Por que animais da África e da América do Sul são tão diferentes?
Os dois continentes estiveram unidos por 400 milhões de anos. Mas, depois de uma separação de 110 milhões de anos, as diferenças se acumularam
Faz 110 milhões de anos que eles se separaram, tempo suficiente para cada um desenvolver seus próprios bichos. Devido ao movimento das placas tectônicas – pedaços de crosta terrestre que se movem alterando a superfície do planeta –, cada continente passou por uma história geológica diferente. A África ficou sempre ligada a outras massas de terra e teve oportunidade de trocar animais com essas regiões. Já a América do Sul enfrentou um longo período de isolamento, transformando-se em uma ilha. Acabou dando origem a uma fauna própria. “O fenômeno é parecido com o que aconteceu com a Austrália, que ainda hoje permanece isolada”, conta o paleontólogo Reinaldo Bertini, da Universidade Estadual Paulista, em Rio Claro.
Histórias separadas
Acompanhe a trajetória dos continentes sul-americano e africano
Há 500 milhões de anos a distribuição das massas de terra era diferente. Foi quando surgiram formas de vida complexas, como os trilobitas, um invertebrado que carregava uma concha.
Há 260 milhões de anos, toda a terra emersa estava unida em um único continente, a Pangéia. África e América do Sul partilhavam da mesma fauna, cujo principal representante era o mesossauro.
Há 110 milhões de anos começou a separação. Os notossúquios, crocodilos pré-históricos, habitavam as duas regiões quando isso aconteceu.
A África permaneceu bem próxima da Europa e da Ásia, com a qual manteve uma troca constante de animais, como elefantes e leões. Já a América do Sul virou uma ilha e desenvolveu uma fauna própria, como preguiças, tamanduás e tatus.
Há cerca de 7 milhões de anos, a América do Sul começou a se juntar ao restante do continente americano e a receber habitantes da América do Norte, como os felinos do grupo das onças.