Durante o período do Terror (1792-1794), a mais negra fase da Revolução Francesa, era comum o Comitê de Salvação Pública, comandado por Robespierre, determinar a execução de inimigos com base em falsas acusações. Certa vez, o Comitê denunciou uma conspiração para envenenar soldados com conhaque, Mas, para punir os responsáveis, era preciso provar a culpa. Por isso, uma amostra da bebida foi enviada para análise ano químico Claude-Louis Berthollet (1749-1822), respeitado por ter descoberto, entre outras coisas, que o cloro tinha propriedades descorantes que podiam ser usadas para branquear tecidos. Junto com a amostra, uma ameaça explícita: Robespierre necessitava da prova e quem desobedecesse seria guilhotinado. Mas Berthollet não se deixou intimidar. Terminada a análise, concluiu que não havia veneno na bebida. Chamado ao Comitê para alterar o laudo, o cientista, irredutível, decidiu mostrar que dizia a verdade e bebeu o conhaque na frente de todos. Irritado, Robespierre gritou: Como ousa beber esse líquido? Muito mais ousei quando assinei o laudo, respondeu Berthollet. Ele só escapou da guilhotina porque o Comitê precisava de seus serviços.