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Em 1999, a Irlanda mudou uma rodovia de lugar para não perturbar fadas

O trajeto original derrubaria um arbusto que, supostamente, abrigava as criaturinhas. Destruí-lo amaldiçoaria a estrada. E os engenheiros compraram a ideia.

Por Leo Caparroz
Atualizado em 3 out 2023, 19h36 - Publicado em 3 out 2023, 19h35

Quem pega a rodovia M18, na Irlanda, pode observar um pequeno arbusto. Aparentemente, ele não tem nada de especial é uma vegetação comum de beira de estrada, como qualquer outra. Só que esse arbusto em específico foi responsável por desviar a obra de uma rodovia. O motivo? Ele é, supostamente, a casa de fadas.

Em 1999, rolava o projeto de uma via expressa para contornar as cidades de Newmarket-on-Fergus e Ennis. A construção ia bem, até que Eddie Lenihan, um folclorista famoso no país, ficou sabendo que o arbusto estava ameaçado.

Em defesa desta frondosa unidade de vegetação, ele escreveu uma carta de alerta para as autoridades locais: se arrancassem o arbusto, as fadas amaldiçoariam a estrada e todos que a utilizassem. Haveriam mais acidentes, e alguns motoristas morreriam.

Segundo Lenihan, fazendeiros locais haviam encontrado manchas brancas ao redor da planta um sinal inequívoco de… sangue de fada. O arbusto seria uma espécie de ponto de encontro de fadas durante batalhas, um lugar para elas se reagruparem e repensarem táticas antes de voltar para o combate. 

Parece estranho imaginar as dita-cujas tão violentas. Mas, segundo o folclore irlandês, as fadas são vistas como guardiões ferozes de suas moradas – seja uma colina, um anel de cogumelos no chão, um lago, bosque ou um arbusto específico.

Quem acredita na existência desses seres tem certeza de que violar esses espaços traz a ira das fadas, que vão tentar ferozmente expulsar as pessoas ou objetos que invadiram ou destruíram suas casas.

Parece absurdo para nós, mas é coisa séria naquelas bandas da Europa. Por exemplo: Arthur Conan Doyle, o autor das histórias de Sherlock Holmes, tinha certeza absoluta de que fadas existiam, e de que havia fotografias provando isso (as fotos em questão, naturalmente, foram manipuladas). 

Uma das supostas fotos das fadas de Cottingley, que enganaram Arthur Conan Doyle.
Uma das supostas fotos das fadas de Cottingley, que enganaram Arthur Conan Doyle. (Elsie Wright/Domínio Público)

A notícia de que as fadas seriam expropriadas ganhou proporções internacionais – veículos como a CNN e o New York Times escreveram, na época, sobre a história.

A repercussão e o envolvimento de Lenihan valeram a causa. Depois de analisar o terreno do arbusto e os desenhos do projeto, os engenheiros constataram que seria possível contorná-lo e, assim, não incomodar as fadas.

“Não pensei que houvesse qualquer necessidade, sob todos os pontos de vista, de que fosse cortado. Estou feliz que as pessoas tenham percebido o bom senso”, afirmou Lenihan, na ocasião, ao jornal The Irish Times.

O arbusto foi incorporado ao paisagismo do desvio. Mais de vinte anos depois, ele continua firme e forte, com suas residentes felizes e tranquilas na beira da estrada.

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