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Sherlock Holmes no Brasil? Entenda quem foi Rodolphe Reiss

Esse pioneiro da criminologia, que tinha fama de Holmes da vida real, introduziu o registro fotográfico das cenas de crimes e a coleta de digitais às investigações policiais brasileiras.

Por Eduardo Lima
Atualizado em 14 jun 2024, 17h09 - Publicado em 14 jun 2024, 16h04
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  • Rodolphe Archibald Reiss foi um pioneiro na criminologia. Esse químico suíço-alemão fundou a primeira escola de ciências forenses do mundo, na Universidade de Lausanne, e suas investigações na época da 1ª Guerra Mundial lhe renderam comparações a um personagem famoso da época: o detetive Sherlock Holmes.

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    Criado pelo escritor escocês Arthur Conan Doyle, Holmes utilizava o método científico e a lógica dedutiva em suas investigações e se tornou tão popular que algumas pessoas chegaram a acreditar que ele fosse uma pessoa real. O personagem, é claro, nunca existiu, mas os fãs de Reiss encontram nele um Holmes de carne e osso. 

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    Reiss visitou o Brasil em 1913, quando ele já era famoso. Convidado pelo então Secretário de Justiça de São Paulo, Sampaio Vidal, o criminologista passou três meses ensinando policiais paulistas a registrar as cenas dos crimes e usar fotografias nas apurações.

    O crime compensa (pelo menos para o investigador)

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    O Sherlock Holmes da vida real não veio para o Brasil só para curtir o clima e fumar seus charutos. Ele recebeu 40 mil libras pelos seus serviços, o que hoje, corrigindo pela inflação, seria uma bolada maior que 4 milhões de libras cerca de R$ 27 milhões. Eram décadas de salário por um trabalho de três meses.

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    Rudolphe Reiss
    (Universidade de Lausanne/Reprodução)

    Alguns imigrantes que chegaram no Brasil no início do século 20 montaram laboratórios clandestinos para falsificar moedas, cédulas de dinheiro e selos. Reiss também ensinou os criminalistas de São Paulo a prestar atenção e identificar esses golpes.

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    Desvendando crimes na Pauliceia desvairada

    Outra coisa que Reiss introduziu foi a coleta de impressões digitais. Ao observar a cena de um assassinato no bairro do Carandiru, na zona norte de São Paulo, o Sherlock Holmes da vida real logo percebeu que o crime tinha ocorrido após uma luta, com tentativa de estrangulamento.

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    Aqui, ele deu mais uma de suas lições para a polícia civil de São Paulo: preservar e isolar o local do crime, para  analisar tudo sem interferência externa. Reiss conseguiu ligar impressões digitais coletadas na cena a um homem que tinha discordado do assassinado em relação à venda de um animal. Bingo.

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    A maioria das investigações de Reiss no seu período com a polícia de São Paulo tinham a ver com imigrantes, especialmente europeus. Para Regina Celia de Sá, uma pesquisadora que abordou a vinda de Reiss a São Paulo em seu doutorado, isso tem a ver com racismo.

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    Em entrevista ao Jornal da USP, ela explicou que os poucos processos envolvendo brasileiros negros mostram como essas pessoas muitas vezes não tinham direito a defesa, sendo condenadas de cara. Se a polícia se dava ao trabalho de apurar um crime, provavelmente o autor era branco. 

    Depois que visitou o Brasil, Reiss foi chamado pela Sérvia para registrar, com sua câmera, os crimes de guerra cometidos pelo exército austro-húngaro na 1ª Guerra Mundial. Ele foi uma das primeiras pessoas a investigar atrocidades desse tipo com fotos e coletando depoimentos das vítimas. Não bastava ser o Sherlock Holmes, ele queria fazer um bico para o Tribunal de Haia, também. 

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