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Como seria um apocalipse zumbi no Brasil? Parte 1: Saúde

A ME conversou com especialistas para tentar imaginar, da maneira mais realista possível, como nosso país reagiria a um levante dos mortos-vivos

Por José Eduardo Coutelle
Atualizado em 22 fev 2024, 10h19 - Publicado em 3 dez 2016, 10h35

ILUSTRA Rainer Petter

 

ESSA É A PRIMEIRA PARTE DA MATÉRIA DE CAPA APOCALIPSE ZUMBI NO BRASIL. CONFIRA AS OUTRAS:
– Parte 2: Política
– Parte 3: Militares
– Parte 4: População Civil
– Parte 5: Fuga e Reconstrução

 

A ME conversou com especialistas, analisou relatórios de saúde e consultou centenas de estatísticas para tentar imaginar, com o máximo de verossimilhança, como seria um apocalipse morto-vivo no Brasil – desde o início inexplicável até o fim da nossa sociedade. Acredite: o terror é real.

 

1. O começo do fim

Onde começaria um apocalipse zumbi no Brasil? Nos livros que se dedicam ao assunto, quando há definição de um “paciente zero”, geralmente ele surge em polos urbanos com problemas de saneamento básico, sistema de saúde defasado e presença inconstante da supervisão do Estado. Nesse caso, a cidade do Rio de Janeiro poderia ser um bom (ou mau!) ponto de partida.

 

2. Saúde na UTI

Em junho de 2016, o governo do RJ teve que declarar estado de calamidade pública diante de um déficit previsto de R$ 19 bilhões. Só a Secretaria de Saúde acumulava dívida de R$ 1,4 bilhão. Hospitais como Adão Pereira Nunes, Albert Schweizer e Getúlio Vargas operavam em condições dramáticas, com o fechamento de emergências. Médicos e enfermeiros tinham salários atrasados.

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3. Ninguém notou

Sobrecarregada, a equipe de atendimento dos hospitais talvez não prestasse atenção num paciente com os primeiros sinais da infecção. Ou simplesmente o diagnosticasse erroneamente com um tipo de raiva. Afinal, a doença seria inédita – talvez, apenas com alguns relatos isolados descritos no exterior, ainda não documentados pela ciência.

 

4. Vírus importado

O Rio também tem potencial como “marco zero” da invasão porque é a segunda maior porta de entrada de turistas do Brasil. Foram 1,4 milhão em 2015. Alguns deles poderiam trazer o vírus para cá – nos aeroportos brasileiros, o isolamento de passageiros com suspeita de doenças contagiosas sempre foi raro. O último exemplo foi com o ebola, em 2014.

 

5. Infecção generalizada

Independentemente de onde começasse, a epidemia se espalharia com rapidez, porque a saúde no resto do Brasil também não está uma maravilha. O SUS opera no vermelho. Mais de 200 Santas Casas ou hospitais sem fins lucrativos fecharam recentemente, por causa das dívidas. Um estudo recente indicou que, nos últimos cinco anos, o país perdeu 24 mil leitos.

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6. Médicos para poucos

Logo, os hospitais estariam lotados de pacientes (ou vítimas de ataques). E provavelmente sem equipe o suficiente para atendê-los. Nos últimos cinco anos, o total de médicos no país cresceu, chegando a 432 mil (cerca de 2,11 por mil habitantes). Mas eles são mal distribuídos: 60% estão em apenas 39 cidades – aquelas com mais de 500 mil habitantes.

 

7. Só para comparar

O Aedes aegypti é conhecido há mais de um século, mas mesmo assim os casos de dengue no país subiram de 147 mil em 2005 para 1,6 milhão em 2015. Algumas análises estimaram que, quando surgiram os primeiros casos de chikungunya e zika, o governo demorou cinco meses para reagir. Se não vencemos um mosquito, que chance teríamos contra zumbis?

+ Confira a segunda parte desta matéria

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CONSULTORIA Rodrigo Stumpf Gonzalez, professor do Departamento de Ciência Política da UFRGS

FONTES Artigos A Crise e a Saúde Pública, de José Luiz Spigolon, As Medidas de Quarentena Humana na Saúde Pública: Aspectos Bioéticos, de Iris Almeida dos Santos e Wanderson Flor do Nascimento, You Can Run, You Can Hide: The Epidemiology and Statistical Mechanics of Zombies, de Alexander Alemi, Matthew Bierbaum, Christopher Myers e James Sethna; livros Guerra Mundial Z: Uma História Oral da Guerra dos Zumbis e O Guia de Sobrevivência a Zumbis, ambos de Max Brooks; documentários The Truth Behind Zombies, do National Geographic, e Zombies: A Living History, do History Channel; relatórios Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio 2012 e Atlas da Violência 2016, ambos do Ipea, Execução Orçamentária, do Ministério da Defesa, Small Arms Holdings in Brazil: Toward a Comprehensive Mapping of Guns and Their Owners, de Pablo Dreyfus e Marcelo de Sousa Nascimento; sites IBGE, CNT, Denatran, Conselho Federal de Medicina, Abraciclo, Centers of Disease Control, Military Power, Global Firepower, Zombie Research Society e Defesa Net

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