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Desastre de Tenerife: o maior acidente aéreo de todos os tempos

Tudo começou com uma bomba aeroporto de Gran Canaria. Mas foram o cansaço, a desatenção e a pressa que levaram a um desfecho inacreditável.

Por Redação Super
Atualizado em 15 jan 2024, 11h14 - Publicado em 6 nov 2019, 16h59

Da cabine de seu avião, o comandante americano Victor Grubbs viu outra aeronave vindo em sua direção, em meio às névoas que cobriam a pista.  “Esse filho da mãe está vindo para cima da gente!”, gritou. No assento ao lado, o copiloto fechou os olhos e berrou: “Cai fora! Cai fora!” Segundos depois, os dois jumbos – ambos, Boeings 747– explodiam na pista do aeroporto de Los Rodeos, em Tenerife, matando 583 pessoas, entre passageiros e tripulantes. Até hoje, o desastre de Tenerife, que aconteceu no dia 27 de março de 1977, é o maior desastre da história da aviação

O que causou o desastre

A catástrofe foi resultado de uma extraordinária sucessão de coincidências e erros. Os dois aviões estavam inicialmente destinados ao aeroporto de Las Palmas, em Gran Canaria − a maior ilha no arquipélago das Canárias, localizado no Oceano Atlântico e pertencente à Espanha.  Às 13h15, uma bomba explodiu no aeroporto de Gran Canaria, ferindo uma pessoa. O responsável pelo atentado era o grupo Fuerzas Armadas Guanches, que lutavam pela independência total das ilhas em relação à Espanha.

As autoridades do aeroporto isolaram o local e redirecionaram todos os voos para a ilha de Tenerife, no mesmo arquipélago. Além dos dois Boeings, mais três aviões foram desviados para lá.  

O aeroporto de Tenerife, contudo, contava com apenas uma pista de pouso e uma faixa lateral para taxiar. Ambas ficaram congestionadas. Por volta das 14h30, chegou o aviso de que o aeroporto de Las Palmas fora reaberto. Como a faixa lateral continuava cheia os jumbos, tiveram de taxiar juntos na pista de pouso, no meio de um crescente  nevoeiro. Por volta das cinco da tarde, a neblina era tão espessa que os tripulantes não conseguiam ver a aeronave vizinha − nem os operadores da torre conseguiam avistar os aviões. 

No avião holandês, o comandante Jacob Van Zanten estava impaciente. Para cumprir os horários determinados pela companhia aérea, teria de decolar de Las Palmas no máximo às 19 horas. Se o atraso fosse maior que isso, a tripulação teria de trabalhar além do limite legal de horas – e o comandante poderia ser processado.

“Estamos prontos para decolar”, Van Zanten comunicou à torre às 17 horas  e 6 minutos. “Ok”, respondeu o operador do aeroporto. “Aguarde nossa próxima chamada.” Mas o avião holandês só recebeu a primeira parte da mensagem. Isso porque o piloto da Pan Am, captando em seu rádio o início do diálogo, enviou uma mensagem urgente e desesperada à torre: “Ainda estamos no solo!” A mensagem da equipe americana gerou uma interferência nas comunicações, bloqueando a resposta da torre aos holandeses. Van Zanten ouviu apenas o “Ok”. 

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O jumbo holandês, posicionado na ponta da pista, começou a avançar em velocidade crescente. No meio da faixa de decolagem, o Boeing americano continuava parado. Van Zanten só avistou a aeronave em seu caminho quando estava a 100 metros de distância. Imediatamente, empinou o nariz do avião. Na cabine do Boeing, o piloto americano ainda teve tempo de ligar as turbinas  e acelerar o avião para a direita, rumo ao gramado, tentando sair da pista. Os passageiros, que até então aguardavam a decolagem, sentiram a súbita guinada.

Segundos depois, o jumbo holandês passou em voo rasante sobre o Boeing. O trem de pouso e as turbinas do KLM se chocaram contra o teto do avião americano, entre o cockpit e as asas, causando uma explosão instantânea.  O avião holandês se manteve no ar por 150 metros, mas uma de suas turbinas fora destruída. Espatifou-se na pista, matando todas as 235 pessoas a bordo.

Enquanto isso, o fogo se espalhava pelo Boeing. O impacto abrira fendas em várias partes da fuselagem – por esses buracos, 61 dos 380 ocupantes conseguiram se arrastar para a salvação, incluindo os pilotos. O clarão dos aviões em chamas clareou a neblina em um raio de um quilômetro ao redor do acidente. 

Uma sequência de erros

Até hoje, o desastre de Tenerife é estudado nas escolas de aviação como um exemplo de tudo o que pode dar errado em uma decolagem. 

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Entre 13h15 e 14h15
Uma bomba explode no aeroporto de Las Palmas, em Gran Canaria. Os voos são redirecionados para Los Rodeos, em Tenerife.
Esse aeroporto, que é pequeno, fica congestionado. 

14h30 O aeroporto de Las Palmas é liberado, e os aviões começam a ir embora de Los Rodeos.

16h51 Todos os aviões já foram, exceto os da KLM e da PanAm. A neblina está ficando pior.

17h05 O comandante do avião holandês anuncia que vai decolar, embora a aeronave americana continue na pista. 

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17h06 As mensagens simultâneas da Pan Am e da torre de controle se anulam. 

17h06 Segundos depois, o jumbo holandês colide contra o avião americano na pista. 

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