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Existem milagres?

A resposta para esta pergunta depende da fé de cada um. Mas mesmo a Igreja Católica tem critérios rígidos para classificar fenômenos que desafiam a natureza.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h33 - Publicado em 31 ago 2003, 22h00

Tatiana Achcar e Maria Fernanda Almeida

Milagre é um evento sobrenatural, inexplicável, que causa estranheza e admiração. Só é entendido como tal pela fé. Mas apenas fé basta para se crer em um milagre? Nem mesmo a Igreja Católica pensa assim.

Antes de conferir o status de milagroso a determinado fato ou canonizar seu executor, o Vaticano faz uma rigorosa análise no suposto milagre, separando os fraudulentos daqueles considerados divinos. Entre os milagres tidos por legítimos estão a Eucaristia de Lanciano e da liquefação do sangue de São Januário – o San Gennaro das festas napolitanas.

SANGUE DE CRISTO

Segundo a Igreja, no século 7, um monge da cidade italiana de Lanciano duvidava que a hóstia consagrada e o vinho fossem, de fato, o corpo e o sangue de Cristo. Certa manhã, diante de seus olhos, a hóstia teria-se tornado carne, vermelha e fibrosa. O vinho convertera-se em sangue, de cor terrosa e coagulado em cinco fragmentos. As relíquias foram guardadas e conservadas, até que, em 1970, cientistas passaram a estudá-las. O resultado: a carne, identificada como tecido do coração, e o sangue seriam equivalentes aos de uma pessoa do grupo sangüíneo AB. Mesmo que se trate de material extraído de cadáveres, a conservação da carne e do sangue é surpreendente.

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Outro suposto milagre que vem sendo estudado é a liquefação do sangue de São Januário. Bispo de Benevento, na Itália do século 4, ele foi decapitado por proclamar sua fé. Seu corpo foi recolhido por fiéis, e uma devota, chamada Eusébia, entregou ao bispo de Nápoles um pouco de seu sangue em duas ampolas guardadas até hoje. O sangue preto, duro e seco se liqüefaz, fica vermelho, borbulha e volta a secar. Este fenômeno começou a ser registrado oficialmente pela Santa Sé em 1659. De lá para cá, o sangue teria se liqüefeito mais de 10 mil vezes. Análises de 1904 confirmaram que o conteúdo das ampolas é sangue humano. Os mesmos resultados foram obtidos em 1989, por uma equipe do Instituto de Medicina Legal da Universidade de Turim, na Itália: o sangue não havia se alterado desde o século 4.

Atualmente, processos químicos artificiais podem liqüefazer o sangue coagulado. Mas só uma vez. “Ao ser liquefeito quimicamente, o sangue se decompõe. Decomposto, o sangue não pode ser coagulado novamente”, afirma Tatiana Rabachini, pesquisadora do Instituto de Bioquímica da USP.k

 

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