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Reservas que não protegem

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h06 - Publicado em 9 dez 2004, 22h00

Thiago Lotufo

O cálculo é simples. E por isso mesmo revelador: 57 espécies de vertebrados ameaçadas no Brasil não estão protegidas. Isto é, ficam fora das áreas de proteção integral federais e estaduais (194 unidades de conservação, como parques, reservas e estações ecológicas). O número é da Conservação Internacional (CI), uma das mais respeitadas ONGs ambientais do mundo, e foi divulgado após dois anos de pesquisas na mata Atlântica. De acordo com a organização também, 14 espécies das 57 podem desaparecer em 50 anos se nada for feito para preservá-las. “Os animais excluídos do sistema de conservação ficam muito vulneráveis”, afirma o biólogo Adriano Paglia, um dos coordenadores do trabalho.

Para entender como a CI chegou aos dados basta acompanhar. No Brasil, segundo a União Mundial para a Natureza (IUCN), existem 227 espécies ameaçadas de vertebrados (mamíferos, aves, répteis e anfíbios). Destas, 145 (64%) ficam na mata Atlântica, um dos cinco ecossistemas mais ricos do mundo. A Conservação Internacional escolheu 104 espécies para analisar – todas consideradas endêmicas na mata Atlântica. Mapeou seus locais de ocorrência no país e montou um banco de dados que foi cruzado com mapas contendo as unidades de conservação. Feito isso, os pesquisadores constataram que mais da metade das espécies (as 57) fica fora dessas unidades. Entre elas, estão o olho-de-fogo-rendado, a saíra-apunhalada, o mico-leão-da-cara-dourada e o sauá-de-coimbra (veja quadro abaixo), quatro dos 14 animais que correm sério risco de extinção. “Nosso trabalho indica, entre outras coisas, que as áreas de preservação não foram criadas adequadamente”, diz Adriano. “Não levaram em conta os locais onde vivem as espécies que devem ser protegidas.”

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Quatro bichos e um destino

Ameaçados de desaparecer,esses animais vivem fora dasáreas de preservação

1. Sauá-de-coimbra-filho

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Tem nome pomposo, mas em Sergipe – seu principal local de ocorrência – é conhecido como Guigó, numa alusão ao barulho que emite

2. Mico-leão-da-cara-dourada

A cor da face e a vasta juba deram nome a esse primata que se alimenta de frutos e insetos e dorme em ocos das árvores

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3. Olho-de-fogo-rendado

Para se alimentar, a ave segue formigas carnívoras e captura os animais que fogem delas, como besouros e gafanhotos

4. Saíra-apunhalada

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É tão rara que o ornitólogo Helmut Sick, que passou a vida nas matas atrás de pássaros, conseguiu avistá-la uma única vez – em 1941

Fonte: Marcelo Cardoso de Souza, Sidnei Sampaio e Birdlife International

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