O que aconteceria se o voto nulo ganhasse as eleições?
A diferença básica entre brancos e nulos é que os nulos podem invalidar a eleição e forçar um novo pleito.
Guerra? Tumulto? Que nada: os votos nulos até podem melar eleições se chegarem a mais de 50% do total, só que a Lei Eleitoral exige um novo pleito. Deve rolar outra votação entre 20 e 40 dias depois, com os mesmos candidatos. E isso vale tanto em eleições para o Executivo como para o Legislativo.
Já se os nulos chegarem na frente sem passar dos 50%, não acontece nada. Num eventual 2º turno, eles também não contam. Mesmo se um candidato levar por dois votos a um, está valendo – os nulos acabam subtraídos do resultado final, do mesmo jeito que os votos em branco.
A única diferença entre brancos e nulos, aliás, é justamente a chance de estes últimos invalidarem a eleição. “Em tese, o branco significa aceitação, tipo: ‘Qualquer candidato está valendo’. E o nulo é de quem diz ‘Nenhum candidato merece meu voto’”, diz o cientista político Carlos Melo, da Faculdade Ibmec São Paulo.
Nos tempos pré-urna eletrônica, quando os eleitores podiam escrever na cédula, os descontentes tinham como mostrar quem “merecia” mesmo seus votos. Em 1958, por exemplo, o grande nome das eleições para vereador em São Paulo foi um rinoceronte, o Cacareco.
Ele já freqüentava as colunas sociais desde a inauguração do Zoológico de São Paulo, e ganhou destaque na política pelas mãos do então bairro de Osasco, que brigava para se tornar uma cidade. O chifrudo ficou em 1º, com 100 mil votos, e virou até um brinquedo, lançado pela Estrela. Seu slogan era “melhor votar em um rinoceronte do que em um asno”.
No Rio, 30 anos depois, foi a vez de outro ilustre mamífero: o macaco Tião, batizado em homenagem a São Sebastião. Lançada pela revista de humor Casseta Popular, a candidatura do chimpanzé à prefeitura rendeu um imponente 3° lugar – foram 400 mil votos, ou 9,5% do total. Tião virou lenda quando lançou cocô no prefeiro do Rio de Janeiro na época, Júlio Coutinho, em uma visita ao zoológico.