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As lições do mestre

Sua filosofia baseada na ética e no humanismo moldou o modo de vida oriental. Saiba quem foi Confúcio e o que ele pode ensinar ao Ocidente

Por Mariana Sgarioni
Atualizado em 31 out 2016, 18h20 - Publicado em 21 dez 2004, 22h00

Praça da Paz Celestial, Pequim. O mundo inteiro assiste a cenas de horror. Soldados disparam contra manifestantes. Tanques esmagam corpos. Policiais ateiam fogo na multidão. Estamos em 4 de junho de 1989. Aos olhos do Ocidente, cenas de pura barbárie. Até o momento em que um jovem, sozinho, detém-se ante uma coluna de tanques. Pela lógica ocidental, o que viria a seguir jamais seria exibido em horário nobre na TV. Mas o que acontece surpreende o mundo. Frente ao homem desarmado, os tanques param e recuam. Por que soldados chineses são capazes de atacar sem dó uma multidão, mas cedem diante de um único indivíduo? A resposta pode estar no pensamento moldado por um homem há mais de 20 séculos e que até hoje mantém profundas raízes na cultura oriental: o confucionismo.

Depois de tanto tempo, as teorias de Confúcio (551-479 a.C.), filósofo e educador chinês, ainda permeiam o modo de vida político e social de quase metade do planeta. Em que pesem suas ambições políticas e todas superstições e lendas que rondam sua vida, o fato é que esse chinês barbudo tido por muitos como um santo revolucionou hábitos, sobreviveu a perseguições e, a cada dia que passa, parece estar mais perto da porta da sua casa.

As origens

Se você é adepto de comida chinesa tipo fast food, já deve ter lido aquelas frases que vêm nos biscoitinhos da sorte. E, no mínimo, pensou por dois segundos no que elas queriam dizer. Se é assim, você pode dizer que já ouviu falar em Confúcio. A maioria dessas frases foi retirada dos Analectos, livro com breves afirmações, diálogos e anedotas, compilados por discípulos de Confúcio após sua morte. Pode-se dizer que os Analectos estão para Confúcio assim como os Evangelhos estão para Jesus.

Foram basicamente esses escritos que ao longo dos séculos deram origem ao confucionismo – um conceito escorregadio, meio religião, meio código de ética, com pitadas de ritual social e de filosofia política, que até hoje foge à unanimidade entres seus estudiosos. O fato é que ele agrega tudo isso, podendo ser entendido como um conjunto de normas de comportamento.

Para compreender o que isso significa, é preciso voltar no tempo e entender o contexto em que se criou e se desenvolveu o confucionismo. Quando Confúcio nasceu, a China vivia um verdadeiro caos. O território havia sido fragmentado em um grande número de estados constantemente em guerra. A corrupção permeava todos os níveis de poder e a miséria era grande.

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Foi com esse pano de fundo que Confúcio começou a moldar seu pensamento. Ele dizia-se um escolhido do céu com a missão de restaurar o mundo. Para isso, acreditava ser necessária uma reforma política baseada na moral e na ética, única maneira de instaurar a ordem e a justiça no país.

Como para Confúcio a política era uma extensão da ética, ele decidiu elaborar um código de conduta para quem exercesse o poder. “Governo é sinônimo de honestidade. Se um rei for honesto, como alguém ousaria ser desonesto?”, costumava dizer. Por essas e outras, os governantes o consideravam um sábio um tanto quanto indigesto.

Em seu código, o filósofo desenvolveu uma de suas teorias mais importantes e que até hoje está presente na tradição política da Ásia oriental: “Um governo é feito de homens e não de leis”. Como para ele a legislação era um convite à corrupção, a verdadeira coesão social só seria alcançada a partir da observância dos ritos.

No confucionismo, a palavra “rito” pode ser entendida como bons costumes e hábitos herdados dos ancestrais. Alguns exemplos: honradez entre governantes e súditos; piedade filial (um homem que respeita os pais e os mais velhos dificilmente desafiaria seus superiores); separação de funções entre marido e mulher; compreensão entre anciãos e jovens e fidelidade entre amigos. Era a esses exemplos que Confúcio se referia quando falava que um governo de ritos é preferível a um governo de leis. A força de suas idéias chegou a influenciar até mesmo clássicos do Iluminismo na Europa do século 16: “Quando um povo tem bons costumes, as leis se tornam simples”, escreveria Montesquieu. É ou não Confúcio puro?

Apoiado nessa filosofia, o mestre afirmava que somente cavalheiros que possuíssem qualidades morais e éticas, alcançadas por meio de uma rígida educação, poderiam exercer o poder. Assim, nem dinheiro nem tampouco berço seriam passaporte para cargos políticos. Um pensamento incômodo numa época em que os governos passavam de pai para filho havia séculos.

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Imbróglios políticos e saias-justas à parte, um ponto específico do pensamento de Confúcio parece ter sido perfeitamente assimilado por países como Japão, Coréia, Cingapura, Taiwan e China, cuja prosperidade pode ser atribuída a um fator extremamente caro a Confúcio: a educação. “Para ele, o cerne da corrupção e da degradação da humanidade estava na falta de educação. Se todas as pessoas, sem nenhum tipo de distinção, fossem educadas, elas entenderiam como viver em harmonia com a natureza e com a sociedade”, diz André Bueno, sinólogo (estudioso da China) e professor de filosofia da Universidade Gama Filho (RJ).

Convicto de sua tese, Confúcio passou quase a vida inteira lecionando, procurando formar não apenas futuros governantes, mas toda sorte de gente que estivesse disposta a aprender. “Ele levou a cultura e a educação para fora dos círculos mais nobres e aristocráticos, que até então mantinham um monopólio sobre elas”, diz o jornalista Pang Pu, especialista em Confúcio. “A pedagogia confuciana estava à frente de seu tempo: preconizava um ensino aberto a todos, sem diferenciação de origem social. As aulas, por exemplo, eram a céu aberto e seu método levava em conta as aptidões de cada um de seus discípulos”, afirma.

O mestre afirmava que o principal não era fazer o aluno desenvolver técnicas, muito menos acumular conhecimento. O importante era desenvolver seu caráter e sua humanidade. Seu objetivo era formar homens de reputação impecável, que, ao se tornarem membros da burocracia estatal, ajudariam a construir o Estado ideal. Era por essas e outras que ele tinha fama de bravo e não admitia alunos tolos em suas turmas. “Se eu indicar o ângulo de um assunto e o aluno for incapaz de perceber os outros três por si mesmo, eu peço que ele vá embora”, dizia.

O pensamento

A essência que permeia todo o pensamento de Confúcio é o ren, que pode ser traduzido como “benevolência” ou “humanismo”. Aos discípulos que lhe perguntaram o que era o ren, o mestre teria respondido: “A principal virtude está em amar os homens”. Para que não se pense que Confúcio está plagiando outro famoso pensador, lembre-se que ele proferiu essa frase 400 anos antes do nascimento de Cristo.

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Embora com os passar dos séculos o confucionismo tenha se tornado uma religião para muitos – um pouco diferente das demais, é verdade, uma vez que não há corpo sacerdotal, por exemplo –, não parecia ser essa a intenção do mestre. Sua verdadeira vocação era a política. “Se o homem não consegue nem se relacionar corretamente com os vivos, por que se preocupa com o culto aos espíritos?”, teria dito. Apesar de viver reverenciando o céu, principalmente por meio de sua música, ele não escondia de ninguém o quanto considerava a maioria das práticas religiosas de seu tempo superstições absurdas.

O sábio, no entanto, pagou a língua, uma vez que suas próprias origens ganharam versões fantásticas. A mais conhecida delas diz que um unicórnio teria aparecido no dia do seu nascimento segurando na boca uma tabuleta de jade com a inscrição: “Nascerá uma criança pura como o cristal para dar continuação ao povo Chou que está em decadência. Ele se tornará um rei sem reino”. Dizem que outros sinais misteriosos também teriam aparecido: cinco dragões vigiaram o céu até o romper da aurora para evitar que qualquer influência maléfica perturbasse as primeiras horas do recém-nascido.

Lendas à parte, o que parecia mesmo mover Confúcio em sua juventude era uma busca insaciável por conhecimento. Assim, aos 22 anos, logo depois de fundar sua primeira escola, decidiu beber na fonte e ir ao encontro do maior sábio da época: Lao-tsé.

Fundador do taoísmo, Lao-tsé também tinha as origens envoltas em misticismo. Diz a lenda que o mestre teria ficado 81 anos no ventre de sua mãe, de onde saiu já velho e sábio.

O encontro em nada lembra a imagem clássica do mestre recebendo o aprendiz. Ao ouvir os pedidos de Confúcio, Lao-tsé teria, de fato, lhe passado um sabão: “O senhor afaste o seu ar arrogante, seus desejos excessivos e suas intenções libertinas. Nada disso é de proveito para sua pessoa. É só isso que tenho a lhe dizer e nada mais”.

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Envergonhado e ao mesmo tempo fascinado, Confúcio se retirou. Mais tarde, aos seus discípulos, teria assim descrito a experiência: “Eu sei que a ave pode voar, que o peixe pode nadar, que os animais selvagens podem correr. Não posso saber como o dragão sobe aos céus, galgando vento e nuvens. Mas hoje eu vi Lao-tsé. E como ele se assemelha ao dragão!”.

A razão de tal rispidez talvez possa ser explicada pelas diferenças entre as duas doutrinas. Enquanto o confucionismo é essencialmente voltado para os aspectos práticos da vida, o taoísmo tem um lado metafísico mais acentuado. O primeiro trata de como se deve viver no âmbito pessoal e social, fala de regras de comportamento em sociedade, de ética e de política. Segundo o confucionismo, é possível viver em harmonia em qualquer lugar, desde que o acesso à educação seja garantido.

O taoísmo vem da palavra chinesa tao (“caminho”) e sempre foi considerado uma religião. Para Lao-tsé, o caminho era um conceito místico, uma vez que para entrar em harmonia com o tao deveríamos nos livrar das futilidades, viver com simplicidade e tranqüilidade, de preferência junto à natureza. Para muitos estudiosos, no entanto, são essas diferenças que tornam as doutrinas complementares.

É bom lembrar que no mesmo século (4 a.C.) o budismo se expandia na Índia e rapidamente chegava à China. Estava pronta a salada religiosa que até hoje toma conta do país. “As teorias foram se misturando ao longo dos séculos. Hoje em dia, é difícil encontrar um chinês que seja apenas budista, taoísta ou confucionista. Todo mundo é um pouco de tudo”, diz Chen Tsung Jye, professor de língua chinesa da USP. “Todo chinês é confucionista na rua, taoísta em casa e budista na morte”, afirma o sinólogo André Bueno.

O homem

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Confúcio era um sujeito brilhante. Mesmo assim passou a vida inteira procurando emprego e morreu sentindo-se um fracassado. “Aos 15 anos, só estava interessado em estudar; aos 30, comecei minha vida; aos 40, era presunçoso; aos 50, compreendi meu lugar no vasto esquema das coisas; aos 60, aprendi a desistir de discutir; e agora, aos 70, posso fazer o que bem entender sem acabar com a minha vida”, teria dito ao descrever a si mesmo.

Kung-Fu-Tzu (Confúcio é a latinização desse nome, que significa “Venerável Mestre Kung”) nasceu em Tsou, pequena cidade no estado de Lu, onde hoje é a província de Shantung. Filho caçula de uma família nobre, mas decadente e empobrecida, seu pai morreu quando ele tinha apenas 3 anos. Criado pela mãe, pouco se sabe sobre sua infância, só que ele adorava brincar de arrumar vasos rituais e demonstrava ser um estudante entusiasmado. Tanto que, aos 15 anos, já era considerado erudito, com certa preferência pela arqueologia.

O mestre parecia ser também precoce com as mulheres: casou aos 19 anos, jovem para os homens da época, e, no ano seguinte, nasceu seu único filho. Para equilibrar o orçamento, trabalhou como cocheiro e tratador de animais e ocupou cargos públicos de pequena importância. Em seu tempo livre, estudava história, música – era um exímio tocador de alaúde – e liturgia. Além disso, era adepto dos esportes ao ar livre, os radicais da época: adorava cavalgar, praticar arco-e-flecha, caçar e pescar.

Ambicioso, o que Confúcio queria mesmo era um emprego no governo para colocar suas idéias em prática. Enquanto não atingia seu objetivo, abriu uma escola onde ensinava seu código de conduta a futuros governantes.

A chance que tanto esperava chegou quando o mestre estava por volta dos 50 anos. Um de seus ex-alunos subiu ao poder e resolveu convidá-lo para o cargo de ministro da Justiça. De acordo com Paul Strathern, professor de filosofia na Universidade de Kingston, na Inglaterra, Confúcio foi bem-sucedido, apesar da rigidez excessiva. “Ele chegou a aplicar pena de morte por ‘invenção de roupas fora do comum’”, afirma. Por essas e outras, logo pipocaram intrigas, boicotes e manobras até que o mestre, ofendido, enfim pediu demissão, partindo em uma expedição de 13 anos pela China. No fundo, o que Confúcio buscava era uma nova chance de mostrar sua capacidade como administrador em um outro cargo público.

“Ele era considerado o homem mais sábio da China e freqüentemente era procurado para dar conselhos ou mesmo discutir idéias com governantes e membros da aristocracia, mas sempre acabava frustrado por não conseguir um cargo público”, afirma o biógrafo e sinólogo americano H.G. Creel.

Depois de sua intrépida viagem pelo interior do país, o mestre, então com 65 anos, resolveu voltar a Lu, seu estado natal. Melancólico, passou seus últimos anos de vida editando e comentando os cinco livros clássicos considerados sagrados para os chineses. Cada um expressa uma visão diferente dos acontecimentos: poética, histórica, política, social e metafísica.

Deprimido, em 479 a.C., aos 72 anos, Confúcio morreu no mesmo lugar onde nasceu. Um de seus discípulos registrou o que teriam sido suas últimas palavras: “A grande montanha terá que desmoronar! A forte viga terá que quebrar! O homem sábio murcha como a planta! Não existe ninguém no império que me queira como mestre! Meu tempo de morrer chegou”.

A expansão

O maior temor de Confúcio era que seus ensinamentos se perdessem e não atingissem as gerações posteriores. Depois de sua morte, no entanto, discípulos se encarregaram de fundar oito escolas confucianas, que se empenharam em passar o conhecimento adiante.

O confucionismo andava de vento em popa até a dinastia Qin tomar o poder (221-207 a.C.). Em 213 a.C., o imperador Shi Huangdi – que construiu os famosos guerreiros de terracota – ordenou a incineração dos livros a fim de forçar uma subordinação completa à sua autoridade. Perseguidos, professores confucionistas foram enterrados vivos por defenderem suas idéias.

Com a queda da dinastia Qin, o confucionismo renasce das cinzas com o advento da dinastia Han (206 a.C.-220 d.C.), talvez a mais poderosa da história da China. “Um dos primeiros atos dos novos soberanos foi restituir a escola de Confúcio, concedendo-lhe um lugar importante junto à corte”, diz o sinólogo André Bueno.

Mas como o confucionismo rompeu as muralhas chinesas e chegou aos vizinhos Japão, Coréia e Vietnã, entre outros? É bom lembrar que cultura não é igual a arroz ou macarrão, que podem ser levados de lá para cá por umas poucas pessoas. As teorias confucionistas foram se infiltrando aos poucos por conta de um intenso intercâmbio e pelo fato de a China ser considerada a grande referência cultural na época. “Era a pátria-mãe, e até a escrita por ideogramas foi importada por outros países, como o Japão”, diz Mario Sproviero, da faculdade de Letras da USP. Os japoneses, por sinal, dão até hoje particular importância às teorias confucionistas que se referem a honra, lealdade e relações sociais e familiares. Isso pode ser visto, inclusive, como fator de sucesso econômico do país. “Autoconfiança, coesão social, subordinação do indivíduo, educação para a ação, tradição burocrática e convicção moralizante são uma mistura poderosa para fins de desenvolvimento”, diz o economista Roderick McFarquhar, professor da Universidade de Harvard.

No entanto, 2 mil anos após o imperador dos soldados de terracota, o filósofo se via novamente em apuros. Em 1949, ao assumir o governo, o Partido Comunista de Mao Tsé-tung resolveu proibir o confucionismo, acusando sua tradição de impedir a renovação da vida chinesa. Dizia-se até mesmo que o filósofo defendia o escravagismo e os interesses dos grandes proprietários de terra. Durante a Revolução Cultural (1966-1976), de novo, os livros clássicos foram queimados. Analistas da época disseram que Mao não queria que eles fizessem sombra ao Livro Vermelho – o único que deveria ser estudado nas novas escolas chinesas.

O Partido Comunista, no entanto, faria, anos mais tarde, as pazes com o mestre numa grandiosa comemoração de seu aniversário. Semanas depois do massacre da praça da Paz Celestial, pipocaram discursos inflamados de políticos apoiando a transição para o confucionismo. Será que a imagem do homem parado em frente aos tanques mexeu com a cabeça dos dirigentes chineses? Não se sabe. Tudo bem. Confúcio mesmo dizia que somente os sábios e os idiotas não mudam de idéia.

 

Pergunte ao oráculo

O I Ching, xodó de esotéricos e adivinhos, foi organizado e editado por Confúcio

Confúcio foi o responsável por resgatar e editar o livro clássico chinês que apresenta uma visão metafísica dos acontecimentos: o I Ching (Livro das Mutações). Sim, aquele mesmo que os esotéricos dizem ser capaz de responder a qualquer pergunta após jogar umas moedinhas.

O fato é que ele deve estar se remexendo no túmulo depois de tomar conhecimento do uso que os ocidentais fazem do I Ching. Concebido 5 mil anos antes de Cristo como um livro de símbolos, ele traz representações de estágios da vida e de elementos da natureza (Céu, Terra, Vento, Lago, Montanha, Trovão, Fogo e Água). Basicamente, ele diz que o cosmo (incluindo seres vivos e natureza) está em permanente transformação, ocasionada pela interação de energias complementares e conflitivas, o yin e o yang.

Complicado? Pode ser, já que até Confúcio passou anos tentando decodificá-lo. Ao concluir o trabalho, o filósofo registrou o I Ching como um livro sagrado, transformando-o em um tipo de oráculo, levado a sério por intelectuais como Carl Gustav Jung (1875-1961), um dos pais da psicanálise. “O I Ching não oferece fatos nem poder. Porém, para os amantes do autoconhecimento e da sabedoria, parece ser o livro indicado”, disse Jung.

 

Mundo de descobertas

Conheça a vida de Confúcio e sua doutrina

551 A.C.

Filho de família nobre e decadente, Confúcio nasce em Tsou, uma pequena cidade no estado de Lu, onde hoje é a província de Shantung, na China

544 A.C.

Criança, Confúcio já demonstrava ter uma sensibilidade precoce. Sua distração favorita era arrumar vasos sagrados usados em rituais

De 541 A.C. a 531 A.C.

Estuda em uma escola para a vida militar e para a corte. Aos 19 anos, casa-se e, no ano seguinte, nasce seu primeiro e único filho

529 A.C

Aos 22 anos, abre uma escola em Lu para alunos sem distinção de classe social ou econômica. Sua fama espalha-se. Pouco depois, vai ao encontro de Lao-tsé, fundador do taoísmo

517 A.C.

Muda-se para um estado vizinho para escapar de emboscadas armadas por poderosas famílias nobres insatisfeitas com sua influência, mas logo é chamado de volta pelo duque local

500 A.C.

Um de seus ex-alunos, Yang Hou, assume o trono e o convida para ser ministro da Justiça, o único cargo de importância no governo que assumiria em toda a vida

497 A.C.

Opositores de Confúcio subornam o ministro-chefe com a oferta de 80 dançarinas em troca da demissão do mestre, que, ao tomar conhecimento da traição, renuncia

497 A.C

Ao lado de seus discípulos, Confúcio viaja na tentativa de converter sua doutrina em realidade política. Nessa peregrinação, consagra-se como o homem mais sábio do país

491 A.C.

Morre Yen Hui, seu discípulo favorito. “Agora não existe mais ninguém que me entenda”, teria dito, temendo que seus ensinamentos não fossem perpetuados

479 A.C.

Uma manhã, ao sentir que a morte o rondava, teria dito: “Não existe ninguém que me queira fazer seu professor. Chegou a hora da minha morte”. Oito dias depois, Confúcio morreria aos 72 anos

371 A.C.

Nasce Mêncio, o segundo sábio do confucionismo. Ele conferiu aos ensinamentos uma dimensão mais próxima do misticismo. Depois dele veio Xunzi, o terceiro grande sábio confucionista

213 A.C.

O imperador Shi Huangdi ordena a queima dos livros sagrados numa tentativa de extinguir a tradição feudal. Muitos confucionistas, que conheciam esses textos de memória, são assassinados

De 206 A.C. a 220 D.C.

A dinastia Han admite o confucionismo como religião e cria uma escola de administração baseada em seus livros. Dong Zhongshu incorpora elementos taoístas

1911

Cai a dinastia Qing e o confucionismo perde influência na vida pública chinesa. Os princípios do confucionismo, no entanto, sobrevivem na cultura do paísc

1949

Mao Tsé-tung proíbe o confucionismo. Anos mais tarde, o governo faria as pazes com o filósofo, admitindo sua influência na educação chinesa

 

Isto é Confúcio

Alguns dos principais pontos da filosofia do mestre oriental

Ritual (LI)

Regras que orientam a vida dos homens. A degradação moral, a corrupção dos costumes e a apropriação indébita do poder vêm do desconhecimento sobre o comportamento ritual

Virtude (DE)

É a postura interna de cada um, baseada no hábito de praticar o que é correto. Respeitar, amar, ter fraternidade consigo mesmo e com o próximo são exemplos de virtude

Conduta (Zeng)

Devemos conhecer nossos limites para ter um bom relacionamento com as pessoas. Daí vem a célebre frase confuciana: “Não fazer ao próximo o que não quer que façam com você”

Caminho (DAO)

Para atingir a harmonia entre a natureza e a sociedade, é preciso equilíbrio, evitando excessos ou faltas: “Quem diz o que não deve perde o amigo; quem não diz o que deve perde a palavra. O sábio não perde o amigo nem a palavra”

Humanismo (REN)

É a síntese de amor e altruísmo. O primeiro se aproxima da afeição recíproca, da compreensão e do equilíbrio entre as pessoas. O segundo segue a linha da ajuda desinteressada, diferente da caridade

 

Para saber mais

Na livraria:

Confucius, the Man and the Myth – Herrlee Glessner Creel, Greenwood Press, EUA, 1972

Os Analectos – Confúcio, Martins Fontes, 2000

Confúcio em 90 Minutos – Paul Strathern, Jorge Zahar, 1998

A History of Chinese Philosophy – Feng Yu-Lan, Princeton Paperbacks, EUA, 1983

 

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