São 37 regiões selvagens no mundo, segundo estudo realizado por mais de 200 cientistas e liderado pela Conservação Internacional (veja localização no mapa na página 7). Essas áreas são importantes para o equilíbrio do planeta, principalmente, porque estão mais de 70% intocadas, ou seja, ainda possuem grande parte da vegetação original e de ecossistemas antigos inalterados. Excluindo as áreas ocupadas pelos grandes centros urbanos (que têm pouca natureza presente), essas áreas cobrem quase metade da superfície terrestre. É bom lembrar que área intacta não significa área protegida – vale examinar, em cada um desses capítulos, a baixa porcentagem de proteção em cada um dos biomas.
As regiões selvagens que ocupam o topo da lista das 37 são as áreas de florestas tropicais, onde estão os verdadeiros caldeirões de biodiversidade. O clima quente e úmido favorece a existência da vida. Essas áreas estão entre as dez mais significativas: Amazônia, florestas do Congo e a ilha de Nova Guiné, em ordem de importância. A Amazônia dispensa apresentações e é considerada o maior tesouro natural do planeta. As florestas do Congo e a ilha de Nova Guiné também são áreas tropicais riquíssimas, embora pouco divulgadas por aqui. Na seqüência, os cerrados e savanas de Miombo-Mopane e terras alagadas do delta do Okavango, os desertos norte-americanos, as matas boreais, a tundra, o deserto do Atacama, o Pantanal, a caatinga e a Antártida. Nesse conjunto destacado há uma variedade de biomas que representa os principais aspectos da natureza com relevo, clima, umidade e biodiversidade únicos.
O fato de algumas dessas áreas serem totalmente inóspitas também as inclui como selvagens. A Antártida, por exemplo, não tem um valor grande em biodiversidade, mas é um continente imprescindível para o equilíbrio do planeta – a maior parte do gelo de toda a Terra está lá e, se fosse derretido, haveria uma catástrofe. A baixíssima densidade demográfica também é um aspecto que torna esse pedaço selvagem – o mesmo ocorre com os locais de tundra, em que a vegetação está quase virando gelo e o inóspito deserto do Atacama, onde a adaptação da vida é bastante complicada.
Pantanal e caatinga também estão entre os principais. O primeiro, por ser a maior planície alagável do mundo. O segundo por ser um bioma exclusivamente brasileiro com riqueza de espécies adaptadas a um ambiente semi-árido.
A presença de três biomas brasileiros nesta edição mostra que nosso país é um campeão de megadiversidade, que eleva a América do Sul ao conceito de continente indispensável para o patrimônio vital do planeta.
Para entender melhor
BIODIVERSIDADE
Conjunto de todas as espécies de plantas, animais e seus ambientes naturais existentes numa determinada área. O Brasil é o país mais rico em biodiversidade do mundo.
ECOSSISTEMA
Composição de seres vivos (vegetais, animais e microorganismos) e o meio físico em que vivem.
BIOMA
Comunidade de ecossistemas associados a uma região com condições ambientais estáveis. É uma unidade de fácil identificação, pelo seu território e características próprias (dá para saber onde começa e termina) A caatinga, o Pantanal e a Amazônia são biomas, por exemplo.
DENSIDADE POPULACIONAL
É a relação entre o número de indivíduos que compõem a população e o espaço que ocupam. As regiões selvagens têm baixa densidade populacional, diferentemente das áreas urbanas.
ENDEMISMO
Fenômeno da distribuição de espécies exclusivas a uma região terrestre restrita. Quando dizemos que uma espécie é endêmica é porque não aparece em nenhum outro lugar. Esse valor é muito importante: se há uma pertubação ambiental que acaba com espécies endêmicas de uma região, o resultado é a extinção delas. Para sempre mesmo.
FACILIDADE DE ACES
Grau de facilidade para chegar e movimentar-se nos lugares que retratamos neste especial. Criamos esse valor com pesquisadores e aventureiros que já se embrenharam por lá.
PERFIL AMBIENTAL
Termômetro que indica medidas de biodiversidade, densidade populacional, endemismo e facilidade de acesso de cada região selvagem. As cores representam os seguintes graus: