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O inventor do drive-thru

Por Álvaro Oppermann
Atualizado em 31 out 2016, 18h27 - Publicado em 30 jun 2004, 22h00

O ano era 1931. Royce Hailey acabara de ser promovido a gerente de uma lanchonete tradicional de Dallas, no Texas, a Pig Stands. Aos 21 anos, mesmo sem saber dirigir, seu sonho era o de todo jovem americano da época: comprar um carro. Mas os Estados Unidos viviam os anos duros da recessão, depois da quebra da bolsa em 1929, e o Pig Stands estava às moscas. Os ombros do jovem gerente doíam pela pesada responsabilidade de fazer que os clientes voltassem a ocupar as mesas do restaurante.

Um dia, ouviu de seu patrão uma máxima inspiradora: “As pessoas que têm carro são tão preguiçosas que não querem sair dele nem para comer”. Ele percebeu que era esse tipo de gente que precisava agradar. A solução encontrada por Royce foi original. Colocou, na entrada da lanchonete, uma plaqueta em que se lia “drive-thru” – literalmente, “dirija por” – um serviço até então nunca visto. Os clientes gostaram da novidade e, em pouco tempo, um congestionamento de Fords Modelo T e de outros calhambeques se formou diante da lanchonete. Só os gramáticos protestaram. Afinal, no vernáculo anglo-saxão, deveria ser “drive-through”, e não a corruptela “thru”. De qualquer maneira, um pedestre acabara de inventar a roda na história da alimentação.

Royce Hailey era um sujeito carismático e energético que nasceu em 1910 e aos 14 anos já trabalhava na lanchonete. O drive-thru não foi sua única boa idéia. Hailey também é responsável por uma das mais deliciosas invenções gastronômicas nas bandejas de fast food: os onion rings, anéis de cebola à milanesa. Em 1939, ele também transformou a Pig Stands na primeira lanchonete com luzes fluorescentes de que se tem notícia.

Em comparação com os atuais, o primeiro drive-thru da história era bem rudimentar. O motorista se dirigia aos fundos do Pig Stands e fazia o pedido diretamente para a cozinha. O próprio cozinheiro vinha trazer a encomenda, num pacote marrom sem identificação. Para beber, nada de refrigerante. Os motoristas saíam do Pig Stands tomando cerveja ao volante de seus calhambeques.

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Apesar do sucesso, a idéia custou a se espalhar na terra do automóvel. A rede de lanchonetes Wendy’s só aderiu ao sistema na década de 70 e o primeiro McDonald’s com drive-thru só foi aberto em 1975. Hoje, claro, tudo mudou. 90% das lojas americanas de fast food têm caixas expressas de drive-thru. A QSR, importante publicação do setor de alimentação, faz um ranking anual dos melhores (e piores) drive-thrus do mercado. O sistema financeiro criou o drive-thru banking e até casamentos são realizados com o sistema – em Las Vegas, onde mais?

Royce Hailey tornou-se um empresário de sucesso e, em 1955, comprou o Pig Stands, que funciona até hoje. A presidência do grupo é ocupada por Richard Hailey, seu filho. Ao contrário dos outros pioneiros do fast-food, ele não buscou criar um império. O pai do drive-thru só queria mesmo tirar a lanchonete do vermelho. Royce morreu em 1996 e é bem possível que ficasse orgulhoso sempre que pensava na plaqueta que colocou na frente da sua lanchonete.

 

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