Um salto de 515 anos
O inglês Adrian Nicholas testa o pára-quedas projetado pelo gênio de Leonardo Da Vinci em 1485
O primeiro projeto conhecido de um pára-quedas foi rabiscado em 1485 pelo pintor e inventor italiano Leonardo da Vinci, no canto de um caderno de anotações. Ninguém acreditou que ele funcionasse até o inglês Adrian Nicholas tirar a prova dos nove saltando de um balão a 3 000 metros de altitude, em Mpumalanga, na África do Sul. O artefato é preso numa engenhoca de madeira, de 85 quilos, coberta por um pano grosso. Compare com um pára-quedas moderno, que pesa 1 quilo, e você terá uma idéia da ousadia. Nicholas está acostumado a saltar, é verdade, pois é considerado um dos maiores skydivers do mundo, detentor do recorde mundial de queda livre, com duração de 5 minutos. Mas até a engenheira que construiu o pára-quedas de Da Vinci, a sueca Katarina Ollikainem, duvidava da eficácia da coisa. “Ela achava que o pára-queda poderia virar de lado por não ter uma abertura na parte superior para escoar parte do ar”, disse Nicholas à SUPER. Mas a descida acabou sendo mais suave e mais lenta do que a dos pára-quedas modernos. A comparação foi feita na hora porque dois pára-quedistas pularam junto com o inglês radical. Mas Nicholas também soube evitar o risco: depois de descer 2 400 metros em 7,5 minutos, desvencilhou-se da pirâmide de pano e usou um pára-quedas de verdade para aterrissar. Agora ele quer fazer o salto completo com a geringonça de Da Vinci. Mas não há pressa, diz ele. “Demorou cinco séculos para aparecer um bobo capaz de testar a idéia de um gênio”, disse à SUPER. “Mais alguns meses não vão fazer diferença.”