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Assassinatos de imperadores romanos seguiam um padrão matemático

Estudo viu paralelo entre mortes dos líderes e modelos matemáticos usados por engenheiros para calcular tempo que peças de uma máquina levam para falhar.

Por A. J. Oliveira
24 dez 2019, 12h09

Em quatro séculos de história, o Império Romano do Ocidente teve 69 governantes. Destes, 43 (ou 62%) morreram de forma violenta — por assassinato, suicídio ou em batalha. Não há dúvida de que o cargo máximo da maior estrutura sociopolítica que já existiu na civilização ocidental era uma das posições mais perigosas que alguém podia ocupar. Uma nova pesquisa mostra que essas mortes não foram tão aleatórias quanto parecem.

O estudo revelou que os imperadores romanos tinham chance altíssima de sofrer algum fim trágico logo no seu primeiro ano no poder. Esse risco ia caindo aos poucos durante os sete anos seguintes, se estabilizava entre o oitavo e o décimo segundo ano, e depois tornava a subir. Quem chegou a essas conclusões foi Joseph Saleh, engenheiro aeroespacial do Georgia Tech, nos EUA. Por algum motivo, ele resolveu misturar história com engenharia.

Ambas parecem ter bem mais em comum do que podíamos imaginar. Saleh usou modelos estatísticos tradicionalmente usados para calcular a confiabilidade dos componentes de um sistema — o tempo que as peças de uma máquina levam para quebrar. Essa ideia inusitada rendeu resultados interessantes, já que o padrão entre o tempo-até-a-falha das partes e o tempo-até-a-morte dos imperadores seguem um padrão surpreendentemente parecido.

Mas, afinal, qual é a semelhança entre o Nero e a engrenagem de uma linha de produção? É que, tanto para um quanto para outro, o primeiro ano é crucial e com grande risco de falha pois podem operar de forma indesejada. Ou, no caso do imperador, ele podia se mostrar uma pessoa incapacitada para exercer as imensas responsabilidades do cargo. Posteriores altas no risco de falha também ocorrem nos componentes, devido ao desgaste das peças.

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Esse desgaste ocorria no nível político para o líder do Império. “É interessante que um processo não-convencional e perigoso, que parece randômico, como a morte violenta de um imperador romano — ao longo de um período de quatro séculos em um mundo vastamente mudado — aparente ter uma estrutura sistemática incrivelmente bem descrita por um modelo estatístico usado de forma ampla na engenharia”, disse Saleh em comunicado.

“Mesmo que pareçam eventos aleatórios quando avaliados separadamente, esses resultados indicam que deve ter havido processos subjacentes regendo a duração de cada governo até a morte.” É claro que o método tem limitações, já que não foi baseado em experimentos, e sim em relatos históricos, que podem ser divergentes e inconsistentes. Mas é uma técnica que sem dúvida merece ser explorada mais a fundo em estudos futuros.

Se você curte saber mais sobre o Império Romano, vai adorar dar uma olhada na fonte que Saleh usou para extrair seus dados. Ele obteve as informações do site De Imperatoribus Romanis, uma enciclopédia online com conteúdo revisado por pares que reúne um vasto material sobre os imperadores romanos e suas famílias. Só não repare muito na estética digital arcaica, típica lá dos idos da internet do milênio passado.

 

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