Leandro Steiw
Considerado extinto desde 1907, o australiano Chaeropus ecaudatus, ou bandicoot-pé-de-porco, é até hoje um marsupial polêmico. As divergências começam pelo nome científico do bichinho – que significa “pé-de-porco e sem rabo”. Depois do batismo, descobriu-se que o responsável pela classificação analisou um exemplar que havia perdido a cauda numa briga ou num ataque de predador (incluindo os aborígines, que usavam o rabo do bicho como ornamento, além de apreciarem a carne do animal). Na verdade, o Chaeropus ecaudatus tem o mais longo rabo de todos os bandicoots. A trapalhada só foi descoberta quando já não dava mais para mudar o nome.
Antes da chegada dos colonizadores europeus à Austrália, no século 18, os nativos costumavam queimar as pequenas áreas gramadas, que logo se regeneravam, resultando em comida fresca e abrigo para os bandicoots. Os europeus aboliram essa prática, mudando o habitat dos animais. A criação de gado e ovelhas na região também alterou as condições do solo. Embora os europeus tenham introduzido posteriormente gatos, raposas e coelhos – predadores não-naturais e adversários dos bandicoots –, a extinção do pé-de-porco é atribuída principalmente às modificações provocadas na flora.
O ecaudatus tinha entre 23 e 26 centímetros de comprimento, e sua cauda media entre 10 e 15 centímetros. O formato da cabeça se assemelhava ao dos demais bandicoots, mas as orelhas lembravam as dos coelhos. O diferencial, no entanto, estava nas patas, compridas e finas. Os “pés” dianteiros tinham dois “dedos”, com cascos semelhantes aos dos porcos (entendeu de onde veio seu nome popular?). Atrás, havia quatro “dedos” em cada pata. As estruturas dentárias e intestinais indicam que a dieta devia ser herbívora, embora nativos australianos contem que o pé-de-porco apreciava cupins, formigas e, eventualmente, carne.
Bandicoot-pé-de-porco
Nome científico: Chaeropus ecaudatus
Ano da extinção: 1907
Habitat: Austrália