John Rawls: “A justiça é a primeira virtude das instituições sociais”
Como definir o que é justo? Para Rawls, a chave está no equilíbrio entre os interesses individuais
Abalado pela brutalidade das bombas atômicas da 2ª Guerra, onde lutou pelo exército americano, Rawls encontrou na filosofia sua maneira de mudar a sociedade. Ao longo de 20 anos, maturou as reflexões que resultariam no best-seller Uma Teoria da Justiça. No livro, o professor de Harvard defende que as instituições políticas devem ser justas e propõe experimentos mentais inovadores para definir o que é justo ou não.
Sua teoria parte de uma situação hipotética: um grupo de pessoas na “posição original”, ou seja, sem saber seu lugar na sociedade, definiria as novas regras. Esses indivíduos estariam encobertos pelo “véu da ignorância” e assim decidiriam o que é mais justo para todo mundo. E como ninguém queria sair prejudicado, escolheriam as regras mais imparciais.
A tese baseava-se em dois princípios caros: liberdade e igualdade. Casos de jogadores de futebol que ganham milhões eram considerados absurdos pelo pensador. Essa situação só era aceitável se o fato do jogador ser muito rico tornasse os miseráveis menos pobres. Para Rawls, não havia ligação direta entre ser bom em algo e merecer ganhar mais. Esse talento seria uma espécie de “loteria natural”, ou seja, seria injusto premiar o craque duas vezes.