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Como era a vida em um gueto?

O de Varsóvia foi o maior dos guetos criados pelos nazistas

Por Roberto Navarro
Atualizado em 22 fev 2024, 11h18 - Publicado em 18 abr 2011, 18h47

O dia a dia era barra-pesada. Os bairros europeus onde os judeus foram forçados a morar durante a Segunda Guerra eram imundos, lotados e cheios de doenças. Os moradores sofriam com a fome e o frio – faltavam agasalhos e combustível para cozinhar ou aquecer a população.

Os guetos ficaram tristemente famosos por conta dos nazistas, na década de 1940. Mas suas origens são bem mais antigas. Há registros de segregação forçada de judeus em 1280, no Marrocos. Durante os séculos 14 e 15, a prática se espalhou pela Europa, e só foi abolida 400 anos depois. Só que em 1939, logo depois da invasão da Polônia pelas tropas alemãs, o comando nazista determinou que todos os judeus nos territórios ocupados deveriam ser deportados para “áreas especiais” nas principais cidades dessas regiões.

No total, os nazistas estabeleceram cerca de 400 guetos, a maioria nos países invadidos na Europa Oriental, como Polônia, União Soviética, Checoslováquia, Romênia e Hungria entre 1939 e 1945. “Durante este período, viveram em guetos ou outras formas de moradia confinada entre 3,5 milhões e 4,5 milhões de judeus, em sua maioria poloneses e soviéticos. Em alguns guetos, além de judeus, viviam também grupos de ciganos”, afirma o historiador Peter Black, do Museu Memorial do Holocausto, nos Estados Unidos.

Não existem números confiáveis, mas grande parte dos habitantes dos guetos durante a Segunda Guerra foi morta em campos de extermínio. A dura realidade dos guetos você confere nestas páginas. Nesta recriação livre, reunimos características de vários guetos, especialmente do maior deles, o de Varsóvia, na Polônia.

Arquitetura da discriminação
No maior gueto – o de Varsóvia -, 450 mil pessoas viviam numa área de 3 km quadrados
(Alexandre Jubran/Mundo Estranho)

1. PIOR QUE PRISÃO
A maioria dos guetos era cercada por muros vigiados por guardas para controlar o entra-e-sai. Na capital da Polônia, Varsóvia, onde ficava o maior de todos os guetos, os muros tinham 3 metros de altura e eram reforçados com arame farpado para confinar 450 mil pessoas numa área de 3 km quadrados

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2. CULTURA CLANDESTINA
Os nazistas proibiam o funcionamento de escolas dentro dos guetos, mas em muitos deles foram criadas salas de aula clandestinas, escondidas em sótãos ou porões. Obras de arte feitas no gueto eram escondidas – se os nazistas pegassem, destruíam tudo

3. TRISTE ESTRELA
Em 1939, os nazistas obrigaram os judeus do gueto de Varsóvia a usar em suas roupas um distintivo amarelo com a estrela de Davi, para se diferenciarem dos outros habitantes da cidade. Nos anos seguintes, esse sistema de discriminação foi implantado em quase todos os outros guetos

4. RAÇÃO RACIONADA
A fome e a desnutrição eram constantes: as rações autorizadas pelos nazistas forneciam menos de 10% da comida necessária para alimentar os habitantes. O cardápio era sofrível: batatas (quase sempre poucas e podres), uma tigela diária de sopa aguada e uma bisnaga de pão por semana

5. BARRACÃO NAZISTA
A superpopulação transformou os guetos em favelões: famílias inteiras amontoavam-se num único aposento, dormindo em beliches de vários andares feitos às pressas. O espaço – que podia ser de apenas 2 m quadrados por pessoa – era banheiro, cozinha e quarto ao mesmo tempo

6. TRILHO DA MORTE
No terminal de trens do gueto de Varsóvia desembarcavam judeus obrigados a mudar-se para o local. De lá também partiam judeus para os campos de extermínio. Os nazistas decidiam o total de pessoas exterminadas, mas deixavam que os líderes judeus definissem quem seria embarcado

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7. LIXO E DOENÇAS
Epidemias espalhavam-se rapidamente, causando grande mortalidade – as doenças mais comuns eram disenteria, febre tifoide e tuberculose. Os alojamentos e refeitórios viviam infestados de ratos, pulgas, percevejos, moscas e mosquitos, piorando ainda mais os problemas de saúde

8. ZELADORIA DO CAOS
A administração do dia a dia do gueto era feita pelo judenrate, uma espécie de conselho de judeus que cuidava de atividades como serviços sanitários e distribuição de alimentos. A autonomia do judenrate era pequena: todas as ações tinham de ser aprovadas pelo comando nazista

9. MEMÓRIA DA DOR
Em muitos guetos, grupos judeus montavam arquivos secretos, registrando e armazenando diários e depoimentos que retratassem a vida das pessoas confinadas. Tudo isso servia como testemunho das atrocidades nazistas, dando aos moradores um sentido de comunidade e preservação histórica

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