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Mamãe :Terra te ama

Há quem defenda que o planeta funciona feito um super organismo, que faz de tudo para proteger a vida - e pode esmagar quem ousar ameaçá-la

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h22 - Publicado em 31 out 2007, 22h00

Texto Giovana Girardi

Da próxima vez que for poluir o planeta, pense duas vezes antes. Se o cientista britânico James Lovelock estiver certo, você estará agredindo um organismo vivo, inteligente, auto-regulador e que, daqui a algum tempo, pode se tornar perigosamente vingativo. Essa é Gaia.

A hipótese foi proposta no início da década de 1970 por Lovelock e pela bióloga americana Lynn Margulis (leia mais sobre ela no texto sobre simbiogênese), em um tom que misturava pouca ciência e muitas profecias apocalípticas.

A idéia central era mostrar que a Terra não é composta apenas de seres vivos, mas é um sistema único e interligado, que inclui o ar, os oceanos e as rochas. O uso do nome Gaia foi uma homenagem à deusa grega da Terra. A verdade, no entanto, é que, na época, nem mesmo os autores sabiam muito bem como ela funcionava, como admitiu Lovelock posteriormente.

Mais que um pedaço de rocha

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Hoje há ainda quem torça o nariz para essas analogias, mas ao longo de mais de 30 anos o britânico tem se esforçado para comprovar seus argumentos. Segundo ele, a Terra não é só um ponto no meio do Universo com condições climáticas adequadas para o surgimento da vida. O planeta, na verdade, “faz” de tudo para que a vida aconteça. “[Gaia] é um sistema fisiológico dinâmico que vem mantendo nosso planeta apto para a vida há mais de 3 bilhões de anos. Chamo Gaia de um sistema fisiológico porque parece dotada do objetivo inconsciente de regular o clima e a química em um estado confortável para a vida”, escreveu Lovelock em seu mais recente livro, A Vingança de Gaia.

Entre os elementos centrais da idéia está a impressionante estabilidade da Terra ao longo de centenas de milhões de anos, apesar de algumas oscilações. Uma coisa curiosa, por exemplo, é que a temperatura do planeta tem variado relativamente pouco, embora o Sol esteja ficando cada vez mais quente. A composição da atmosfera também tende, em geral, a ficar estável, mais ou menos nos níveis de hoje, assim como a proporção de sal no mar, e há sinais de que os seres vivos, como plantas, bactérias e protozoários, ajudam a controlar inconscientemente esses fatores. Em linhas gerais, é como se todos os componentes fossem se ajustando, em termos de temperatura, gases presentes na atmosfera, nutrientes no solo e na água, de modo a possibilitar a existência da vida.

Antes que alguém chie, no entanto, Lovelock avisa que só está usando uma metáfora ao falar em Terra viva – “não é que ela seja viva como um animal, ou uma bactéria”, ele explica. Mesmo assim, a comparação é irresistível. Imagine então um camelo. Vivendo no deserto, onde durante o dia o calor passa de 40 ºC e à noite cai para perto de 0 ºC, ele regula sua temperatura corpórea de modo a ficar mais adequado às mudanças. “Gaia, como o camelo, tem diversos estados estáveis, de modo a poder acomodar-se ao ambiente interno e externo mutável.”

O problema, no entanto, é que as mudanças climáticas provo cadas pelo homem podem colocar essa capacidade de auto-regulação em perigo. E aí o planeta pode resolver reagir contra os bagunceiros. Mas quem vai sofrer, no final das contas, não será a Terra, que talvez permaneça firme e forte, como acredita Lovelock, mas os seres humanos, que perderão seu espaço. Em última instância, o cientista procura mostrar que, sendo a Terra um planeta vivo, não pode ser considerada um imóvel a ser explorado pela humanidade.

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Ganhando respeito

Na mitologia grega, Gaia era a mais fértil das deusas. Seu casamento com Urano, o deus do céu, gerou uma infinidade de filhos.No mundo real, a teoria que leva seu nome também anda dando frutos. Ela ainda sofre a resistência de parte dos cientistas, mas alguns de seus preceitos já foram aceitos. Em 2001, em uma conferência na Holanda que reunia várias organizações para discutir as mudanças climáticas, foi assinada uma declaração que dizia: “O sistema da Terra se comporta como um sistema único e auto-regulador composto de componentes físicos, químicos, biológicos e humanos”.

“Chamo Gaia de um sistema fisiológico porque parece regular o clima e a química num estado confortável para os seres vivos.”

James Lovelock, pai da teoria de gaia

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