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Para onde a gente vai depois que morre?

Como responder a mais difícil das perguntas para os seus filhos.

Por Marina Bessa
21 nov 2017, 17h30

Para o céu, para perto de Deus, de volta para a Terra ou para nenhum lugar: a vida acaba ali e a gente não se lembra mais de nada. A resposta que você deve dar para o seu filho é exatamente aquela em que você acredita.

A morte deve ser tratada da maneira mais simples possível”, diz Elaine Alves, do Laboratório de Estudos sobre a Morte da Faculdade de Psicologia da USP. Segundo ela, a criança precisa ser exposta ao tema da morte com anaturalidade a que é exposta ao nascimento. “Há pouco tempo, as crianças não sabiam de onde vinham os bebês, mas iam a velórios. Hoje é o contrário”, diz.”Os pais preservam tanto os filhos que acabam não preparando as crianças para viver essa realidade”, afirma.

O ideal é que a morte não seja tratada como tabu. Uma notícia na televisão ou o falecimento de um cachorrinho podem ser bons ganchos para falar sobre o tema – todos os seres vivos morrem. Da mesma forma, crianças devem participar de velórios e enterros. “Os rituais servem para que todos vivenciem melhor a despedida, inclusive os pequenos.”

Quando for comunicar a morte de alguém, pegue a criança no colo, abrace-apara que se sinta protegida e diga que aquela pessoa morreu e que vocês nunca mais a verão. Também vale dizer que, depois que morre, uma pessoa não sente dor, não sente medo, não pensa, não age mais. Evite as metáforas. Dizer que o ente querido foi descansar, dormir, viajar só aumenta as chances de a criança se sentir abandonada. “Não é cruel dizer `nunca mais¿. Cruel é deixar a criança esperando”, explica Elaine.

 

Como tocar no assunto, de acordo com cada idade

Até os 3 anos
A criança é concreta. Ela não tem ideia do que seja morte e também não entende o “nunca mais”. Mas entende que não brincará mais com a tia, ou que o avô não a buscará mais na escola. Também é capaz de perceber mudanças no clima e nas emoções da casa.

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3-7 anos
A criança começa a entender melhor sua relação com o mundo. Diga que apessoa que morre para de andar, de respirar, de visitar os netos. Quanto mais óbvias as afirmações dos pais, mais tranquilidade o pequeno terá.

7-9 anos
Nessa fase da vida, a criança começa a compreender a irreversibilidade da morte. Percebe que a morte é algo natural, mas precisará de explicações concretas para entendê-la.

A partir dos 10 anos
É comum o bombardeio de perguntas sobre a vida e a morte, e os pais precisam ter suas crenças amadurecidas para responder à altura. Fuja de tudo o que é fantasioso. Busque respostas na biologia ou na história das religiões, dizendo que cada cultura encontra sua forma de lidar com as perdas.

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5 razões para falar de morte com o seu filho

01. O período de crescimento é de fortalecimento emocional. Falar sobre as perdas ajuda a lidar com frustrações que o acompanharão por toda a vida.

02. O luto é o pior sentimento que a gente vai experimentar. Se não falamos com a criança sobre a morte, ela não vai ficar preparada para lidar com isso.

03. Quando não se fala a verdade para uma criança e ela a descobre por outras vias, há uma quebra no vínculo de confiança com o adulto: “você mentiu para mim”.

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04. Crianças que não entendem que falecidos não existem mais ficam em uma situação de risco. “Ela pode fazer coisas perigosas para encontrar quem morreu”, diz Elaine.

05. Demonstrar sua tristeza ajuda a criança a perceber que o que ela está sentindo é normal. Deixe sempre muito claro que ela não tem nenhuma culpa sobre aquilo.

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