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E se a Primeira Guerra Mundial não tivesse acontecido?

O mundo estaria mais populoso, mais preconceituoso e com menos avanços na tecnologia.

Por Tiago Cordeiro
Atualizado em 19 ago 2024, 09h20 - Publicado em 21 ago 2014, 18h38

Os rumos da humanidade seriam outros se o arquiduque da Áustria Franz Ferdinand não tivesse sido assassinado em Sarajevo em 28 de junho de 1914.

Em primeiro lugar, a Segunda Guerra também não aconteceria, já que foram as penalidades da Primeira que deixaram a Alemanha na miséria – e abriram caminho para a ascensão de Adolf Hitler. E esses dois eventos foram tão marcantes no século 20 que praticamente influenciaram todos os aspectos sociais, culturais, econômicos e políticos do mundo. Ou seja: sua vida hoje seria bem diferente!

A paz é um problema

O mundo estaria mais populoso, mais preconceituoso e menos avançado

Cada um no seu canto

Sem os dois conflitos, cerca de 80 milhões de vidas teriam sido poupadas. O mundo estaria ainda mais populoso e, sem as consequências terríveis do nazismo expostas ao mundo, ainda haveria muitos simpatizantes da extrema direita conservadora. Resultado: mais racismo e menos imigrações tanto na Europa quanto no mundo.

Uma corrida devagar

Sem os altos investimentos em tecnologia durante os dois conflitos (e na Guerra Fria que se seguiu), os avanços científicos teriam acontecido mais lentamente. O foguete V-2 do exército alemão, por exemplo, acelerou a criação dos foguetes usados na Corrida Espacial. O homem provavelmente só chegaria à Lua mais tarde, já no século 21.

Menos, porém melhor

Outra consequência da superpopulação e do avanço científico lento: haveria menos comida para todos. Em um mundo com múltiplos polos de poder, o setor alimentício demoraria para ser industrializado, especialmente em países subdesenvolvidos. Mas seu prato teria mais alimentos frescos, produzidos localmente e com menos agrotóxicos.

Lugar de mulher é na cozinha

Se você é menina, diga adeus à carreira. Você provavelmente seria dona de casa, já que as mulheres só começaram a conquistar o mercado de trabalho quando os homens estavam no front de batalha. Sem os milhões de homens mortos nos conflitos, o feminismo e a revolução comportamental dos anos 1960 também não teriam rolado.

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Mozart bombando

Sem a ameaça das guerras e do nazismo, vários grandes artistas permaneceriam na Europa, que manteria sua supremacia cultural. A influência norte-americana (especialmente a de Hollywood) seria menor. Nossa cultura seria menos pop e muito mais erudita. Você estaria mais acostumado a ir a concertos do que a shows de rock.

Disputa de poder

A trajetória de diversos países também seria outra

EUA

Foram os grandes vencedores (e beneficiados) em ambos os conflitos. Depois deles, passaram a disputar a influência global com a URSS. Com a paz, viveríamos num mundo multipolar, onde a Alemanha e a Inglaterra também seriam potências (e rivais entre si).

Rússia

É provável que ainda se tornasse comunista – a população já estava insatisfeita com o czarismo antes da 1ª Guerra. Mas, como não teria conquistado a Europa Oriental após a 2ª Guerra, sua influência mundial seria menor e mais focada na Ásia.

Brasil

Sem a pressão dos EUA para aderir aos aliados na 2ª Guerra, o rumo que Getúlio Vargas começou a tomar em 1937 seria mantido, talvez dando início a uma longa tradição de ditaduras no país. Os fascistas da Ação Integralista teriam mais espaço.

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Alemanha

Sem a crise financeira após a 1ª Guerra, o país dificilmente apoiaria Adolf Hitler. É possível até que não se tornasse uma democracia. Os kaisers continuariam no poder. Não seria um caso isolado: é possível que os impérios Austro-Húngaro e Otomano ainda existissem.

Índia e Egito

Provavelmente, ambos ainda pertenceriam à Inglaterra. Assim como outras colônias, eles só conseguiram a independência depois que o país que os controlava havia sido enfraquecido pelas guerras. A Palestina não teria se tornado Israel.


FONTES The Sleepwalkers, de Christopher Clark; 1913: In Search of The World Before The Great War, de Charles Emmerson; The First World War, de John Keegan

CONSULTORIA Richard Lebow, professor de teoria política internacional do King’s College, de Londres, e autor de Archduke Franz Ferdinand Lives!: A World without World War I

PERGUNTA Thiago de Oliveira Figueiredo, Blumenau, SC

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