Como os EUA tomaram a freqüência da rádio iraquiana na guerra?
Não tem muito mistério. Nos primeiros dias da guerra, houve um certo espanto com a notícia de que os Estados Unidos estariam interceptando a emissora de rádio iraquiana para transmitir suas próprias mensagens à população do país árabe. Em vez da transmissão normal, os iraquianos escutaram uma mensagem que dizia: “Este é o dia pelo […]
Não tem muito mistério. Nos primeiros dias da guerra, houve um certo espanto com a notícia de que os Estados Unidos estariam interceptando a emissora de rádio iraquiana para transmitir suas próprias mensagens à população do país árabe. Em vez da transmissão normal, os iraquianos escutaram uma mensagem que dizia: “Este é o dia pelo qual todos esperavam”. Parece um feito impressionante, mas nem é preciso muita tecnologia para conseguir isso. “Para atrapalhar a recepção de uma emissora de rádio, basta transmitir na mesma freqüência que ela. Se o seu transmissor for mais forte que o da emissora original, você pode fazer com que os rádios sintonizem a sua mensagem, em lugar da emissora de sempre”, afirma o engenheiro Michel Daoud Yacoub, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Tudo vai depender também da distância que cada receptor está das antenas emissoras. Uma antena mais próxima leva vantagem, mesmo que emita um sinal mais fraco.
Os Estados Unidos usaram aviões para travar essa guerra de comunicação na região de Bagdá. Eles entravam em ação durante o horário nobre das rádios iraquianas, transmitindo música e mensagens tentando convencer a população local de que estavam invadindo o país para libertá-lo. A interferência no sinal de emissoras não é só assunto de guerra. Rádios clandestinas e até mesmo as oficiais podem “invadir” suas vizinhas de freqüência no dial, caso tenham antenas muitos próximas do ouvinte.
Avião-antena conseguiu encobrir os sinais da emissora local
1. A emissora iraquiana transmite em uma determinada freqüência para toda a cidade de Bagdá, com uma potência muito alta
2. Os americanos sobrevoaram Bagdá com seis velhos aviões de carga C-130 modificados. Cada um deles tinha uma antena na parte de baixo da fuselagem, que transmitia sinais na mesma freqüência da rádio iraquiana, só que em potência mais baixa
3. Perto de onde os aviões passavam, quem estivesse escutando a rádio iraquiana ouvia, por alguns instantes, a transmissão dos americanos. Mesmo com potência menor, ela era ouvida porque seus sinais estavam mais próximos do ouvinte