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Como o salmão consegue voltar ao lugar onde nasceu para procriar?

Por Yuri Vasconcelos
Atualizado em 22 fev 2024, 11h01 - Publicado em 18 abr 2011, 18h54

Os cientistas ainda não descobriram totalmente como funciona o incrível senso de orientação desses peixes, que conseguem nadar centenas ou milhares de quilômetros pelos oceanos antes de voltarem ao rio onde nasceram. Várias hipóteses já foram levantadas para explicar o fenômeno – como possíveis direcionamentos dados pelas correntes marítimas, pelas diferenças de temperatura da água e até mesmo pela incidência dos raios solares no trajeto percorrido por eles. Hoje em dia, porém, uma das teorias mais aceitas é a de que o salmão encontra o caminho de casa usando dois fatores: o magnetismo da Terra e o seu sistema olfativo. “Acreditamos que, quando ainda está no oceano, o salmão consegue se orientar por meio do campo magnético do planeta. Quando eles identificam o rio pelo qual alcançaram o mar, passam a usar o olfato até encontrar o curso d’água de origem”, afirma o biólogo Lyman Thorsteinson, do Centro Ocidental de Pesquisas em Peixes, em Seattle, nos Estados Unidos.

Isso só é possível porque o salmão é dotado de um sistema olfativo altamente desenvolvido, capaz de diferenciar o odor dos diferentes tipos de solo e de vegetação presentes nos rios. “Cada curso d’água possui características químicas únicas, que funcionam como uma impressão digital, e o salmão retém na memória a assinatura química do lugar onde nasceu”, diz o ictiólogo (especialista em peixes) Ricardo Macedo Correia e Castro, da Universidade de São Paulo (USP). É importante, porém, lembrar que o percurso de volta, contra a correnteza, é penoso e apenas uma pequena porcentagem dos peixes consegue atingir seu objetivo – e mesmo os poucos que conseguem procriar dificilmente retornam para o mar. A grande maioria dos heróicos sobreviventes dessa fantástica travessia morre onde nasceu.

Odisséia oceânica O peixe percorre milhares de quilômetros até retornar a seu local de origem

1 – Os primeiros 18 meses da vida de um salmão são passados no rio onde ele nasceu. Ao final desse período, quando o peixe completa seu ciclo juvenil, ele está pronto para iniciar sua longa jornada em direção ao mar

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2 – Antes de o peixe chegar ao oceano, seu metabolismo passa por alterações que evitarão sua desidratação em contato com a água salgada. Sua aparência também muda: ele perde peso e ganha uma cor cinza. Nesse período o peixe memoriza os odores do lugar onde nasceu. Os hormônios sexuais têm papel importante nessa sensibilidade olfativa

3 – No oceano, a centenas ou milhares de quilômetros de casa, ele utiliza um tipo de sensor capaz de orientá-lo por meio do campo magnético da Terra. Os especialistas ainda não desvendaram como funciona essa bússola interna

4 – Após quatro anos no mar, o salmão está pronto para a viagem de volta, mas antes passa por outras alterações. Enquanto os machos ganham uma cor avermelhada, as fêmeas permanecem cinzas, mas num tom mais escuro. As glândulas sexuais de ambos crescem até atingirem quase 50% do peso do peixe

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5 – Ao deixar o mar, o salmão se orienta por sua memória olfativa, lembrando-se dos cheiros que guardou no fim do período juvenil. Na água doce, ele não se alimenta mais e sobrevive só com as reservas de gordura acumuladas. Além de nadar contra a corrente, o peixe muitas vezes precisa escapar de ursos famintos

6 – Uma alta percentagem de salmões morre antes de chegar ao local onde nasceram para lá se reproduzirem. As fêmeas bem-sucedidas depositam seus ovos e os machos rapidamente os fertilizam, liberando sêmen na água

7 – Uma vez fecundados os ovos, as fêmeas montam guarda em torno deles, até suas reservas de alimento se esgotarem e elas morrerem. Os machos, por sua vez, continuam fertilizando ovos de outras fêmeas até que, extenuados, também acabam morrendo

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