crise de refugiados desde a Segunda Guerra” não se refere à Europa, mas ao mundo todo. Há um ano, havia 6,7 milhões de pessoas forçadamente deslocadas na Europa, 9 milhões na Ásia. Só na Síria, são 11 milhões. Para piorar, metade dessas pessoas são crianças.

SUDÃO DO SUL

O mais novo país do mundo completou quatro anos em pleno caos. A crise de fome é a mais devastadora do planeta, atingindo 3,9 milhões de pessoas, e uma guerra civil assola o pais, com mais de 1,3 milhão de refugiados. Os grupos Dinka e Nuer disputam uma nação que nasceu condenada: tem 75% do petróleo do antigo e gigante Sudão, mas depende das refinarias e oleodutos do vizinho do norte, contra quem lutou por 50 anos em uma guerra de 2 milhões de mortos.

UGANDA

O Exército de Resistência do Senhor (LRA), liderado por Joseph Kony, de quem você só não ouviu falar em 2012 se passou o ano em um bunker, perdeu um bocado de força nos últimos tempos. Neste link é possível ver seus atos. Estima-se que em 2015 ele tenha sequestrado mais de 500 civis e matado 12 pessoas. Kony está muito enfraquecido, mas ainda não derrotado.

O LRA começou com o objetivo de instaurar um Estado teocrático e provocou um conflito que matou pelo menos 100 mil pessoas desde 1987 não só em Uganda, mas também na República Centro-Africana, República Democrática do Congo e Sudão do Sul. Ou seja, nas últimas décadas, o cristianismo bisonho, deturpado e radical de Kony matou muito mais que o islamismo bisonho, deturpado e radical do Boko Haram.

UCRÂNIA

A guerra no leste do país, que opõe separatistas pró-Rússia e tropas a favor de Kiev, seguiu seu rumo ao longo do ano. O número de mortos chegou a 8 mil, mas o conflito esfriou quando a Rússia resolveu entrar de vez na guerra síria.

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ONDE MAIS?

Ainda há conflitos sérios na Palestina e israel, Índia, Uganda, Sudão (Darfur) e Egito. Argélia, Azerbaidjão, Chade (118 mortos em atentados), Etiópia, Filipinas (78 mortos em atentados), Líbano, Mali, Moçambique, Mianmar, Níger (75), República Democrática do Congo, Rússia, Tailândia e Turquia também sofrem com guerras que ou são menores ou esfriaram um pouco este ano. Ao longo da década, pelo menos 15 conflitos começaram ou recomeçaram. Além dos já citados, houve tensão na Costa do Marfim, Burundi e Quiguistão. Isso contribuiu para o aumento global de refugiados.

AMÉRICA LATINA

A ONG Seguridad, Justicia y Paz faz um ranking anual das cidades mais violentas do mundo. O mais recente, com dados de 2014, mostra que o narcotráfico, a repressão policial, as guerrilhas e a guerra às drogas dão à América Latina o domínio quase total da lista. Os números de 2015 ainda estão sendo computados, mas nada leva a crer que o cenário vai mudar nesse tempo.

HONDURAS

2.245 pessoas foram assassinadas no país em 2014. O país tem a cidade mais violenta do mundo, San Pedro Sula, com 171 mortes por 100 mil habitantes.

VENEZUELA

6.020 assassinados em quatro cidades, incluindo a capital, Caracas, segunda cidade mais violenta do mundo.

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COLÔMBIA

2.646 assassinados em cinco cidades.

MÉXICO

3.473 assassinados em dez cidades, incluindo Acapulco, a terceira mais violenta do mundo.

BRASIL

18.398 assassinados em 19 cidades, incluindo João Pessoa (4ª), Maceió (6ª), Fortaleza (8ª) e São Luís (10ª).

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