Como era o treinamento de um guerreiro viking?
No combate corpo a corpo, os guerreiros davam preferência a morder o pescoço do inimigo até romper alguma artéria
Não tinha professor nem hierarquia. Hábeis no plantio, na pesca e na navegação, os vikings aprendiam a bater e a apanhar em casa – brigando com irmãos e primos – e nas invasões e saques que eles realizavam durante suas expedições navais, nos séculos 9 e 11. “Os vikings viviam espalhados pelo atual território ocupado por Dinamarca, Noruega e Suécia e demoraram mais do que o resto da Europa Ocidental para aceitar a fé cristã. Podiam ser pacíficos em casa, mas fora de seu território agiam com brutalidade”, afirma Rudolf Simek, historiador da Universidade de Bonn. No auge de seu poderio militar e comercial, invadiram a França e a Ucrânia, colonizaram a Islândia e territórios na Inglaterra, fizeram negócios em Bagdá, descobriram a Groenlândia e chegaram à América do Norte! Confira abaixo como era o treinamento.
Vocação de berço
Antes de andar, os bebês ganhavam espadas e machados de madeira para brincar. As crianças eram estimuladas a resolver os problemas no braço (sempre com um adulto por perto) e aprendiam a manejar armas em casa, com os pais e vários irmãos – frutos da sociedade poligâmica em que viviam.
A invasão
Durante as excursões a territórios inimigos, o ataque era tão importante quanto a retirada. O objetivo dos vikings não era matar, mas sim saquear a maior quantidade de bens possível – só morria quem tentava impedir. Os aprendizes viravam guerreiros conforme acumulavam expedições no currículo.
Lição de casa
Os adolescentes participavam das viagens de invasão para provar sua bravura, mesmo quando ainda mal conseguiam levantar a espada de seus pais (que chegava a pesar 30 kg). Era comum que eles ganhassem o direito a portar um machado se conseguissem arrebentar a cabeça de um inimigo.
Jogo sujo
Nas lutas, o viking era desleal. A espada costumava mirar as pernas, para imobilizar rapidamente o adversário, ou o pescoço. Caso fosse necessário o combate corpo a corpo, os guerreiros davam preferência a morder o pescoço do inimigo até romper alguma artéria.
O EQUIPAMENTO
Aparato era simples e eficiente para combates corpo a corpo e a longa distância
1) O ESCUDO: Tinha 75 cm de diâmetro. A espada era usada em golpes duplos: primeiro de um lado do inimigo, para desequilibrá-lo. Depois, no rosto ou na perna oposta.
2) O CAPACETE: Era feito de ferro, tinha formato cônico e proteção para o nariz. Os chifres não passam de uma lenda, criada para difundir a versão de que os vikings eram demoníacos.
3) O UNIFORME: Composto por uma cota de malha (alguns a trocavam por uma jaqueta de couro), uma túnica e um manto feitos de lã. O manto era preso por um broche de prata.
4) O MACHADO: Muitas vezes, o viking abandonava o escudo e lutava, a média distância, com espada e machado. Para atingir alguém ainda mais longe, usava a lança, mas sem abandonar o escudo.
HIERARQUIA ZERO
No exército viking não havia chefes nem subordinados
– Aprendiz: após brigar com irmãos e primos na infância, ingressa nas expedições de saque. Quem sobrevivia até os 20 anos certamente já tinha matado vários inimigos.
– Guerreiro: podia ser um profissional das expedições, um nobre ou um cidadão comum. No campo de batalha, todos se comportavam como iguais, sem privilégios.
– Capitão: muitas descobertas dos vikings foram por acaso – eles eram ótimos construtores de navios, mas ruins para se localizar no mar. O capitão era mais líder militar do que navegador.
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Fontes: Vikings: Voyagers of Discovery and Plunder, de R. Chartrand, Ian Heath, Mark Harrison e Keith Durham CONSULTORIA Rudolf Simek, historiador da Universidade de Bonn, e Mark Harrison, historiador e curador do museu Royal Armouries, em Londres.