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Piercings mais antigos já descobertos são encontrados em covas do Neolítico

Os pequenos ornamentos foram achados perto das orelhas e bocas de defuntos – e pesquisadores acreditam que seja a melhor evidência de piercings na antiguidade.

Por Leo Caparroz
Atualizado em 14 mar 2024, 18h57 - Publicado em 14 mar 2024, 18h51

Piercings não são uma coisa exclusiva da modernidade. Pesquisas anteriores sugeriam que a prática era comum em 6.000 a.C. e que ela começou no território do atual Irã – e depois se espalhou pela Mesopotâmia, eventualmente chegando na África, e América do Sul e Central.

Um novo achado arqueológico mostrou que, na verdade, eles são mais antigos do que isso. Pesquisadores encontraram 85 objetos com formato de pequenos rebites em túmulos de um assentamento neolítico no sudeste da Turquia. As datações sugerem que alguns deles são de até 10.000 a.C, o que faz deles a evidência mais antiga – e a mais convincente – de piercings corporais na antiguidade.

Os achados foram publicados no periódico científico Antiquity.

Chamado de Boncuklu Tarla, o sítio arqueológico turco é reconhecido na área pela sua coleção diversa de itens de ornamentos pessoais – como colares e pingentes. Foram mais de 100 mil artefatos encontrados desde 2012, a primeira escavação no local.

Na verdade, acessórios que parecem brincos e piercings já foram documentados entre povos do Neolítico ou do final da Idade da Pedra em vários locais do sudoeste da Ásia, com evidências de até 12 mil anos atrás. A diferença é que nenhum dos objetos havia sido associado diretamente a partes do corpo onde pudessem ter sido usados, ou seja, não eram descobertas tão convincentes.

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Feitos com calcário, sílex, cobre e obsidiana, os novos piercings da Turquia foram encontrados nos túmulos muito próximos das orelhas e mandíbulas dos esqueletos. Eles tinham formatos de pequenos pregos ou tampões. 

Tecidos moles como a pele raramente são preservados – então não há como encontrar um morto daquela época ainda usando um brinco. Por isso, não é tão óbvia a posição dos piercings ou até o jeito que eles eram colocados sob a pele.

Embora alguns dos ornamentos tenham saído do lugar – provavelmente arrastados por ratos descuidados com as evidências – outros permaneceram no lugar, “na superfície superior ou inferior do crânio ou sob a mandíbula inferior”, segundo o artigo.

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Os pesquisadores perceberam que os maxilares de alguns indivíduos apresentavam sinais de desgaste na parte frontal, o que acontece quando um piercing é usado abaixo do lábio inferior.

Um dos sete tipos de ornamento descobertos foi visto repetidamente ao lado das orelhas dos defuntos. Com forma de prego, eles provavelmente eram inseridos na cartilagem da orelha – como brincos.

Os adereços mediam pelo menos 7 milímetros de diâmetro, o que exigiria perfurações consideráveis e provavelmente permanentes na pele.

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Coisa de adulto

Os piercings foram encontrados ao lado dos corpos de sete homens e nove mulheres – todos adultos. Com base na camada de sedimentos a partir da qual foram escavados e na datação anterior por carbono desses sedimentos, cinco dos 85 objetos datam de cerca de 10.000 a 8.000 aC, tornando-os os primeiros exemplos conhecidos de perfurações.

As crianças, por outro lado, tinham tipos diferentes de enfeites por perto. Para os pequenos, são mais comuns pingentes e contas.

“Provavelmente é algo associado a ser adulto”, afirma Emma Baysal, uma das pesquisadoras do estudo. “Talvez um tipo de status social associado à idade ou a um papel específico na sociedade.”

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Dos 100 mil adereços decorativos encontrados no local, só 85 parecem ser projetados como ornamentos corporais e pessoais. Por mais que seja pouco, esses piercings mostram que o povo da região adaptava permanentemente seus corpos de um jeito semelhante ao nosso.

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