Velha conhecida dos navegadores espanhóis desde o século XVI, a borracha só começou a ser usada no século XIX, inicialmente na Inglaterra e mais tarde nos Estados Unidos, para fabricar sapatos e botas. Mas logo os americanos rejeitaram esses calçados que no inverno ficavam rígidos e no verão, moles e deformados. Tornar a borracha inalterável às variações de temperatura foi o sonho da vida do jovem americano Charles Goodyear (1800-1860), que trabalhava ajudando o pai, um comerciante de máquinas, na cidade de New Haven. Obcecado pela idéia, ele a perseguiu consumindo a saúde e a pequena fortuna da família entre 1830 e 1839. Certo dia daquele ano, porém, Goodyear colocou acidentalmente um pedaço de borracha misturada com enxofre em cima do fogão quente da cozinha de sua casa. Surpreso, constatou que a mistura não derreteu, ficou apenas levemente chamuscada. Sua filha, que passava casualmente pela cozinha, percebeu no pai um ânimo incomum. “Vi quando ele tirou o pedaço de borracha do fogão e o levou para fora sob um frio intenso. Na manhã seguinte, o pedaço de borracha que dormira ao relento a baixíssima temperatura continuava tão flexível como no momento em que fora retirado do fogão no dia anterior.” Como tantas outras coisas, o processo de vulcanização da borracha, cujo significado naquele momento só o obstinado e jubiloso Goodyear podia antever, foi descoberto por acaso.