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Como era um feudo na Idade Média?

Por Roberto Navarro
Atualizado em 22 fev 2024, 11h12 - Publicado em 18 abr 2011, 18h49
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As grandes propriedades rurais da época medieval eram divididas em três categorias de terras. A primeira – que englobava a maior parte do solo cultivável – era o chamado manso senhorial, onde tudo o que se produzia pertencia ao senhor feudal, o dono da fazenda. Os servos trabalhavam em todas as terras, mas só podiam tirar seu sustento dos minúsculos lotes que formavam a segunda categoria de terras, o manso servil. Por fim, os bosques, florestas e pântanos eram coletivos – ou quase isso: os animais maiores só podiam ser caçados pelos senhores. Apesar de costumarmos chamar esse tipo de propriedade de feudo, os especialistas alertam que esse não é o termo mais correto. “A palavra ‘feudo’, utilizada pela primeira vez no século 9, designava qualquer bem dado em troca de alguma outra coisa”, diz a historiadora Yone de Carvalho, da PUC de São Paulo. Portanto, na Idade Média, feudos eram todos os bens e tributos trocados entre nobres – incluindo aí as propriedades, que eram mais conhecidas como senhorios. Esse sistema de trocas regulava todas as relações entre os nobres medievais. Por exemplo, um nobre ganhava o título de senhor quando dava um pedaço das suas terras a outro nobre, chamado de vassalo. Esse vassalo, por sua vez, podia cobrar uma espécie de aluguel sobre seu moinho, tornando-se senhor também. Em resumo, o dono de um “feudo” – ou melhor, senhorio – obedecia a seu senhor, mas também tinha seus vassalos. Para facilitar, o “feudo” que retratamos ao lado é o mais simples possível, com apenas um dono e seus servos.

Mergulhe nessa

Na livraria:

O Feudalismo – Paulo Miceli, Atual, 1994

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Fazendão medieval Nobres viviam em castelo, enquanto os servos se espremiam numa vila para até 60 famílias

DEUS É FIEL

Embora a casa senhorial geralmente tivesse sua própria capela, uma pequena igreja era construída nas imediações da vila. Uma parte das plantações, conhecida como “acre de Deus”, era doada à Igreja pelo senhor feudal. Os servos dedicavam parte do seu tempo cultivando essas terras, além de repassar um décimo dos seus ganhos à paróquia

COZINHA EXTERNA

Geralmente, o forno era construído fora do castelo, para evitar incêndios. Era uma instalação grande, de pedra e tijolos, onde enormes espetos de ferro permitiam assar até mesmo um boi inteiro. Ao seu lado podiam existir prensas para produzir vinho, azeite ou farinha. Os servos pagavam uma taxa para usar essas instalações

CARROSSEL AGRÍCOLA

As plantações seguiam um sistema de rotação. Os campos aráveis eram divididos em três partes, mas, para não esgotar o solo, apenas duas eram cultivadas ao mesmo tempo. Depois da colheita, outra parte repousava e, assim, mantinha-se o cultivo ao longo do ano inteiro. Os servos passavam mais de metade da semana trabalhando nas terras do senhor ou da Igreja. No resto do tempo, eles cultivavam seus próprios lotes

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FLORESTA ENCANTADA

Além de fornecer madeira para lenha e construções, o bosque era usado para caçadas. A princípio, essa era uma área comum, embora os animais maiores só pudessem ser abatidos pelo senhor feudal. Aos servos restavam os coelhos e esquilos. A colheita de frutas silvestres, castanhas e mel era livre, mas muitos evitavam entrar nos bosques, temendo o ataque de bruxas e figuras maléficas

VIDA EM SOCIEDADE

Localizada perto das lavouras e de uma fonte de água (rio ou lago), a vila reunia de 10 a 60 famílias. Os casebres tinham apenas um cômodo, sem chaminé ou janelas. As paredes eram feitas de barro reforçado com palha e a cobertura, de sapê. Nos arredores, pequenas hortas forneciam frutas e legumes. A fauna contava com galinhas, além de gatos e cães sem dono

LAR, RICO LAR

Na forma de um castelo ou simplesmente de um casarão de pedra, a residência senhorial abrigava o senhor feudal, sua família, seus empregados e encarregados da administração da propriedade. Em épocas de conflito, também servia de quartel para suas tropas. Os senhores mais abonados tinham várias casas espalhadas ao longo das suas terras — alguns chegavam a ter centenas delas

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REI DO GADO

Tão importantes quanto as terras aráveis eram as campinas, onde pastavam os rebanhos de gado e ovelhas, além dos animais de carga e arado. Essas áreas podiam ser de uso comum, mas os cavalos e rebanhos do senhor feudal eram tratados pelos servos. Como não se produzia feno, muitos rebanhos eram dizimados durante os inversos mais rigorosos

EU BEBO SIM

Lagoas e riachos represados eram as fontes de água do senhorio, mas o medo de contaminação levava muitos a beber um tipo de cerveja da época. Parece justificativa de bêbado, mas não é. Primeiro, porque a cerveja era ruim e tinha baixo teor alcóolico. Segundo, porque era mesmo mais seguro que tomar a água medieval…

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