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Dois acidentes aéreos que redefiniram os rumos do futebol mundial

Tragédias aéreas mudaram o destino de dois gigantes do futebol de modo marcante e presente até hoje. Um para o ocaso e outro para a glória

Por Tiago Jokura Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 29 nov 2016, 23h04 - Publicado em 29 nov 2016, 15h17

O mundo está chocado com a queda do avião que levava a Associação Chapecoense de Futebol (#ForçaChape) para Medellín, na Colômbia. A viagem para a primeira final internacional do modesto clube catarinense, a da Copa Sul-Americana, foi interrompida a 30 km do sonhado destino. São 71 mortes confirmadas entre atletas, comissão técnica, jornalistas e tripulantes.

A tragédia, infelizmente, não é a primeira com clubes de futebol na história da aviação. Os casos mais célebres envolveram clubes europeus voltando de partidas internacionais: o italiano Torino, em 1949, e o Manchester United, em 1958 – há ainda outros episódios semelhantes, como o do time peruano do Alianza Lima, em 1987 (só o piloto sobreviveu) e o das seleções de Dinamarca (8 mortos em 1960) e de Zâmbia (30 mortos em 1993).

Além do impacto imediato, que vitimou dezenas, os episódios de Torino e do Manchester United foram acidentes que redefiniram o destino das duas agremiações de modo marcante e presente até hoje. Um para o ocaso e outro para a glória, como você acompanha a seguir.

 

Torino, 1949

Se você não é fã de futebol, talvez jamais tenha ouvido falar de uma das maiores equipes da história do esporte: tetracampeão italiano, base da seleção do país. Aqui no Brasil, hoje em dia, talvez seja tão conhecido e relevante quanto o clube paulistano que tomou a cor grená emprestada para o seu uniforme: o folclórico Juventus da Moóca.

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O Grande Torino – apelido do time à época – passou por uma tragédia sem igual: voltando de um jogo contra o Benfica, em Lisboa, chocou-se com a basílica de Superga, em Turim. Todas as 42 pessoas presentes no voo morreram na hora. A comoção foi total, com 500 mil pessoas acompanhando os funerais.

Mas o futebol seguiu seu curso, com o Torino há quatro jogos de conquistar o quinto scudetto seguido e tornar-se pentacampeão nacional. Para disputar o restante do campeonato, apelou para atletas juvenis. Solidários, os principais rivais fizeram o mesmo, e assim a equipe conquistou o quinto título nacional seguido.

Foi o apogeu do clube, que nunca mais conseguiu repetir as façanhas e ainda por cima viu, ao longo das décadas, o rival local, a Juventus de Turim, se tornar o maoir vencedor da Itália. De 1949 até hoje, o Torino conquistou só um campeonato italiano, contra 25 – sim, vin-te e cin-co – da Vecchia Signora (apelido da Juventus). O esquadrão nunca se recuperou da queda e virou time pequeno, com seguidas incursões à segunda divisão, inclusive.

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Manchester United, 1958

Nove anos depois, em Manchester, interior da Inglaterra, a história parecia igual. O United voltava de Belgrado, antiga Iugoslávia, onde enfrentou o Estrela Vermelha pelas quartas-de-final da Liga dos Campeões. O time fez escala em Munique, Alemanha, e não resistiu à terceira tentativa de decolar em meio à uma tempestade de neve. Morreram 23 integrantes da delegação, incluindo oito jogadores – alguns da seleção inglesa. Dentre os sobreviventes, estava um atleta que viria a ser o maior jogador da história da Inglaterra, Sir Bobby Charlton.

Com a liderança de Charlton, os red devils deixaram os rivais do City para trás e subiram de patamar nacionalmente. Na Inglaterra, até hoje, os torcedores são muito apaixonados pelo time do bairro ou da cidade. Não tem essa de clubes com torcida nacional, espalhada pelo país. O Manchester United foi o primeiro a romper essa barreira, fruto da comoção nacional gerada pelo acidente aéreo. Dez anos depois, veio o primeiro de três títulos europeus, que fizeram a fama do ManUtd mundialmente. Em 2016, o clube é avaliado como o terceiro mais valioso do futebol: 3,3 bilhões de dólares, atrás apenas de Real Madrid e Barcelona.

E o English Team também colheu os louros da ascensão dos diabos vermelhos: o sobrevivente Bobby Charlton foi o capitão da maior conquista da seleção, a Copa do Mundo de 1966, que a Inglaterra conquistou em casa.

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