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Ruínas de Grande Zimbábue: as minas que não eram de Salomão

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h16 - Publicado em 31 jan 1996, 22h00

Wanda Nestlehner

Quando foram descobertas, em 1871, as ruínas de Grande Zimbábue, na África, atraíram os caçadores de tesouros. Esses Indiana Jones acreditavam estar diante das lendárias minas do rei Salomão e quase destruíram o sítio arqueológico. Até hoje pesquisadores vasculham o que sobrou dos saques para decifrar a verdadeira história das construções. Suspeita-se que elas abrigaram a capital de um poderoso Estado, que chegou ao apogeu no século XIII e cuja decadência, 300 anos depois, pode ter sido conseqüência do descaso com a ecologia.

Embora sejam conhecidas há mais de um século, as ruínas de Grande Zimbábue, no sudeste da África, continuam desafiando os arqueólogos. O sofisticado conjunto de construções de pedra, estranhamente erguido no meio da savana, permanece quase tão enigmático quanto em 1871, quando foi descoberto. Naquele ano, chegou ao lugar um trio da pesada: o americano Adam Renders e o alemão George Phillips, caçadores de elefantes, e o geólogo Karl Mauch, também alemão. Os aventureiros acharam e levaram peças de ouro, relíquias perdidas para sempre. Mas isso não foi o pior. Karl Mauch (1837-1875), que também se considerava arqueólogo, espalhou a versão de que aquela era a cidade bíblica de Ofir, na qual o rei Salomão de Israel, considerado um dos principais dirigentes da história judaica, teria explorado ouro no século X a. C. A existência de Ofir nunca foi comprovada, mas a fantasia deu a largada a um saque que durou décadas. Não por acaso, quem ler As Minas de Salomão,do inglês Henry R. Haggard (1856-1925), deliciosamente traduzido por Eça de Queiroz, irá encontrar semelhanças entre seus personagens e a turma de saqueadores.

O rastro dos caça-níqueis foi seguido por pesquisadores suspeitos. Sobre a idade das construções deram vários palpites. Até 1932, quando a arqueóloga inglesa Gertrude Caton-Thompson (1889-1985) concluiu que Grande Zimbábue era de origem africana mesmo — não uma colônia do Oriente Médio –, e fora construída na época em que a Europa vivia a Idade Média. Na década de 1960, seus cálculos se confirmaram. A maioria das peças encontradas foi datada entre os séculos XI e XV. Resolvida essa questão, os cientistas tentam desvendar a história do lugar e o significado de sua estranha arquitetura (veja as próximas páginas). A maioria o define como o centro de um império comercial que se estendeu para além dos limites do atual Zimbábue. É que mais de 350 ruínas parecidas, porém menores, foram encontradas depois. O reino tinha ferro, um pouco de ouro, marfim e produzia belas cerâmicas coloridas, que exportava para os árabes. Alguns estimam a presença de até 20 000 habitantes na capital, vivendo da agricultura e da criação de animais. Por que esse povo teria abandonado a cidade é um mistério. “A pressão demográfica parece ter destruído o ambiente, expulsando o centro de poder para o norte e para o oeste”, disse à SUPER Ashton Sinamai, curador de Arqueologia do Monumento Nacional Grande Zimbábue.

Para saber mais

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The Prehistory of Southern Africa, J. Desmond Clark, Penguin Books, Harmondworth, Inglaterra, 1959.

NA INTERNET: wn.apc.org/mediatech/VRZ 10011.HTM

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Uma cultura avançada na África do século XIII

Casa do chefe

Grande Zimbábue tem cerca de 25 quilômetros quadrados nos quais se espalham vários cercados de pedra. O maior é circundado por uma muralha dupla de 270 metros em formato oval. Sua planta (acima) já foi interpretada como representação de um feto no útero. Acredita-se que era o palácio dos chefes, a corte de suas esposas ou uma escola de iniciação matrimonial.

Equilíbrio

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A apertada passagem leva às entranhas da muralha dupla. As pedras usadas na obra foram recolhidas em colinas de granito, abundantes na região. Elas eram simplesmente sobrepostas, sem o uso de qualquer material adesivo.

Monumento

Prédio inquietante, esta torre cônica tem 11 metros de altura e fica reclusa entre os grandes muros (veja planta acima). Como é maciça, sem entradas ou câmaras internas, sua função deve ter sido apenas simbólica, ligada às colheitas ou a ritos de fertilidade.

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Santuário

A 400 metros do grande cercado, numa colina, há um conjunto de recintos menores. Um deles (foto maior, à direita) pode ter sido o centro religioso do império. Seus portentosos muros têm 5,5 metros de espessura (ao lado).

Harmonia

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Em alguns pontos das ruínas, as obras do homem se confundem com as obras da natureza. Veja, ao lado, como as grandes rochas do lugar se integram harmoniosamente com a arquitetura.

Sentinelas

Oito pássaros estilizados, esculpidos em pedra sabão verde acinzentada, enfeitavam as muralhas externas do grande cercado. Com 33 centímetros, eles ficavam na ponta de pilares de 1 metro de altura, como que montando guarda

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