O biólogo americano Nick Fraser teve muita sorte. Encontrou uma enorme coleção de insetos e plantas que, por terem sido enterrados na lama, no fundo de um lago, ficaram mais de 200 milhões de anos preservados com perfeição. A falta de luz e de microorganismos no barro impediu a decomposição dos bichos e vegetais. São fósseis de besouros, gafanhotos e moscas datados como os mais antigos das suas categorias. Os vegetais mais importantes são ancestrais dos pinheiros, samambaias e palmeiras. A descoberta é entusiasmante porque a flora e a fauna atual começaram a surgir justamente naquela época, que corresponde ao Triássico. “O final desse período é decisivo para entender os ecossistemas modernos”, disse Fraser à SUPER. Até agora, se conheciam pouquíssimos fósseis de insetos com essa idade. Dava a impressão de que eram raros no Triássico. “É um engano”, aponta Fraser. “Essa coleção mostra que os besouros, os bichos mais comuns no planeta hoje, já eram abundantes há 22 milhões de anos, e bem, parecidos com os atuais”.