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O caçador de dinos

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h28 - Publicado em 30 abr 2004, 22h00

Álvaro Oppermann

Deserto de Gobi, Mongólia, 1923. O explorador e cientista Roy Chapman Andrews estava cético a respeito da descoberta de seus assistentes. Incrustado no arenito, uma formação parecia ser um ninho de ovos fossilizado. Quando Andrews foi examiná-lo, veio o choque. Eram realmente ovos. Do período Cretáceo. Mas a surpresa maior estava por vir: junto ao ninho, como que esculpido perfeitamente, estava o corpo fossilizado de um minúsculo filhote de oviraptor.

Foi assim que Andrews provou que o dinossauro do gênero Oviraptor chocava ovos, uma dúvida que pairava sobre os homens de ciência da época. Essa é uma das histórias do explorador, aventureiro, cientista e caçador de dinossauros Roy Chapman Andrews. Para muitos, o maior caçador de feras pré-históricas de todos os tempos.

Nada em sua vida indicava que chegaria a tanto. Tinha sido um aluno apenas mediano em sua cidade natal no Wisconsin, onde nasceu em 1884. Quando se mudou para Nova York, em 1906, queria trabalhar para o Museu de História Natural. Conseguiu. Mas o posto era o de faxineiro. Sua obstinação, no entanto, deu resultados: em 1922 já chefiava uma expedição de cinco anos ao deserto de Gobi, às expensas do museu nova-iorquino, que culminou na descoberta dos tais ovos de oviraptor.

Não existem dúvidas sobre o papel relevante de Roy Andrews na história da paleontologia. Sua persona, porém, desperta controvérsias. Especialmente as incontáveis aventuras que se gabou de ter protagonizado, responsáveis diretas pela fama que granjeou. Seus métodos pouco ortodoxos incluíam leilões de ovos de dinossauro para angariar fundos. Por causa deles, acabou despertando a suspeita dos governos da China e da Rússia, que disputavam o controle da Mongólia. Os russos consideravam Roy um espião. Já os chineses estavam convictos de que o norte-americano queria contrabandear tesouros.

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Logo em 1922, Andrews encontrou o primeiro esqueleto praticamente completo do Baluchiterium, rinoceronte gigante que vivera na Era Glacial. Mas é difícil hoje não julgar pouco apropriada a conduta do arqueólogo quando Kan Chuen Pao, membro de sua equipe, fez a descoberta de um enorme carnívoro que habitou a Terra há 60 milhões de anos. Roy não esperou a morte para ser homenageado: o monstrengo foi prontamente batizado de Andrewsarchus, ou a “besta de Andrews”.

Transparece em todos os relatos acerca do explorador uma enorme vaidade. Ele tinha o costume de posar para os fotógrafos em sua indumentária típica: de chapelão e revólver na cintura. Gostava de alardear que enfrentara à bala um grupo de salteadores e que escapara milagrosamente da guarda chinesa, em Pequim, sob fogo cerrado. E mais: encarou tempestades de areia no deserto, serpentes gigantes que invadiam o acampamento nas noites gélidas e bandoleiros que infestavam aquela terra sem lei.

O crash da Bolsa de Nova York em 1929 soterrou as pretensões do cientista de prosseguir na Mongólia. Em 1934, aceitou o cargo de diretor do museu. Seu temperamento, no entanto, era pouco afeito ao trabalho entre quatro paredes, e foi forçado a renunciar em 1941. Passou a viver de palestras e dos livros que escreveu sobre suas descobertas. Morreu na Califórnia em 1960.

Figura polêmica, a fronteira entre verdade e ficção acabou borrada em sua biografia. Morto o homem, sobreviveu a lenda. O ex-faxineiro entrou para a posteridade como “o maior caçador de dinossauros da história”. Roy, seja lá onde estiver, deve estar rindo de satisfação.

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