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Arqueólogos descobrem a origem das pedras de Stonehenge

Os blocos gigantes, ou "sarsens", que compõem o monumento podem ter sido retirados de um parque próximo. Mas ainda não se sabe como eles foram transportados de lá.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 30 jul 2020, 21h21 - Publicado em 30 jul 2020, 18h20

Há cerca de 4,5 mil anos, um grupo de arquitetos não sabia, mas estava planejando um dos principais patrimônios do Reino Unido. Estamos falando de Stonehenge, uma estrutura circular montada a partir de blocos gigantes de arenito, chamados de sarsens.

Pesquisadores supõem que a obra serviria para cultos e rituais destes mesmos povos antigos. Os pedregulhos medem, em média, sete metros de altura e podem pesar até 20 toneladas – o que deixa claro que montar aquilo tudo não foi tarefa fácil. 

Não é de hoje que arqueólogos e historiadores tentam descobrir mais detalhes sobre a formação de Stonehenge, mas agora, um dos principais mistérios (a origem das grandes pedras) pode ter sido finalmente solucionado. Uma pesquisa publicada na revista Science Advances, na última quarta-feira (29), mostra que o material de construção pode ter sido retirado de West Woods, um parque à apenas 24 quilômetros do local em que o patrimônio está.

A descoberta ocorreu após uma série de acasos. Para entender a história, precisamos voltar brevemente ao ano de 1958, quando Stonehenge passava por uma restauração. Na época, uma das pedras estava rachada, e o seu núcleo foi perfurado para inserir ali uma haste de metal e reforçá-la.

Acontece que um dos trabalhadores pensou que seria interessante ficar com aquele pedaço retirado, então o guardou durante 60 anos. Foi só em maio de 2019 que Robert Phillips devolveu a peça para a English Heritage, instituição que gerencia o patrimônio.

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E voilà: o pedaço se mostrou vital para descobrir a origem das pedras. A partir de dados geoquímicos, os pesquisadores da Universidade de Brighton, no Reino Unido, concluíram que 50 das 52 sarsens presentes no sítio arqueológico tinham uma área de origem em comum – incluindo aquela que teve seu núcleo retirado. E naquele pedaço já extraído, os cientistas puderam aplicar técnicas “destrutivas” e mais incisivas para ter informações ainda mais certeiras. 

Tendo tais informações, os pesquisadores resolveram analisar sarsens de 20 locais no sul da Inglaterra, a fim de comparar a composição química das pedras. Os cientistas esperavam eliminar do mapa alguns lugares e continuar buscando a origem exata, mas não demorou para que isso acontecesse. As pedras de West Woods, que no passado provavelmente estavam em um terreno com pouca ou nenhuma vegetação, tinham a mesma assinatura geoquímica das pedras de Stonehenge. 

Outras descobertas

Em entrevista ao The New York Times, Parker Pearson, cientista da University College London (UCL) e que não participou da pesquisa, explicou que um filósofo chamado John Aubrey pode ter descoberto a origem séculos atrás. Nos anos 1600, ele pesquisava o monumento e encontrou, inclusive, os poços que cercam o local. “Aubrey considerou que havia encontrado a fonte dos sarsens de Stonehenge, uma grande pedreira a apenas 22 quilômetros ao norte do monumento”, explica. “Dado que West Woods fica a cerca de 24 quilômetros de distância, é muito possível que ele tenha acertado – e que a ciência levou 340 anos para descobrir novamente.”

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O patrimônio conta ainda com algumas pedras menores, chamadas de pedras azuis. A origem delas já foi datada há mais de um século e remete às Colinas Preseli, no País de Gales, a cerca de 320 quilômetros de distância. Duas das prováveis localizações exatas em que estavam foram apontadas no ano passado por Parker Pearson e sua equipe.

Apesar de ambas as descobertas sobre as origens serem animadoras, uma dúvida permanece para os dois diferentes tipos de pedras: como elas foram transportadas até o local? As histórias vão de extraterrestres à magia de Merlin, feiticeiro do mito do Rei Arthur. Para a ciência, a teoria mais aceita é a de elas foram movidas com trenós ou ferramentas similares.

Para as sarsens, que são as pedras maiores e mais pesadas, a hipótese de que elas vêm de locais próximos para facilitar o “carreto” faz sentido. Já para as pedras azuis, ainda não há uma justificativa exata para o fato de elas terem sido tiradas do País de Gales. Desvendar esse mistério é o próximo item na lista dos arqueólogos.

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