Existe alguma prova de que as geleiras já cobriram parte do Brasil?
Sim. Há indícios geológicos de que o Brasil foi invadido pelo gelo cinco vezes. Uma delas ocorreu há 300 milhões de anos e deixou marcas no interior de São Paulo. Na época, a arrumação dos continentes era outra e a região estava mais próxima do Pólo Sul. “Quando as geleiras avançaram”, explica o geólogo Antônio Carlos Rocha Campos, da Universidade de São Paulo, “carregaram sedimentos que arranharam profundamente as rochas que encontraram pela frente. Isso formou sulcos, além de arredondá-las”.
Há exemplos desse tipo de rocha na cidade de Salto. Elas recebem o nome de moutonnée por causa do perfil arredondado, semelhante a um carneiro deitado (mouton, em francês, significa carneiro). Em Itu existe um outro tipo de rocha, chamada varvito, que se formou quando a geleira começou a derreter e recuar. Ele surgiu onde existia um lago que foi sendo assoreado pela ação do gelo (veja os infográficos ao lado).
A pedra que entrou numa fria
Quando o gelo avançou, mudou o perfil das rochas.
1 – Ao se expandir pelo continente adentro, a geleira arrastou consigo sedimentos…
2 – … que escavaram sulcos na pedra e lhe deram forma arredondada.
3 – O moutonée, por exemplo, ficou com esta aparência desgastada.
Geleira trabalhou como tapa-buraco
Dois tipos de sedimentos eram depositados no fundo do lago.
1 – No verão, o gelo derretia e os pedaços de rocha solidificados junto com a água afundavam, formando uma camada de areia clara.
2 – No inverno, a superfície do lago congelava acalmando as águas. As partículas leves de argila, que flutuavam, iam para o fundo, gerando uma camada escura.
3 – O resultado foi uma rocha chamada varvito, formada por camadas de areia e argila.