Como as grandes religiões se despedem dos mortos?
• Este é o 3º capítulo da série sobre rituais fúnebres. Em dezembro, veja como são os rituais pós-morte das religiões mais populares do mundo Judaísmo O corpo é preparado para o enterro por três pessoas treinadas que não sejam parentes do falecido: o corpo é lavado com panos e água morna e as unhas […]
• Este é o 3º capítulo da série sobre rituais fúnebres. Em dezembro, veja como são os rituais pós-morte das religiões mais populares do mundo
O corpo é preparado para o enterro por três pessoas treinadas que não sejam parentes do falecido: o corpo é lavado com panos e água morna e as unhas são bem limpas. Rosto e genitais ficam cobertos e os preparadores, ou shamashin , pedem desculpas ao morto pelo incômodo e fazem orações para cada parte do corpo
SOB PEDRAS
Depois da limpeza, veste-se no corpo uma mortalha de algodão ou linho, composta por calça fechada nos pés, uma camisa, um camisão e um cinto do próprio tecido. Pedras são colocadas sobre os olhos e a boca, para que o falecido não discuta com Deus a própria morte nem O veja antes do Juízo Final
PEITO RASGADO
No cortejo até a sepultura, os familiares têm as roupas rasgadas na altura do peito com uma tesoura. Quem faz o serviço é o comandante da cerimônia, que concede a bênção Baruch Dayan Emet (“Bendito Seja o Verdadeiro Juiz”), em sinal de que devem crer na justiça divina mesmo após a morte de um querido
O enterro acontece o mais rápido possível, em respeito ao falecido, e a mortalha fica aberta nos pés e na cabeça. Já perfumado com cânfora, o corpo é colocado no caixão com seu lado direito apoiado no fundo e com o rosto voltado para Meca. Versos do Alcorão são recitados ao fechar da cova
“Levai o falecido imediatamente, porque, se ele foi um bom homem, então vós estais a tomar-lhe as boas coisas, e, se ele não foi, então vós diminuireis o infortúnio de vossos ombros tão logo for possível.” Livro Sagrado dos Sunitas
• Com o fogo queimando a cabeça, uma das membranas que protegem o cérebro se desprende do crânio, causando o barulho característico da cerimônia de cremação
Salvo exceções, como é o caso de líderes religiosos, a maioria dos hindus é cremada. Leva-se o corpo até um crematório em uma padiola. Se o morto é chefe de família, seu primogênito faz o trajeto segurando uma tocha. Mulheres só comparecem à cremação se estiverem calmas – chorar no ritual não é bem-visto
RITUAL DO BARULHO
O corpo é colocado sobre uma pira de madeira ou palha e um sacerdote dá três voltas em torno do corpo – no sentido horário – espirrando água e óleo. A cremação começa pela cabeça, a “casa da alma”. Familiares e amigos assistem à cerimônia até ouvir um estouro, que simboliza a alma se soltando do corpo
SÓ O PÓ
Os corpos levam até dois dias para queimar. As cinzas do morto misturam-se aos resíduos de madeira ou de palha da pira, formando uma montanha de pó. Algumas famílias deixam as cinzas no crematório, enquanto outras pedem que os restos mortais sejam colocados em um pote antes de serem jogados num rio
Se o velório não for feito no cemitério, há um cortejo até lá. Alguns familiares e amigos carregam o caixão enquanto outros cantam ou rezam. Um líder religioso comanda o enterro, fazendo orações, dizendo palavras de consolo à família e discursando sobre o que significa a morte para o cristianismo
No enterro repete-se um ritual do velório: oferendas de alimento às divindades em sinal de desapego. Os budistas costumam cremar os mortos, mas quando há enterro o caixão não estampa a cruz . As crianças são levadas para as cerimônias fúnebres para se acostumar com a ideia da morte
A VOLTA DOS QUE NÃO FORAM
Antigamente, para evitar que alguém fosse enterrado vivo por engano, amarrava-se um barbante no pulso do defunto ligado a uma sineta. Se os coveiros ouvissem o badalo, salvariam o “morto”. Assim surgiu a expressão “salvo pelo gongo”
CONSULTORIA – Cecilia Ben David, coordenadora pedagógica do Centro de Cultura Judaica; Swami Krishna Priya Ananda, mestre espiritual da Sociedade Internacional Gita do Brasil; Cido Pereira, padre da Arquidiocese de São Paulo; Shake Juma, do Centro de Estudos e Divulgação do Islã; Centro de Estudos Budistas Bodisatva