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Fantasmas existem?

Casos de aparições, vozes eletrônicas e supostas manifestações espirituais de todos os tipos há muito assombram o império do racionalismo.

Por Tânia Nogueira
Atualizado em 2 jul 2018, 16h52 - Publicado em 31 ago 2003, 22h00

Destemidos quando se trata de estudar a vida, a maior parte dos cientistas querem distância da pergunta fatal: o que acontece com a nossa consciência depois que morremos?

A ciência gosta de certezas, e eis um campo onde elas não são nada fáceis de encontrar. “Um fato só é cientificamente aceitável quando, respeitadas as mesmas condições, pode ser reproduzido em qualquer laboratório do mundo”, diz Álvaro Vannucci, professor do departamento de física aplicada da USP.

Nem todo cientista, no entanto, foge quando ouve falar em fantasmas. Vannucci cita trabalhos de pesquisadores de universidades importantes do mundo todo, alguns publicados em revistas científicas, relatando investigações de fenômenos inexplicados, como objetos que levitam, sons que surgem do nada, aparições e até materialização de espíritos.

Isso não vem de hoje. No fim do século 19, o importante físico inglês William Crookes pesquisou fenômenos supostamente atribuídos a espíritos e, depois de dois anos, chegou à conclusão de que os fenômenos eram reais. “Por que a comunidade científica ignora esse fato?”, diz Vannucci. “Porque Crookes não criou condições para que sua experiência fosse reproduzida em laboratório. Portanto, não provou nada.”

Embora não sejam provas, para Vannucci, os testemunhos de Crookes e de outros cientistas importantes são evidências de que a consciência pode sobreviver ao corpo. E ele está em busca de objetos de estudo e métodos que permitam fazer experiências nesse campo que possam ser reproduzidas. “A minha idéia é descobrir os fundamentos da física por trás do fenômeno, as equações matemáticas associadas a ele”, diz.

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Aparições

São os famosos fantasmas, espíritos de pessoas mortas que por instantes se tornariam visíveis para os vivos. Podem ser transparentes, esferas de luz, uma sombra, seres em decomposição ou ter a mesma aparência dos vivos. A maioria dos psiquiatras considera essas visões (tirando as fraudes) como alucinações, muitas vezes decorrentes de desequilíbrio emocional. Muitas dessas aparições acontecem quando a pessoa está na cama e os médicos crêem que elas sejam uma espécie de sonho acordado, que se dá entre o estado de vigília e o sono.

Para os espíritas, algumas pessoas, os médiuns, têm maior facilidade de entrar em contato com os espíritos. A psiquiatria há muito estuda a relação da mediunidade com distúrbios mentais, mas até hoje não conseguiu provar que essas pessoas têm obrigatoriamente algum problema. O psiquiatra Alexander Almeida, coordenador do Núcleo de Estudos de Problemas Espirituais e Religiosos (Neper) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, grupo multidisciplinar não-religioso que estuda as relações entre espiritualidade e saúde, diz que na prática psiquiátrica já encontrou pacientes diagnosticados como doentes pelo fato de verem coisas, ouvirem vozes, que o deixaram bastante em dúvida por não apresentarem qualquer outro sinal de perturbação psicológica.

Vozes eletrônicas

Frases inteiras que aparecem gravadas com supostas mensagens dos mortos. A ideia de se comunicar com os mortos por meio de aparelhos elétricos não é nova. O cientista Thomas Edison, inventor da lâmpada elétrica, já falava que um dia isso seria possível. Recentemente, surgiu no Brasil um grupo que alega grande sucesso nesse tipo de comunicação. O que tem intrigado os cientistas nesse caso são as gravações reversas em duplo sentido. Ou seja, algumas gravações podem ser ouvidas de frente para trás e de trás para frente: em cada direção elas formam frases diferentes. Não se conhece tecnologia capaz de fazer isso.

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Possessões

Espíritos ou demônios entram no corpo de uma pessoa, que passa a agir de forma muito estranha. Até hoje, há padres treinados para expulsar esses intrusos. O filme O Exorcista, por exemplo, foi baseado no diário de um padre desses. Na maioria dos casos, a psiquiatria diagnostica essas pessoas como altamente perturbadas. O fato de algumas falarem idiomas desconhecidos é que nem sempre é bem explicado.

Poltergeists

São fantasmas barulhentos. Espíritos inquietos que jogam coisas na parede, batem portas e janelas, sacodem móveis, quebram louças e vidros. Fenômenos desse tipo costumam estar associados à presença de uma pessoa, em geral, criança ou adolescente — lembra da garotinha do filme Poltergeist, o Fenômeno? Parapsicólogos interpretam essas manifestações como energias descontroladas da própria pessoa. Na palestra A Física e o Mundo Não-Material, que o físico alemão Friedberg Karger deu na Universidade de São Paulo há alguns anos, ele descreveu um episódio em que foi chamado pela companhia de força da Alemanha para investigar um prédio comercial onde as lâmpadas aparentemente se desatarrachavam sozinhas e caíam no chão. O físico não conseguiu dar uma explicação científica para o fenômeno, mas, quando uma moça que trabalhava no local foi afastada, as manifestações pararam.

Cirurgias espirituais

Todo mundo já ouviu falar de pessoas que, supostamente, incorporam o espírito de um médico e começam a realizar curas milagrosas. Alexander Almeida, do Núcleo de Estudos de Problemas Espirituais e Religiosos da USP, fez um estudo sobre um desses médiuns e diz que constatou coisas bastante curiosas. “Ele cortava as pessoas com uma faca de cozinha, sem assepsia nem anestesia”, conta Almeida. “Só uma pessoa se referiu a dor. Nós acompanhamos os pacientes por uns dias após a cirurgia e ninguém teve infecção.”

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