O índigo blue dos índios nunca desbotou
Desvendando o segredo da cor azul brilhante e duradoura dos desenhos dos maias
Os maias, que dominaram a América Central desde o início da era cristã até a chegada dos colonizadores espanhóis, no final do século XV, sabiam fazer uma tinta azul com tonalidade exclusiva. Diferente das pinturas antigas ou medievais européias e asiáticas, que usavam corantes à base de lápis-lazúli ou cobre, as dos maias levavam anil, extraído de uma planta chamada índigo, natural das regiões de clima quente. É o mesmo índigo usado para tingir os jeans de hoje. Só que, ao contrário do que acontece com os jeans, os murais, objetos domésticos e artefatos de rituais religiosos jamais desbotaram. Resistiram a séculos de chuvas e calor nas florestas tropicais. Depois de várias tentativas, com argila de diferentes locais, a equipe liderada pelo físico José Yacamán, da Universidade Nacional Autônoma do México, finalmente descobriu que o segredo de tanta durabilidade está no anil. O corante adicionado ao barro era “batizado” com impurezas de ferro, manganês e titânio. São cristais, principalmente de ferro, na forma de placas e agulhas com alguns nanômetros de comprimento (1 nanômetro mede 1 milímetro dividido 1 milhão de vezes), que seguram o brilho e dão a resistência ao chamado maia blue. Finalmente decifrado.