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Quais são os principais cargos religiosos e políticos do mundo islâmico?

Saber quem manda entre os muçulmanos é um assunto polêmico desde 632, ano da morte do profeta Maomé.

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Atualizado em 31 out 2016, 18h35 - Publicado em 30 set 2001, 22h00

José Augusto Lemos

Saber quem manda entre os muçulmanos é um assunto polêmico desde 632, ano da morte do profeta Maomé. “As leis deixadas por ele eram muitas vezes contraditórias e não havia regras claras quanto à nomeação de novos líderes”, afirma o historiador Peter Demant, da Universidade de São Paulo. De acordo com o momento ou a facção, títulos como califa, imã e xeque poderiam ser atribuídos a diferentes tipos de autoridade. Para aumentar a confusão, o islamismo exige que a sociedade se organize em função das leis sagradas, o que dá aos líderes religiosos uma importante função política. Para completar, títulos destinados aos soberanos de outros lugares – como os marajás, na Índia – eram assumidos pelos árabes ao conquistar a região. Veja, nos quadros abaixo, quem é quem na milenar história islâmica.

Uns e outros

Saiba como se organizam as elites islâmicas

Califa

Quando Maomé faleceu, Abu Bakr, um de seus discípulos, tornou-se o khalifah, termo árabe para “sucessor”. O termo passou a designar o líder político e religioso de todo o Estado árabe. Foi usado por 45 outros governantes até que, em 1258, uma invasão mongol pôs fim ao califato. O título continuou a existir de forma simbólica. Os egípcios tiveram um califa até 1517, quando foram conquistados pelos otomanos, que sustentaram o cargo até 1924. Em 1926, um congresso no Egito tentou nomear um novo califa, mas não conseguiu por falta de consenso.

Sultão

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A palavra vem do árabe sultan, ou “potência”, e é usada por qualquer um que detenha o poder. Os sultões governavam pequenos reinos que surgiram a partir do século XI, quando o califado começou a se fragmentar. Desde então, é usado pelos soberanos de todo o mundo islâmico. Hoje em dia, o título é utilizado pelos governantes de países como Omã e Brunei.

Paxá

O título de honra mais alto do Império Otomano. Surgiu no século 13 para designar os irmãos e os filhos do sultão, mas depois passou a ser concedido a militares, governadores de província e vizires. Os paxás continuaram a existir na Turquia até 1934 – dez anos depois do fim do império – e persistiram até 1952 no Egito, um antigo domínio otomano. Os turcos utilizam até hoje esse termo para se referir a uma pessoa de status superior.

Xeque

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O termo árabe shaykh, que significa “ancião”, pode ser usado por qualquer pessoa com alguma autoridade religiosa. Líderes de ordem, diretores de universidade, chefes de tribo e ulemás podem ser considerados xeques. O respeito e a autoridade religiosa do cargo são grandes fatores de status em países muçulmanos.

A palavra vem do persa xah, que significa “rei”, e desde o século VI a.C. designa líderes políticos da Pérsia, o atual Irã. Os governantes continuaram a ser chamados de xá mesmo depois de a região ser invadida pelos árabes no século VII e o título persistiu, com interrupções, até 1979, quando a revolução iraniana instituiu o governo do aiatolá.

Aiatolá

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Conceito que surgiu no século XIX no Irã para designar os juristas islâmicos mais renomados – o mais alto grau dentro da hierarquia dos mulá. O termo vem do árabe ayat allah (“manifestação de Deus”). Entre os xiitas, uma das correntes islâmicas, o aiatolá deve agir como fonte de referência para toda a comunidade e, para alguns, possui um poder equivalente ao do imã.

Imã

Um dos conceitos mais polêmicos do islamismo: varia de acordo com as seitas, com a região e com a mesquita. Para muitos grupos, é o nome dado a quem está coordenando a oração. Entre os sunitas, é conferido aos califas e, em outro sentido, a teólogos e outras figuras notáveis. Entre os xiitas, o imã é um iluminado que deve guiar todo o mundo islâmico em assuntos religiosos e seculares.

Mulá e Ulemá

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Os dois termos se referem a autoridades versadas no islamismo. São professores, teólogos e advogados conhecedores dos escritos sagrados. A diferença entre eles é que os mulá (do árabe mawla, “senhor chefe”) surgiram no Irã e são essencialmente xiitas, e os ulemá (de ulama, “os que possuem o conhecimento”) são sunitas.

Emir

Título laico atribuído a lideranças militares, governadores ou grandes autoridades. A palavra vem do árabe amir, que significa “comandante” ou “príncipe”. O título é usado hoje por líderes de países como Qatar e Bahrein. Os Emirados Árabes Unidos, apesar do nome, são governados por xeques.

Vizir

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O termo vem do árabe wazir e designa “aquele que ajuda a carregar um peso”. O cargo surgiu no século VIII e indicava o oficial que fazia a ligação entre o califa e os seus súditos – função parecida com a de um primeiro-ministro. Nos séculos seguintes, estendeu-se a membros de ministérios, oficiais e governadores. Para distinguir os tipos de vizir, a partir do século XV os otomanos chamavam o representante do califa de grão-vizir. O título deixou de existir em 1922, quando uma revolução no Império Otomano deu origem à república da Turquia.

Marajá e Rajá

Quando, no século XII, os muçulmanos invadiram o norte da Índia, encontraram lá pequenos Estados, chefiados por rajás (do sânscrito rajan, “rei”), reunidos em reinos sob o comando de marajás (“grandes reis”). Em algumas ocasiões, esses regentes foram depostos e o governo entregue a muçulmanos, que assumiram os títulos de rajá e marajá. Outros reinos foram mantidos com a condição de que os nativos pagassem tributos.

ja.lemos@abril.com.br

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