O risco desse problema grave – chamado pelos médicos de eritroblastose fetal ou doença hemolítica perinatal – surge quando a mãe possui o fator sanguíneo Rh negativo e o feto, positivo. Nesse caso, se o sangue do bebê, por algum motivo, sair da placenta e entrar em contato com o organismo da mãe, ela passa a produzir anticorpos que destroem os glóbulos vermelhos do filho, podendo até provocar sua morte. Isso ocorre porque o fator Rh positivo do feto atua como antígeno (corpo estranho que estimula a produção de anticorpos), quando entra em contato com sangue de Rh negativo. “O corpo materno interpreta a presença do sangue do filho como um invasor, um mal a ser eliminado”, afirma o ginecologista e obstetra Renato Chaim, de São Paulo. Enquanto o bebê está na barriga, não é possível saber seu tipo de sangue. Por isso, é necessário um exame pré-natal para checar, de tempos em tempos, se a mãe ficou sensibilizada com o sangue incompatível do feto.
Nesse caso, existe uma vacina contra a doença – mas ela só pode ser aplicada no máximo 72 horas após o organismo da mãe ter detectado a invasão de sangue do filho. Durante a gravidez, tudo que vai para o feto – como nutrientes e oxigênio – passa pela placenta, mas os sangues nunca se misturam. Há situações, porém, que podem provocar sangramentos internos (veja o quadro ao lado). O maior risco está justamente no parto. “Caso haja a sensibilização e nenhum exame seja feito, a mãe desenvolverá os anticorpos, que ficarão guardados na memória de seu sistema imunológico. Para o bebê que acabou de nascer, não há nenhum problema. Mas, se a mesma mulher tiver um segundo bebê de Rh positivo, as chances de ele morrer dentro do útero são altíssimas”, diz Renato. Os anticorpos atacarão seus glóbulos vermelhos, liberando hemoglobinas que, depositadas nos órgãos do feto, causam sua destruição.
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