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Arqueólogos descobrem evidência mais antiga de um gato “amassando pãozinho”

O comportamento dos bichanos é ancestral: as marcas foram encontradas em peças de argila da Jerusalém Antiga.

Por Manuela Mourão
25 out 2024, 12h00

Quem tem um gatinho sabe que, além de pets, os bichanos são ótimos padeiros. Isso porque quando os felinos se sentem seguros e contentes, é comum que expressem a paz de espírito com movimentos de massagem em superfícies fofinhas, numa ação que lembra massa de pão sendo amassada. E não é de hoje: uma nova descoberta arqueológica mostra que os gatos demonstram seus dotes culinários há pelo menos 1.200 anos. 

A prova disso veio em um jarro de barro com marcas de uma pata dianteira de felino, além de ondulações e marcas profundas de garras, feitas por um gato antes que o jarro fosse aquecido. O vaso, encontrado em Jerusalém, foi identificado por pesquisadores como um artefato do chamado Período Abássida, mais ou menos do ano 750, quando a civilização árabe islâmica atingiu seu auge sob a dinastia dos califas, que governava onde hoje é o Oriente Médio. 

impressão da pata de um gato em um azulejo romano.
(A Expedição Arqueológica do Monte Zion/Shimon Gibson/Reprodução)

A exploração arqueológica explorou o Monte Sião nos últimos anos e foi liderada por Shimon Gibson, professor do departamento de História na Universidade da Carolina do Norte em Charlotte (EUA), juntamente com Rafael Lewis, do departamento de Estudos e Arqueologia da Terra de Israel na Universidade Bar-Ilan. Além dessa peça, vários outros materiais foram encontrados e acabaram se empilhando em um laboratório de Jerusalém.

Até que, analisando as peças mais de perto, a diretora do laboratório Gretchen Cotter reparou na marca da pata do animal. Ao jornal israelense Haaretz, Cotter explica que as marcas eram evidentes, e que se tratava de um animal bem pequeno dado o tamanho da pegada. 

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A história fica ainda mais curiosa. O gato poderia ter só pisado em cima do vaso ou tocado no jarro para explorar – dois comportamentos esperados vindo dos felinos. Mas, nesses casos, as marcas das garras não seriam visíveis e não seria possível enxergar parte de uma perna, dizem os cientistas. Pegadas do tipo foram inclusive encontradas em outros artefatos. No caso do jarro, objeto provavelmente marcou o amasso de pãozinho.

A argila, em seu formato básico, é uma mistura fina e suja de solo, por isso precisa de uma boa limpeza para tirar todos os detritos, como folhas e sujeirinhas indesejadas. Depois disso, a massa precisa ser manipulada para expelir as bolhas de ar, deixando-a com uma textura homogênea antes da modelagem e queima.

Segundo Gibson, é possível que um pequeno gato tenha se aninhado na borda curvada de um jarro recém-moldado que estivesse secando no calor do sol de Jerusalém. Enquanto ele pegava um bronze, a interação do bicho com o quentinho pode ter resultado nas impressões – que variam de 2 centímetros de comprimento a 1 centímetro de largura –, preservando assim o momento em que o animal se sentiu seguro e confortável.

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Desenho das marcas da pata do gato.
(A Expedição Arqueológica do Monte Zion/Shimon Gibson/Reprodução)

De acordo com o PetMD, o comportamento de “amassar”, que muitos gatos demonstram, tem raízes profundas na infância dos animais. Os filhotes amassam suas mães para estimular a produção de leite. Já os gatos adultos continuam essa prática como uma forma de buscar conforto e segurança – e o comportamento é registrado por todos os felinos, inclusive os selvagens, que amassam muitas vezes os solos que estão como forma de “preparar a cama”. 

As escavações no Monte Sião, que começaram em 2007, têm revelado diversas outras marcas que datam de milhares de anos. Arqueólogos encontraram não apenas impressões humanas, mas também de aves e mamíferos, especialmente em telhas romanas. Essa diversidade sublinha a presença constante de animais nas atividades humanas – e a clássica falta de interesse dos bichanos em reparar por onde passam (ou não ligar mesmo). 

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