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Eleições: conheça o rinoceronte que recebeu 100 mil votos para vereador em SP

Relembre o caso da Cacareco, que morava no zoológico de São Paulo quando foi eleita e inspirou até um partido político canadense.

Por Manuela Mourão
Atualizado em 10 out 2024, 12h26 - Publicado em 8 out 2024, 19h00

Nascida no Rio de Janeiro, em 1954, Cacareco foi uma rinoceronte fêmea que viveu até seus quatro anos na antiga capital do país. Na época, as pessoas confundiram o seu sexo. Achavam que era um macho.

Em 1958, Cacareco se mudou. Ela foi emprestada ao Zoológico de São Paulo para a inauguração do espaço e foi a grande atração do evento, que reuniu mais de 200 pessoas. Depois disso, a popularidade do animal disparou.

Um ano depois, em 1959, o Brasil começava a sentir as desestabilidades políticas da reta final do governo de Juscelino Kubitschek. E, em São Paulo, tanto a prefeitura quanto a Câmara Municipal não vinham agradando o povo. As insatisfações eram tantas que, em um artigo para o Estadão, o jornalista Itaboraí Martins sugeriu que a rinoceronte deveria se candidatar a vereadora da cidade.

Mas a crítica ácida tomou grandes proporções. A população adorou a ideia, e enxergavam a candidatura como uma forma de manifestação. E então Cacareco entrou na disputa eleitoral.

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A campanha da rinoceronte

Segundo a Assembleia Legislativa de São Paulo, a campanha de 1959 correu tão normal quanto qualquer outra. A candidatura de Cacareco foi divulgada em debates de televisão, santinhos e pichações em muros. O portal de notícias g1 relembra que Jânio Quadros, na época vereador da cidade, chegou a se pronunciar sobre o assunto, dizendo que a rinoceronte era uma candidata tão forte que poderia ocupar os Campos Elíseos (bairro na região central onde ficava a sede do governo do estado na época).

Eis o jingle do bicho:Cansados de tanto sofrer, e de levar peteleco, vamos agora responder, votando no Cacareco”. Bom, não?

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As eleições

Antes das urnas eletrônicas, os eleitores escreviam em cédulas de papel quem eram os seus candidatos. Gráficas também imprimiam o nome dos concorrentes e o eleitor poderia assinar em quem ele queria votar. 

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Foto com duas mão contando os votos escrito Cacareco
(Wikimedia Commons/Reprodução)

934.794 pessoas votaram nas eleições de São Paulo. Naquele ano, houve 450 candidatos a vereador – e Cacareco foi a mais votada, por muito. Ela recebeu 100 mil votos. Em comparação, o partido mais votado sequer somou 95 mil.

A aposentadoria 

Para a infelicidade de muitos, Cacareco não assumiu a vaga de vereadora. Dois dias antes das eleições, inclusive, ela já havia voltado ao Rio. A vida de garota de Ipanema durou até seus últimos dias de vida, em 1962.

Cacareco morreu com apenas oito anos (rinocerontes costumam viver até os 50 na natureza). Seu esqueleto foi enviado ao museu de Anatomia Veterinária da USP, e está lá até hoje. 

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Legado

No carnaval de 1960, Cacareco foi homenageada em marchinhas, como o sucesso “Cacareco É o Maior”, música de Risadinha e José Roy, cuja letra dizia: “Cacareco é o maior, Cacareco de ninguém tem dó.”

Em 1963, um partido político surgiu no Canadá, e seus participantes alegavam ser descendentes espirituais de Cacareco. O Partido dos Rinocerontes ou no inglês, The Rhinoceros Party, existiu até 1993. 

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O caso da Cacareco não foi único. Já houve vários animais candidatos a cargos políticos. A Super já listou alguns deles – você pode conferir aqui.

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