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O Brasil fosse conquistado pelos fundamentalistas islâmicos?

Se o país fosse conquistado pelos fundamentalistas islâmicos tomar caipirinha e cerveja seria açoitamento público e cozinhar uma feijoada seria motivo de enforcamento.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h32 - Publicado em 31 out 2001, 22h00

Dagomir Marquezi

Depois que os Estados Unidos se renderam a Osama bin Laden, já devidamente autonomeado Grande Califa Universal, toda a defesa do continente americano desmoronou. Resultado: o Brasil também foi obrigado a se entregar às forças fundamentalistas islâmicas. Não demorou para que um porta-aviões coberto de turbantes trouxesse os administradores do novo Emirado Islâmico do Brasil à baía da Guanabara. A festiva hospitalidade dos nativos esperava os invasores com música ao vivo. Mulatas de corpo escultural rebolavam enquanto uma bandinha tocava marchinhas de carnaval: “Atravessamos o deserto do Saara, o sol estava quente e queimou a nossa cara, Alalaô-ô-ô, mas que calo-o-o-orrr…” À frente dos músicos, políticos esperavam ansiosamente o grande momento de agradecer pessoalmente pelo “fim da opressão ianque”. Um bufê abarrotado de quibes, esfihas, tabule e coalhada deixava claro que a culinária libanesa já era uma arte cultivada há muito tempo no país.

Ali mesmo, na pérgola do luxuoso Copacabana Palace, foi reunida toda a imprensa e montado um palanque para o mulá provincial fazer seu primeiro comunicado oficial. Ele ajustou o tapa-olho e começou a disparar os primeiros atos da nova ordem: “Toda música está proibida, exceto os cânticos religiosos maometanos. Caipirinha e cerveja dão açoitamento público. O hambúrguer, símbolo do antigo imperialismo satânico, está definitivamente abolido. Quem cozinhar uma feijoada – ou qualquer outro prato com a impura carne de porco – será enforcado nas traves do Maracanã. Mulheres passam a valer menos que cabras e só poderão ir à praia cobertas da cabeça aos pés. Se rebolarem semi-nuas, serão apedrejadas até a morte. É o fim das novelas e de toda televisão. Rádio, só uma: a Voz do Profeta. O carnaval passa a ser comemorado com jejum e seis orações diárias em direção à Meca. E, para completar, estátua do Cristo Redentor, como os Budas gigantes do Afeganistão, será dinamitada”.

A bandinha, que ainda não havia entendido as ordens, abafadas por seu próprio som, continuava: “Alalaô-ô-ô-ô… Mas que calo-o-o-o-or…”.

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