Nos últimos meses, imagens de satélite captadas pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), em São Josédos Campos, mostraram cenas de arrepiar: nuvens de fumaça cobrindo mais de 2 milhões de quilômetros quadrados e múltiplos focos de incêndio no sul do Pará, norte de Mato Grosso e praticamente em todo o Estado de Rondônia. Só em agosto, cerca de 1 000 quilômetros quadrados de florestas foram queimados, em média, diariamente. Houve dias em que cada imagem do satélite americano NOAA-9 revelava de 3 a 4 mil focos de incêndio.
Calcula-se que as queimadas na região amazônica foram responsáveis pelo lançamento na atmosfera de pelo menos 2 bilhões de toneladas de dióxido de carbono, 40 milhões de toneladas de monóxido de carbono e 6 milhões de toneladas de poeira e fuligem – uma quantidade de poluentes equivalente à produzida pela cidade de São Paulo nos últimos setenta anos, segundo avalia o pesquisador Alberto Setzer, do INPE. As queimadas, comuns nessa época do ano, são provocadas por fazendeiros e colonos para limpar o solo antes de iniciar o plantio. Até o fim do ano, o fogo proposital vai destruir 200 mil quilômetros quadrados, uma área do tamanho do Paraná. Ninguém será punido por isso.