Água , para não faltar nunca
O maior pólo industrial de Santa Catarina não quer correr o risco de ficar sem água, como muitas grandes cidades brasileiras. Por isso, está cuidando bem de suas nascentes.
Leandro Narloch, de Joinville, SC
Carlos Schneider não é o único preocupado com a situação dos mananciais de Joinville – e a ganhar um Prêmio Super Ecologia por isso. O rio Quiriri e os outros dois que abastecem a cidade (Piraí e Cubatão) também são protegidos pelo S Nascentes, um programa criado em 1997 pela prefeitura de Joinville em convênio com a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan).
O S Nascentes é um modelo para o Brasil pela forma como cuida dos recursos hídricos de Joinville, a maior cidade de Santa Catarina e uma potência industrial. O projeto atua em cinco frentes: saneamento rural, reflorestamento, fiscalização, educação ambiental e plano de manejo de duas Áreas de Proteção Ambiental (APAs). Pelo convênio com a Casan, tudo o que é gasto com água pela prefeitura é repassado ao programa. São 300 000 reais por ano, a maioria gasta com saneamento e reflorestamento.
“Instalamos 250 conjuntos de fossa e filtro anaeróbico nos últimos 12 meses, e 800 desde 1997”, diz Fernando Silva, chefe de Apoio Institucional do S Nascentes. Em 60% das casas que receberam o novo sistema, o esgoto caía direto no Quiriri.
Também está a caminho o manejo das APAs. O desafio é conciliar preservação com o sustento dos moradores, através de alternativas como o turismo ecológico e o cultivo do palmito. “O palmito não exige desmatamento para ser cultivado. Mas os moradores não têm recursos técnicos ou financeiros para cumprir a burocracia que a legislação exige para o cultivo”, diz Adriano Stimamiglio, engenheiro agrônomo que idealizou o S Nascentes.
A menina dos olhos do programa é o reflorestamento. Foram plantadas 14 000 mudas de espécies nativas em 2001, e 37 000 desde 1997, recompondo a vegetação à margem do Quiriri. Para isso, foi preciso montar o maior viveiro de Santa Catarina. As sementes são tiradas de plantas da própria mata, e o local de transplante obedece às características de cada uma das 35 espécies. Com tanto cuidado, o índice de perda no transplante caiu de 40% para 5% em quatro anos. Quase metade das espécies cultivadas é de árvores frutíferas (pitanga, ingá, fruta-do-conde), que alimentam os pássaros e peixes.
Os finalistas
A prefeitura de Joinville venceu uma outra cidade do Sul. Curitiba foi finalista da categoria Água com o Projeto Olho D’Água, um trabalho de monitoramento da qualidade dos rios cujo principal componente é a educação ambiental e o envolvimento da população, especialmente de estudantes. O outro finalista foi o Projeto Multiplicadores de Idéias, mantido pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) em escolas de vários municípios da Grande São Paulo. Trata-se também de um trabalho de educação ambiental, com ênfase na importância de preservar os recursos hídricos.