O asteróide assassino
Uma catástrofe cósmica é a explicação mais plausível para a extinção dos répteis gigantes, há 65 milhões de anos.
Por que os dinossauros desapareceram? A pergunta vinha intrigando os cientistas desde o século XIX, quando foram identificados os primeiros fósseis desses bichos. A data da extinção não demorou a ser definida, pois os sinais da existência dos dinos terminam de repente, 65 milhões de anos atrás. Pela teoria mais aceita até a década de 80, eles simplesmente teriam se tornado grandes demais, sucumbindo pela incapacidade de obter comida suficiente. Mas certeza, que é bom, ninguém tinha.
Quem parece ter matado a charada foi o físico americano Luis Alvarez (1911-1988), em parceria com seu filho, o geólogo Walter Alvarez, em 1980. Estudando uma camada de rochas de 65 milhões de anos na cidade de Gubbio, Itália, os pesquisadores detectaram um mineral raro chamado irídio numa concentração trinta vezes maior que a habitual na Terra. O irídio está presente nos meteoritos que caem do espaço o tempo todo. A camada que os Alvarez acharam na Itália foi detectada depois em mais de cinqüenta lugares do planeta, confirmando que algo de extraordinário ocorreu há 65 milhões de anos. Os pesquisadores fizeram as contas e concluíram que um asteróide de 10 quilômetros de diâmetro deve ter se chocado contra a Terra, provocando uma catástrofe que aniquilou os dinossauros.
A cratera resultante da queda do exterminador foi finalmente encontrada em 1990 no Golfo do México, perto da Península do Yucatán. Seu diâmetro coincidia exatamente com o tamanho calculado pelos Alvarez. A partir daí, ficou fácil deduzir o resto. A bola de fogo caída do espaço criou uma nuvem de poeira que bloqueou a luz solar durante pelo menos três meses. A cobertura vegetal desapareceu quase totalmente. Os dinos morreram de fome. Mas os bichos menores, acostumados a comer praticamente qualquer coisa, conseguiram sobreviver. Entre eles estavam os primeiros mamíferos – roedores pequenos como camundongos. Nossos ancestrais.
As aves do terror
A idéia de que os dinossauros podem ser os ancestrais das aves modernas é antiga. Já em 1860 o zoólogo inglês Thomas Huxley (1825-1895) havia levantado essa hipótese, que se tornou desde então um foco permanente de debate entre os cientistas. Em maio de 1997, o paleontólogo argentino Fernando Novas fez uma descoberta que reacendeu a polêmica. Ele encontrou o esqueleto de um animal que habitou a Patagônia há 90 milhões de anos e é, até agora, o dino mais próximo das aves que se conhece. O unenlagia, como foi batizado, era um predador terrível, com 1,8 metro de altura. O detalhe crucial estava nos braços, que podiam se mover de cima para baixo como se fossem asas de verdade. Mas, de acordo com Novas, o bicho não conseguia sair do chão. O rascunho de asas só servia para ajudá-lo a equilibrar o corpo enquanto corria atrás de caça. Mais tarde, pode ter evoluído para possibilitar o vôo.
Vovô dino era gaúcho
Na cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul, o paleontólogo brasileiro Max Langer encontrou três esqueletos do que pode ter sido o avô dos dinossauros. O bicho, de apenas 1,5 metro de comprimento por 80 centímetros de altura, viveu há 230 milhões de anos e foi um dos primeiros da espécie. Para Langer, as três linhagens mais antigas de dinos se originaram na atual América do Sul e depois povoaram o resto do planeta – todos os continentes eram um só bloco nessa época. A descoberta não foi a primeira. Em 1934, tinha sido achado também em Santa Maria um fóssil do estauricossauro, com 2 metros de comprimento e 235 milhões de anos.
Insetos jurássicos
Ao contrário dos dinossauros, os insetos que habitaram o planeta há milhões de anos quase não deixaram fósseis, pois se deterioraram rapidamente, sem deixar vestígios. Mas alguns deles se conservaram, quase intactos, em pedaços de âmbar, resina produzida por certas árvores. Em 1993, o âmbar ganhou destaque com o filme Parque dos Dinossauros, de Steven Spielberg. Nele, os dinos eram reconstruídos a partir do DNA do sangue encontrado em mosquitos jurássicos que tinham acabado de encher a barriga e ficaram presos na resina. Na opinião dos cientistas, isso é quase impossível. O principal motivo é a baixa estabilidade das moléculas de DNA, que se desmancham com o tempo. Além disso, os lagartões tinham uma pele tão dura que dificilmente um mosquito conseguiria picá-los.