Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Como era realizado o ritual do haraquiri?

Esse ritual japonês de suicídio era todo cercado por regras e cerimônias

Por Cíntia Cristina da Silva
Atualizado em 22 fev 2024, 11h09 - Publicado em 18 abr 2011, 18h51

Esse ritual japonês de suicídio era todo cercado por regras e cerimônias. Os grandes guerreiros que o realizavam se preparavam com banhos de purificação, escreviam poemas e até contavam com testemunhas. O ato visava, na maioria das vezes, reparar a honra do suicida, manchada, por exemplo, por alguma conduta indigna. Em japonês, o termo haraquiri significa algo como “cortar a barriga” e é uma formar vulgar de se referir ao seppuku (“cortar o ventre”), a expressão mais nobre para esse tipo de suicídio.

O ritual fazia parte do código de ética dos samurais, grandes guerreiros nipônicos do passado. No chamado período feudal, entre os séculos 12 e 19, o Japão foi governado por grandes proprietários de terras, conhecidos como daimiôs, que costumavam ter um exército particular, composto por samurais. Estes eram muito habilidosos com a espada, virtuosos e só podiam servir a um único daimiô na vida. Assim, não era incomum que, quando um mestre morresse, o samurai resolvesse segui-lo. “Um ditado samurai diz: ‘Perca a honra e a vida também estará perdida’. Além da honra, o seppuku era uma maneira de demonstrar a lealdade a seu senhor e acompanhá-lo no além-morte”, diz o especialista oriental na arte de espadas Jorge Kishikawa, fundador do Instituto Cultural Niten, em São Paulo.

O ritual podia ser feito no campo de batalha, para evitar a captura pelo exército inimigo, ou de forma mais cerimoniosa, com o suicida se preparando previamente para a morte. O primeiro seppuku de que se tem registro é do ano 1170, quando o samurai Minamoto Tametomo se suicidou atirando-se sobre sua própria espada, após a derrota para um clã rival. Já o último ritual famoso aconteceu em 1970 e foi feito pelo grande escritor japonês Yukio Mishima, três vezes indicado ao prêmio Nobel de literatura.

Continua após a publicidade

Mergulhe nessa

Na livraria:

Musashi, Eiji Yoshikawa e Leiko Gotoda, Estação Liberdade, 1999

Continua após a publicidade

Confissões de uma Máscara, Yukio Mishima, Companhia das Letras, 2004

Na internet:

https://www.niten.org.br/musashi

Continua após a publicidade

 

Só para samurais

Cerimônia de suicídio tinha banho, saquê, último poema e até golpe de misericórdia

1. O haraquiri, ou seppuku, começava com o samurai se preparando com um banho, que ele acreditava servir para purificar o corpo e a alma. O guerreiro convidava amigos e parentes para testemunhar sua morte e a reconquista da honra perdida e podia usar um traje especial, na cor branca, para simbolizar caráter íntegro e virtuoso

Continua após a publicidade

2. O local escolhido para a cerimônia podia ser o interior de uma casa, mas normalmente era a céu aberto, como em um jardim budista. O seppuku só não podia ser feito nos jardins de templos xintoístas, lugares sagrados que não deveriam ser profanados com a morte

3. O samurai se acomodava sentado sobre as pernas, escrevia o último poema numa mesinha de madeira e tomava o último saquê em dois goles. Depois posicionava a lâmina da espada no lado esquerdo do abdome e golpeava a si mesmo. Após o primeiro corte, os mais bravos traziam a espada até o centro do corpo e a levantavam, visando atingir o centro do abdome. Os japoneses acreditavam que ali se localizava a alma

4. Para se autogolpear, o guerreiro usava uma espada curta (de 30 a 60 centímetros) chamada wakizashi. Ele a empunhava segurando um lenço branco

Continua após a publicidade

5. O kaishakunin, “o segundo”, era um outro samurai muito habilidoso que acompanhava a cerimônia. Ele podia ser um amigo do suicida ou até um inimigo, que, em reconhecimento à bravura do rival, oferecia-se para acompanhar sua morte

6. A função do seppuku era infligir ao suicida um ferimento fatal e doloroso. Mas, como a morte às vezes levava horas, o kaishakunin podia dar um golpe de misericórdia para acabar com a vida do guerreiro, que já tinha provado sua coragem. O golpe único no pescoço precisava ser preciso, mantendo a cabeça presa ao corpo por um pedaço de pele. Fazer ela rolar pelo chão era considerado uma grande falta de respeito

Leia também:

– O que foi o Estupro de Nanquim?

– Como uma espada é forjada?

– Como era o treinamento de um samurai?

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.